Foto: TV Brasil/Divulgação |
A última edição inédita da temporada do programa Trilha de Letras, produção literária da TV Brasil, recebe o medievalista franco-italiano Emanuele Arioli para uma entrevista exclusiva com a apresentadora Eliana Alves Cruz nesta quarta (27), às 23h.
O convidado descobriu uma lenda perdida sobre os cavaleiros da Távola Redonda. Durante a conversa, o escritor aborda sua pesquisa para reunir os manuscritos sobre a história de Segurant, um bravo cavaleiro medieval da época do Rei Artur. Emanuele Arioli lê um trecho da obra no decorrer da atração.
O conteúdo fica disponível em formato podcast nas plataformas digitais. O papo ainda pode ser acompanhado no app TV Brasil Play e no canal do YouTube da emissora pública. Gravado na BiblioMaison, o programa também tem transmissão na Rádio MEC no mesmo dia, mais tarde, às 23h30.
Na entrevista, Emanuele Arioli faz a reconstituição da saga de Segurant. Ele destaca a história do personagem enfeitiçado por duas bruxas na trama. O cavaleiro parte em busca de um dragão que, na verdade, só existe na imaginação dele.
"A originalidade do romance é de ter inventado uma busca impossível já que o dragão de Segurant não tem corpo, é puro espírito. O cavaleiro não pode pegar o dragão que, então, foge. É uma metáfora da vida", sugere o medievalista.
O pesquisador lançou o resultado desse trabalho no Brasil em três formatos: o romance "Segurant, o cavaleiro do dragão", a HQ infantojuvenil com o mesmo título e a versão em graphic novel publicada como "O cavaleiro do dragão".
No quadro "Dando a Letra", espaço do Trilha de Letras com sugestões de leituras, o booktuber Leandro Nogueira indica a HQ "Talco de Vidro", obra com roteiro e desenho de Marcello Quintanilha. Com uma trama envolvente, o thriller psicológico aborda uma crise existencial que se torna obsessão. A história revela o cotidiano infeliz de uma dentista bem-sucedida. Ela vive ressentida pela inveja do sorriso da prima humilde que esbanja alegria na fisionomia.
Poder da literatura inspira sucessos literários
Emanuele Arioli ressalta o pioneirismo da obra sobre Segurant. "O romance antecipa 'Dom Quixote' porque três séculos antes do clássico temos um personagem que segue seres imaginários. 'Dom Quixote' é a história de um nobre que se imagina cavaleiro porque lê muitos romances. É um livro sobre o poder da literatura. Se fala que é o primeiro romance moderno", enfatiza na entrevista para Eliana Alves Cruz.
O convidado explica que esse tipo de publicação influenciou sagas como "Senhor dos Anéis" e "Harry Potter", grandes sucessos das últimas décadas, com diversas sequências. "Os autores de hoje da literatura se inspiram muito nas lendas medievais. Se pensarmos em Tolkien e J. K. Rowling, por exemplo, eles estudaram essa literatura medieval. É uma fonte importante", afirma.
Durante a produção, Emanuele Arioli também indica o porquê desses conteúdos ganharem tantos fãs. "Acho que hoje essas lendas nos fascinam porque precisamos encantar o mundo contemporâneo. Precisamos de magia. Na Idade Média, encontramos esses temas que nos levam longe, num mundo de fantasia, distante do mundo real. Isso explica o sucesso que têm essas séries", pondera o escritor.
Pesquisa para decifrar manuscritos
O convidado de Eliana Alves Cruz conta que levou dez anos para encontrar as informações sobre essa lenda perdida do ciclo arturiano. A procura por mais textos que completassem o quebra-cabeça sobre quem era Segurant fez o entrevistado percorrer várias bibliotecas da Europa, decifrando manuscritos.
"Quando abrimos um manuscrito da Idade Média não sabemos muito bem o que vamos encontrar. Geralmente são cópias de cópias de cópias. Num mesmo manuscrito podem ter várias histórias", esclarece Emanuele Arioli na atração original apresentada na programação da TV Brasil.
Ele revela uma curiosidade sobre os documentos. "Não haviam só as profecias de Merlim, uma obra já conhecida, mas também a lenda de Segurant, um cavaleiro desconhecido da história do Rei Artur. A trajetória desse valoroso guerreiro que vai à corte participar de um torneio para se converter no melhor cavaleiro do mundo. E o manuscrito para no meio de uma frase...", recorda.
Emanuele Arioli comenta esse processo de apuração minuciosa para completar a odisseia. "Comecei essa pesquisa na Europa por dez anos procurando as partes que faltavam dessa lenda. Viajei por vários países e consegui juntar 28 manuscritos com trechos. Nenhum é completo, mas juntando as partes, consegui resgatar esse romance desconhecido do século 13", finaliza.
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