'Portas Fechadas' traz entrevistas inéditas sobre os bastidores do poder que levaram a Varig à falência

Foto: Anna Maron

Em agosto de 2010, foi decretada a falência da Varig. Até hoje, ex-funcionários tentam receber o pagamento das dívidas trabalhistas, enquanto outros personagens que fizeram parte da história da empresa procuram manter viva a memória e o legado da marca. Considerada a primeira companhia área do Brasil a realizar voos de passageiros, a história da Varig teve quase 100 anos e carrega muitas dores, conflitos de interesses, planos econômicos mal organizados e turbulentas crises financeiras. O que ocasionou o fim da empresa? Essa e outras perguntas são respondidas no 'Portas Fechadas', novo podcast da Globo que estreia nesta segunda (16) na globo.com/podcasts e nas plataformas de áudio. O projeto é idealizado e apresentado pela jornalista especializada em negócios Letícia Toledo, que traz entrevistas inéditas e narra os principais eventos e bastidores do período, sendo um aliado também para quem se interessa por gestão. “Queremos falar também com quem quer entender mais sobre o ambiente de negócios do Brasil. Ajudando a prevenir possíveis perdas e erros no processo de crescimento e solidificação de uma organização”, revela a apresentadora.   
 
A produção do podcast ganhou corpo em março deste ano, mas o processo de apuração e pesquisa começou em novembro de 2023. “Foram dias e noites dedicados à história da Varig. Entrevistamos pessoas que já foram da companhia e que lá trabalharam durante décadas, especialistas em aviação, políticos ligados à empresa na época, familiares dos presidentes da companhia, entre outros personagens indispensáveis”, conta a apresentadora. No total, foram 50 entrevistados e mais de 85 horas de áudios gravados. ''Conseguimos trazer a visão de todas as pessoas envolvidas, abordamos o que fez a empresa ter sucesso e o que fez ela quebrar'', diz.   
 
Entre os entrevistados estão nomes como Gianfranco Beting, conhecido como “Panda Beting”, escritor e consultor aeronáutico internacional; David Zylbersztajn, engenheiro mecânico e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, e Lito Sousa, youtuber e especialista em aviação Brasileira. “Cada entrevistado apresenta uma visão muito particular do que ocorreu com a Varig. O Panda Beting oferece uma perspectiva mais especializada, enquanto o Lito trabalhou na empresa nos anos 90 como mecânico de solo, o que lhe confere uma visão mais apurada. Por fim, o David foi o responsável por entrar com o pedido de processo de recuperação judicial da companhia, uma figura muito importante no processo, sendo visto como a última esperança de salvar a Varig”, explica Letícia.   
 
Sobre os dois primeiros episódios
 
A série em áudio inicia contando a história de Otto Meyer, um jovem imigrante alemão que fundou a Varig em 1927, no Rio Grande do Sul. Em um clima de aventura e descoberta, a obra aborda como ele construiu conexões políticas que levaram a empresa a uma posição de destaque na economia, além das diversas técnicas de marketing. Já o segundo episódio, explora a saída do fundador e mostra como Ruben Berta, o primeiro funcionário da empresa, se tornou o presidente mais reverenciado da história. Responsável por assumir o controle da empresa aérea regional, Berta transformou a Varig em uma das mais importantes do país. No entanto, a engenharia desse processo cria uma fundação dos funcionários, que passa a ser a verdadeira dona da empresa.   
 
Com uma linguagem envolvente e acessível, o podcast traz uma cronologia dos fatos e ilumina a trajetória das pessoas que fizeram parte da companhia. “A série em áudio traz um retrato histórico da construção das empresas no Brasil. Durante a produção, fomos até os estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, dois lugares icônicos onde a Varig teve seus escritórios. Há também um local onde um grupo de ex-funcionários mantém uma parte da operação no Rio de Janeiro, mas isso será abordado em detalhes ao longo dos episódios. Ou seja, trazemos notícias quentes da época e diversos fatos que ninguém analisou. Temos muitas histórias de sucesso no mercado, mas precisamos falar também sobre o que deu errado”, destaca a criadora do projeto.   
 
Disponível na globo.com/podcasts e nas plataformas de áudio, ‘Portas Fechadas’ tem seis episódios, com novas publicações às segundas-feiras e quartas-feiras. É idealizado e apresentado por Letícia Toledo, conta com a direção de Cris Dias e chefia de roteiro e pesquisa de Alexandre Marom, ambos da Ampère.
   
Entrevista com Letícia Toledo, jornalista e apresentadora do podcast ‘Portas Fechadas’:   
   
1 - Qual é o público-alvo do podcast e o que você acha que mais vai surpreender os ouvintes?   
Letícia Toledo: O podcast não é apenas para CEO’s e líderes, visamos falar também com quem quer entender mais sobre o ambiente de negócios do Brasil. Ajudando a prevenir possíveis perdas e erros no processo de crescimento e solidificação de uma organização. O projeto é humano e revisita a história de muitas pessoas que fizeram parte da empresa, é sobre gerar conexões. Os ouvintes vão se surpreender com um conteúdo bem profundo e com fatos que nunca foram analisados.   
   
2 - Tem algum momento da narrativa que você destaque como ponto auge da história?   
Letícia Toledo: No projeto, trouxemos informações inéditas sobre os bastidores do poder. No aspecto de política, temos muitas pessoas que estavam envolvidas durante a gestão do Fernando Henrique Cardoso e que falaram coisas que comprometeram o futuro da Varig. Além disso, conversamos com várias famílias de ex-funcionários que foram desamparadas e acabaram sendo impactadas nos últimos anos. Também trazemos curiosidades da Vila Varig, um bairro que se mantém até hoje por conta do principal presidente que a companhia já teve, Ruben Berta.   
   
3 - Quais foram os desafios durante o processo de pesquisa e produção do podcast?   
Letícia Toledo: São quase 100 anos de história, então revisitar tudo isso foi realmente um grande desafio. Buscamos sempre ter em mente que empresas são feitas de pessoas. Com isso, fomos atrás de várias camadas, desde o presidente até o funcionário que estava no dia a dia lidando com os passageiros. Foram essas pessoas que nos ajudaram a entender o que aconteceu com a empresa, tanto no início quanto nos episódios finais.

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