A artista plástica Adriana Varejão (Crédito: Divulgação/Curta!) |
Uma imersão na obra e no processo criativo de uma das mais destacadas artistas plásticas do cenário contemporâneo mundial, a carioca Adriana Varejão, é o mote de um documentário inédito, produzido pela Conspiração, que estreia no canal Curta! no dia 7 de maio, às 22h30. O longa ''Adriana Varejão — Entre Carnes e Mares'', dirigido por Andrucha Waddington (“Eu Tu Eles”, “Casa de Areia”) e Pedro Buarque (produtor de “Dois Filhos de Francisco”, “Casa de Areia”), traz a própria artista e especialistas em arte falando sobre o trabalho dela, que está presente nas coleções de alguns dos principais museus do mundo, como o Guggenheim e o Metropolitan, em Nova York, o Stedelijk, em Amsterdã, a Fundação Cartier, em Paris, e a Tate Modern, em Londres.
“Fizemos um filme focado nas referências e nos processos criativos da artista e não baseado na persona dela; o resultado é único e surpreendente”, diz Pedro Buarque. Andrucha Waddington, que também assina a direção, conta que o filme teve um longo processo de elaboração. “Entre Carnes e Mares está sendo construído há mais de uma década, e seu roteiro foi amadurecendo ao longo do tempo. A forma de contar essa história se tornou mais minimalista e sensorial, uma imersão no processo criativo da artista”, diz Waddington.
O filme começa com um olhar aprofundado sobre a série conhecida como "Craquelês", que se constitui de quadros com fissuras. "O craquelado está presente no meu trabalho desde o início. Eu costumava usar uma mistura de gesso para alisar a tela, que acabava provocando pequenas rachaduras na superfície", explica Varejão, que associa essas obras às cerâmicas chinesas da dinastia Song (do século XI) e à herança colonial portuguesa, por meio dos azulejos. "A forma da rachadura e do craquelê é uma linguagem, difícil de traduzir em palavras", observa ela.
Em suas criações, Varejão propõe um constante diálogo com a história colonial e pós-colonial do Brasil. Contando com um repertório cultural que vai do barroco brasileiro à literatura de viagem setecentista, ela instiga uma reflexão sobre o pluralismo da identidade brasileira. A infância passada nos anos 1960 em Brasília moldou a visão de mundo da artista, como ela mesma conta no filme: "Minha mãe trabalhava como nutricionista num hospital público de Sobradinho, uma das várias cidades-satélites no entorno de Brasília. Quando eu era pequena, acompanhava muitas vezes a minha mãe ao trabalho e tive contato com a desigualdade criada por Brasília, uma cidade construída sem espaço para aqueles que a ergueram. Também conheci a imensa diversidade cultural brasileira, pois ali viviam imigrantes de muitas regiões do Brasil, em busca de trabalho e sobrevivência".
Um segmento do documentário é dedicado à série das saunas, e proporciona uma forma inovadora de o público fruir essas obras de arte. O espectador é levado para um passeio por dentro das saunas pintadas por Varejão, numa sofisticada animação computadorizada. "As saunas, pinturas construídas a partir da geometria e da ilusão espacial em perspectiva, fazem parte de um universo que constantemente permeia os meus trabalhos, o universo barroco. Nesse caso, um barroco mais filosófico", afirma a artista.
Com produção da Conspiração Filmes, "Adriana Varejão — Entre Carnes e Mares" foi viabilizado pelo canal Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A estreia é no dia temático Terças das Artes, 7 de maio, às 22h30.
'Surpresas na Mesa': episódio de 'Histórias da Gente Brasileira' cria paralelo entre alimentação e sociedade no fim do século XIX
A relação da comida com as transformações sociais do século XIX após a chegada da corte portuguesa ao Brasil é o tema do capítulo inédito de “Histórias da Gente Brasileira”, estreia exclusiva do Curta!, também disponível no CurtaOn - Clube de Documentários. “Surpresas na Mesa”, o título do episódio, mostra como a chegada da família real e de estrangeiros de diversas partes da Europa influenciaram a culinária brasileira e, consequentemente, as relações sociais da época.
Apresentada pela historiadora Mary Del Priore e dirigida por Beca Furtado, a série traz especialistas a cada episódio. Neste, os convidados são Jurandir Malerba, Antônio Edmilson e Ines Garçoni. Eles explicam que a chegada da realeza e o surgimento de uma alta burguesia no Rio de Janeiro vieram acompanhados de uma enorme demanda culinária e cultural. Para abastecer essa vontade, os portos foram abertos: iguarias culinárias e artistas da Europa e dos Estados Unidos começaram a desembarcar no território nacional.
