No Traz a Pipoca, Fabio Assunção revela conselho recebido de Fernanda Montenegro para trabalho em 'Motel Destino'

O diretor Karim Aïnouz e o ator Fabio Assunção na gravação do Traz a Pipoca. Foto: José Bismarck/Telecine

Karim Aïnouz e Fabio Assunção são os convidados do novo episódio do Traz a Pipoca, podcast de cinema do Telecine, em que falaram sobre a parceria em 'Motel Destino', filme que disputou a Palma de Ouro em Cannes e agora está em cartaz nos cinemas brasileiros. No papo com Moisés Liporage e Bruna Scot, Assunção revelou ter recebido conselhos de ninguém menos que Fernanda Montenegro para lidar com as dificuldades de interpretar Elias, seu personagem na trama, um homem branco, do sudeste, que reproduz comportamentos tóxicos com a companheira nordestina. O episódio já está disponível e pode ser ouvido no YouTube do Telecine, Globoplay e nas principais plataformas de áudio.

"De vez em quando, eu troco mensagens com a Fernanda Montenegro. E, no começo das gravações, eu conversei com ela sobre como conduzir esse personagem [Elias]. Ela disse: ‘Assuma. Assuma que você é um homem branco e trate isso como reparação histórica. Exponha sem medo, porque está sob o manto da arte, do cinema, que é um espaço de resistência e que mostra a identidade do Brasil’. E ela está certa. Porque isso [o preconceito contra o nordestino] existe, e muito. Ainda que a gente esteja no processo de uma mudança intelectual quanto ao nosso processo civilizatório, a parte emocional é muito mais lenta. A reparação, a exposição dessa relação [do sudestino com o nordestino], o abismo de preconceito, tudo isso é mais uma porrada nas pessoas que não estão dispostas a pensar sobre o assunto”, disse o ator.

Segundo Aïnouz, Elias, personagem interpretado por Assunção, foi concebido inicialmente para ter origem nordestina, mas o roteiro precisou passar por alterações depois que o ator aceitou o papel — o que, para o diretor, deixou o filme ainda melhor. “Há uma tradição de que o nordestino é um sub-humano e o sudestino um super-humano. Depois da mudança no roteiro, o personagem passou a ser sudestino e o filme ganhou mais fricção, tensão e energia, porque quanto mais oposição se cria, mais interessante é o conflito. E a nossa vida, enquanto contamos histórias, é de conflito. É a base de tudo”, refletiu Aïnouz.

Em tom bem humorado, o diretor e o ator falaram também sobre a experiência de trabalharem juntos, o que Assunção revelou ter sido a realização de um sonho. "Teve uma época em que eu queria muito trabalhar com o Karim, aí comentei sobre isso com um amigo, que me aconselhou a ligar e me apresentar para o Karim. Aí eu liguei, saímos para almoçar e eu falei para o Karim que queria trabalhar com ele. E foi só isso, não rolou. Aí agora, 12 anos depois, nos reencontramos para fazer esse filme”, disse o ator, aos risos.

Na trama, o Motel Destino, sob o céu em chamas numa beira de estrada do litoral cearense, se torna palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo (Iago Xavier) transforma em definitivo o cotidiano do local. O longa é uma coprodução Telecine e faz sua estreia nos cinemas brasileiros no dia 22 de agosto.

Anderson Ramos

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