Caminhos da Reportagem revela histórico da pintura de paisagem no país

Foto: Divulgação / TV Brasil  

Em novo dia e horário, a partir de julho, com exibição às segundas, às 23h, o Caminhos da Reportagem, programa jornalístico da TV Brasil, apresenta uma produção inédita com um panorama da pintura de paisagem no Brasil na edição "As Cores da Flora". O conteúdo exibido pela emissora pública na telinha nesta segunda (1º), às 23h, também fica disponível na íntegra no app TV Brasil Play.

Para explicar o fascínio das belezas naturais brasileiras sobre artistas e cientistas nacionais e estrangeiros desde o século 19, a atração reúne o depoimento de diversos especialistas no assunto. Os pesquisadores trazem informações embasadas sobre as missões artísticas e científicas de naturalistas que contribuíram bastante para o conhecimento ocidental da flora brasileira.

Aspectos da Missão Artística Francesa

A Cascatinha Taunay é a maior queda d'água do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ela recebeu o nome em homenagem a um renomado pintor da Missão Artística Francesa, que construiu uma casa bem ao lado dela, onde viveu com a família por cerca de cinco anos.

"Taunay era um reconhecido pintor de paisagens e fez várias pinturas do Rio de Janeiro naquele momento, incluindo as florestas do Maciço da Tijuca", afirma Gabriel Sales, professor do Departamento de Biologia da PUC-Rio.

Telas de Nicolas-Antoine Taunay podem ser vistas no Museu Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro. O museu tem um dos acervos mais importantes do pintor Debret, que também veio ao Brasil através da chamada Missão Artística Francesa.

Expedições científicas no século 19

A pintura de paisagem no Brasil iniciou, a partir do século 19, uma fase importante para as artes e a ciência. Nesse período, aconteceram várias expedições científicas pelo interior do país, que trouxeram artistas como o pintor alemão Rugendas, e paralelamente, um movimento para a instituição de um ensino formal de artes no Brasil.

Seja a serviço da ciência, ou como paisagistas acadêmicos, em comum os artistas estrangeiros tiveram o desafio de traduzir em cores a nossa flora, considerada uma das mais biodiversas do mundo. O Caminhos da Reportagem mostra alguns desses trabalhos históricos.

"Ao chegar no Brasil, com o que eles se deparam? Com um mundo verde. Muito mais verde do que poderiam imaginar. Então, eles se deparam com o inusitado", explica Paulo Ormindo, artista botânico e professor da Escola de Botânica Tropical. "Esses artistas tiveram que entender a nossa paleta de cores, adequar a paleta deles à nossa" completa.

A historiadora Lilia Schwarcz comenta um aspecto curioso sobre uma de suas publicações. "Todo mundo que lê o título do meu livro 'O Sol do Brasil' acha que é um elogio, mas não se trata de um elogio porque na verdade Taunay detestou o sol do Brasil. Ele dizia que era impossível representar, fazer uma tela com esse sol que distorcia tudo, iluminava demais. Tanto que ele costumava trabalhar de madrugada", pontua a autora.

Lilia escreveu o livro "O Sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte de D. João", obra pela qual foi reconhecida com o prêmio Jabuti na categoria biografia.

Diálogo entre ciências

Professora da Escola de Belas Artes da UFRJ, Patrícia Pedrosa diferencia a essência das missões artísticas e científicas que percorreram o país. "A missão artística francesa veio com esse foco de instituir o ensino das artes no Brasil. Já as missões científicas têm um caráter diferente. Elas empregam artistas, mas esses artistas são tidos como máquinas fotográficas", esclarece a educadora.

"Não há dúvida nenhuma que esses artistas e naturalistas contribuíram demais para o conhecimento ocidental da flora brasileira. Mas é interessante também pensar no conhecimento dos povos originários, que é um conhecimento empírico, mas extremamente importante. E quando a gente tem o diálogo entre essas duas ciências, isso é mais maravilhoso ainda", avalia Mariana Reis, professora do Departamento de Biologia da PUC-Rio.

O primeiro naturalista brasileiro a ter uma expedição financiada pelo governo do próprio país com o único objetivo de estudar um determinado grupo botânico foi João Barbosa Rodrigues, em 1872. Especialista em orquídeas e palmeiras, o botânico era desenhista e foi diretor do Jardim Botânico do Rio.

"O Barbosa Rodrigues era um falante do nheengatú. Ele, falante dessa língua, foi estudando os nomes e as classificações botânicas dos povos indígenas. A obra 'Sertum Palmarum' é incrível, onde ele não só faz as ilustrações e a descrição botânica das espécies, mas também escreve sobre o uso delas por cada território, por cada povo indígena", conta Anna Dantes, responsável pela reedição do livro "MBAÉ KAÁ - o que tem na mata - A Botânica Nomenclatura Indígena", publicação original de Barbosa Rodrigues.

Anderson Ramos

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