Governo quis passar mensagem de que 'ninguém sairá perdendo' com pacote, diz Jefferson Bittencourt, da ASA, no CNN Entrevistas

Para Bittencourt, isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000 serve para “angariar mais simpatizantes desonerando um segmento que está longe de ser desprotegido” (foto: Divulgação/CNN Brasil)

A principal estratégia do governo ao combinar o anúncio dos cortes para a meta fiscal com a isenção de IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000 era a de passar a mensagem de que "ninguém sairá perdendo", na avaliação do ex-secretário do Tesouro Nacional e head de Macroeconomia do ASA, Jeferson Bittencourt. O economista conversou com a âncora Débora Oliveira e o analista Victor Irajá no estúdio da CNN Brasil em São Paulo, para o CNN Entrevistas desta semana, que vai ao ar neste sábado (30), às 21h.
 
Bittencourt afirma que, diferentemente de uma medida como o aumento do Bolsa Família, destinada a um público vulnerável, um benefício para trabalhadores formais com salário fixo de R$ 4.900 atende ao propósito político de “angariar mais simpatizantes desonerando um segmento que está longe de ser desprotegido”. O economista criticou as distorções do sistema tributário brasileiro, no qual trabalhadores formais pagam uma alíquota de 27,5% de IR, enquanto segmentos de alta renda têm acesso a isenções fiscais com tributação de 5% a 10%.

O head de macroeconomia do ASA Investments manifestou ceticismo quanto à aprovação do pacote fiscal no Congresso, sobretudo por conta da proposta de aumentar a tributação sobre os mais ricos. Bittencourt vê chances de o governo levar a disputa ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O economista alertou para um aumento substancial da dívida brasileira, que deve crescer de 71,7% do PIB em 2022 para mais de 84% em 2026. “Tivemos na pandemia uma relação dívida-PIB que superou 80% e recuou no ano seguinte. A gente vai chegar a um patamar de dívida de pandemia sem pandemia”, diz. O ex-secretário expressou preocupação com o impacto da elevação na solvência do Brasil e nas decisões do Banco Central para conter a inflação por meio de alta na taxa básica de juros e outras medidas de política monetária.

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