Afirmar e celebrar a vida sexual da pessoa com deficiência. Esse é o propósito de ''Transo'', com coprodução do Canal Futura e do late For Cake, uma das primeiras obras brasileiras a abordar o tema, que foi indicado ao Emmy Internacional 2024 pela Academia Internacional de Artes e Ciências da Televisão, na categoria Documentário. Também estão na disputa da premiação produções da França (‘L’affaire Bettencourt : Scandale chez la femme la plus riche du monde’), do Reino Unido (‘Otto Baxter: Not a F**ing Horror Story’) e de Singapura (‘The Exiles’). Ao todo, foram 56 indicados, de 21 países, em 14 categorias. Os vencedores da 52ª edição do Emmy Internacional serão conhecidos no dia 25 de novembro na cerimônia de Gala do prêmio, em Nova York.
O filme parte de uma afirmação: pessoas com deficiência sentem prazer, falam sobre sexo e querem transar. Com cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, o documentário quebra tabus e explora a vida sexual de 12 participantes. Ao longo de cerca de 75 minutos, o filme reúne depoimentos de brasileiros de diferentes lugares do país, retratando a pluralidade da sexualidade das pessoas com deficiência. A direção é de Lucca Messer em colaboração com a produtora e consultora Mona Rikumbi, já o roteiro é de Lucca Messer e Mariana Goulart.
“Estamos extremamente felizes com a nomeação ao Emmy! Espero que essa conquista impulsione o TRANSO mundo afora. Este projeto teve início em 2018, após uma conversa com a consultora, coprodutora e participante do documentário, Mona Rikumbi. Desde então, foram anos de pesquisa aprofundada. Espero que o filme, assim como todo o trabalho transmídia que estamos desenvolvendo, possa reafirmar a vida sexual das pessoas com deficiência. Acredito que o primeiro passo para desconstruir qualquer tabu em nossa sociedade é a representatividade. Se começarmos a ver pessoas com deficiência em relacionamentos nas novelas, em campanhas do Dia dos Namorados, e assumindo papéis de protagonismo no cinema, o tabu começará a se desfazer”, destaca Lucca Messer, diretor e roteirista do documentário.
Sem pudor, censura ou vergonha, os depoimentos dos participantes falam de intimidades, masturbação, brinquedos eróticos, preferências e confirmam o que muitos acreditam não existir: pessoas com deficiência sentem prazer e têm vida sexual intensa. Os participantes afirmam que nunca abriram mão de viver tudo aquilo que o sexo permite. "Transo é impactante. Foi uma produção instigante, reveladora, de quebra de paradigma e de muito aprendizado. É impossível sair dessa experiência sem ser tocado pela potência desse documentário”, revela André Libonati, líder de produção de conteúdo do Futura e produtor do filme.
Entre as pessoas acompanhadas pela obra, está a cadeirante Mona Rikumbi, que também é consultora e coprodutora da obra. Ela fez história sendo a primeira mulher negra cadeirante a dançar no Theatro Municipal de São Paulo e participou da construção do movimento negro no país. Siana Leão Guajajara, ativista indígena e defensora dos direitos das pessoas com deficiência, também participa reforçando a intenção do documentário em derrubar mais uma camada de invisibilidade e exclusão da sociedade quando se fala em indígenas com deficiência. O influenciador cego Fernando Campos é um dos entrevistados e, ao combater o capacitismo entre os deficientes visuais, trata a vida sexual com naturalidade, como deve ser.
Para Deca Farroco, Superintendente de Projetos da Fundação Roberto Marinho, a indicação é um reconhecimento aos quase 30 anos de trajetória de um canal que trabalha de forma muito participativa e colaborativa. “O ‘Transo’ é um documentário muito sensível que aborda a sexualidade das pessoas com deficiência e as trata em toda a sua diversidade, mas também em sua integralidade, não olhando a partir de sua deficiência, mas como pessoas que sentem, desejam e são desejadas. Esperamos que o tema chegue a mais pessoas, contaminando as rodas de conversa, e que nos faça refletir sobre a existência das pessoas com deficiência e nas interações que elas têm no mundo. Estamos torcendo que esse prêmio aconteça”, conta Deca.
Além de TRANSO, a Globo também concorre na categoria Melhor Ator, com Julio Andrade, pela performance na série ‘Betinho: No Fio da Navalha', Original Globoplay. Ao todo, neste ano, são quatro indicações do Grupo ao Emmy Internacional: RJ2 e GloboNews foram indicados na categoria “Notícias” do Emmy Internacional de Jornalismo com a reportagem sobre bônus secretos na Câmara de Vereadores do Rio; e a GloboNews disputa na categoria “Atualidades” com o documentário 'Evel, Hazin - Dias de Luto'.
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