"Um dos jeitos de escravizar é desqualificar a pessoa", afirma Renato Barbieri no Provoca de terça (07)

Foto: Beatriz Oliveira

Nesta terça-feira (7/5), Marcelo Tas recebe o cineasta Renato Barbieri, diretor do documentário Servidão, um filme autêntico e necessário sobre a ocorrência de trabalho escravo ainda hoje no Brasil. Na entrevista, ele explica porque a Lei Áurea, celebrada todo dia 13 de maio, não valeu; fala que somos ensinados a ser racistas desde a escola; sobre consciência e muito mais. Vai ao ar na TV Cultura, às 22h.
 
Servidão, dirigido por Barbieri e lançado em 2019, entrevista trabalhadores escravizados e abolicionistas que foram descobertos pelo cineasta através da pesquisa feita para seu filme Pureza. O apresentador Marcelo Tas o questiona como, hoje, as pessoas são mantidas escravas: “Hoje as correntes são mentais. Um dos jeitos de escravizar é desqualificar a pessoa. A desvalorização é uma das principais ferramentas de domínio. (...) A escravidão, tanto rural quanto urbana, teme esse elemento escravagista de desqualificar o escravizado, é algo que mantém ele sem ação.”
 
''A gente é ensinado a ser racista. O currículo do MEC, até hoje, é extremamente racista. Quando você não ensina a história do negro no Brasil, a história da África, a história dos indígenas... No nosso estudo (escolar), os indígenas aparecem na primeira missa, e de lá pra cá, parece que não tem mais história, eles ficaram lá”, afirma Renato. O diretor de criação da Gaya Filmes comenta, também, que essa exclusão histórica é algo feito de propósito, já que “um dos jeitos de você desqualificar um povo é mostrar que ele não tem história''.
 
Na entrevista, o cineasta ainda fala sobre a colonização feita no processo escolar de todas as crianças e adultos: “O sentimento é a bússola interna do corpo, que dá a inteligência, e isso nos foi retirado, passamos a ter um vazio gigantesco (...) e preenchemos esse vazio com consumo que nunca o preencherá”. Tas o questiona sobre o que devemos fazer para mudar essa situação, a quem responde que devemos “tomar posse dos nossos corpos, tendo contato com os nossos sentimentos. O sentimento é a grande chave. António Damásio diz que na base da consciência está o sentimento, e o Humberto Maturana (...) fala que na hora que você toma consciência, você muda a atitude. Se você não mudou de atitude, você não tomou consciência”.
 
De acordo com Renato, os historiadores da ciência, com base em pesquisas das curvas de tendências, vem mostrando que a geração viva atualmente tem o trabalho de mudar o futuro da população, ainda nesta década. “A nossa geração vive um período que a gente não deve ser nem pessimista nem otimista, e sim possibilista. Aonde a gente vê possibilidade, a gente deve investir. (...) temos a urgência de entregar para as próximas gerações um mundo que não seja tão distópico, e o que a gente entregar vai impactar nos próximos mil anos (...) temos que desviar a rota do abismo”, complementa.

Sobre Renato Barbieri
 
Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, foi para Brasília há 30 anos. Lá fundou a GAYA Filmes, onde acumula o papel de produtor e diretor. Realiza filmes de longa-metragem e séries para TV nos formatos ficção, documentário e animação, sempre tendo como foco principal produtos audiovisuais de relevância social e ambiental.
 
Renato é cineasta e tem uma carreira ligada ao documentário, ao cinema e vídeos educativos. Formado em Psicologia pela PUC/SP (1986), cursou Comunicação e Semiótica pela mesma universidade, onde foi, também, professor do Curso de Jornalismo na cadeira de Projetos Experimentais.

Anderson Ramos

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