A chegada de ingredientes sofisticados proporcionou a abertura de restaurantes e cafés que atendiam à corte e à burguesia da época. Nos grandes salões, com moldes importados da Europa, a socialização entre as pessoas das classes mais altas também começa a nascer. Eles frequentam os estabelecimentos que servem bolos, pães, sorvetes e outras refeições preparadas com ingredientes importados. Com o fim da escravidão, em 1888, operários e ex-escravos também começam a fazer parte dessa dinâmica. “Você tem dois universos distintos. Um elitizado e burguês e outro, uma massa de trabalhadores e de ex-escravizados que começa a se formar. E essa população precisa comer na rua”, explica a historiadora de alimentos Ines Garçoni.
A produção e venda de produtos alimentícios se tornou um comércio lucrativo e surgiram lojas de balcão, quiosques, além de ambulantes que vendiam lanches rápidos para esses trabalhadores. Assim surge a comida de botequim, que carrega grandes traços da cultura lusitana, com quitutes como empadas, sardinha frita, rissoles e bolinhos de bacalhau. “Sanduíche de fritada ou de bife à milanesa, aquele pernil ou carne assada que fica ali. Essa era a comida popular”, completa o historiador Antonio Edmilson.
“Histórias da Gente Brasileira” é uma produção da Giros viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, streaming disponível no Prime Video Channels — da Amazon —, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma. A estreia do episódio no Curta! é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 10 de maio, às 23h30.
Segundas da Música – 06/05
22h – “Candeia” (Documentário)
A vida e a obra de Antônio Candeia Filho, músico profundamente ligado à defesa da cultura afro-brasileira. Compositor da Portela, evocou em suas criações as sonoridades dos batuques dos terreiros e das cantigas de capoeira. Em 1975, criou a GRANES Quilombo para preservar as tradições negras das escolas de samba, que naquele momento se tornavam cada vez mais mercadológicas. Direção: Luiz Antonio Pilar. Duração: 97 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 07 de maio, terça-feira, às 2h e às 16h; 08 de maio, quarta-feira, às 10h e 12 de maio, domingo, às 14h45.
Terças das Artes – 07/05
22h30 – “Adriana Varejão - Entre Carnes e Mares” (Documentário) - INÉDITO E EXCLUSIVO
O resultado de cinco anos de filmagens que acompanham encontros, exposições e diálogos sobre a obra da mundialmente reconhecida artista plástica Adriana Varejão, revelando seu processo criativo e suas referências. Direção: Andrucha Waddington e Pedro Buarque. Duração: 84 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 08 de maio, quarta-feira, às 2h30 e às 16h30; 09 de maio, quinta-feira, às 10h30; 11 de maio, sábado, às 16h30; 12 de maio, domingo, às 22h30.
Quartas de Cena e Cinema – 08/05
21h30 – “Banquete Coutinho” (Documentário)
Um dos mais importantes documentaristas brasileiros, Eduardo Coutinho faria 91 anos no dia 11 de maio. O documentário "Banquete Coutinho", de Josafá Veloso, foi desenvolvido a partir de um encontro filmado entre Eduardo Coutinho e o diretor em 2012, dois anos antes de sua morte. O depoimento é complementado por vasto material de arquivo, com objetivo de manter acesas as inquietações do cineasta e discutir sua obra. Em um dos trechos, Coutinho diz: “Uma conversa com uma pessoa é decisiva. Ou sai ou não sai. Em dez minutos se resolve isso. Se não sai, não tem filme”. Duração: 74 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 09 de maio, quinta-feira, às 01h30 e às 15h30; 10 de maio, sexta-feira, às 09h30; 11 de maio, sábado, às 21h30; 12 de maio, domingo, às 12h50.
23h – “Orson Welles: Sombras e Luz” (Documentário)
Uma figura lendária, o mito vivo do artista criativo, Orson Welles, aos 24 anos de idade, reinventou as linguagens do teatro e do cinema. Homem de mil faces, ele foi um moralista, um humanista, um Don Juan, um americano e um exilado sem lar, foi ator, cineasta, comediante, poeta e uma eterna criança prodígio buscando retornar ao seu estado de graça. Esse documentário é uma jornada até o coração do homem por trás da lenda. Direção: Elisabeth Kapnist. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 09 de maio, quinta-feira, às 03h e às 17h; 10 de maio, sexta-feira, às 11h e 13 de maio, segunda-feira, às 00h45.
Quintas do Pensamento – 09/05
21h30 – “Noite e Dia — Lima Barreto, Obra & Vida” (Documentário)
A trajetória do escritor, jornalista e cronista carioca Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), uma das figuras centrais da literatura brasileira no século 20, autor de obras como os romances Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911), Clara dos Anjos (1922/1948). Direção: Rodrigo Grota. Duração: 115 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 10 de maio, sexta-feira, às 01h30 e às 15h30; 11 de maio, sábado, às 14h25; 12 de maio, domingo, às 20h25; 12 de maio, segunda-feira, 09h30.
Sextas de História e Sociedade – 10/05
23h30 – ''Histórias da Gente Brasileira'' (Série) – Episódio: ''Império — Surpresas na mesa'' - INÉDITO E EXCLUSIVO
Desde a Abertura dos Portos, em 1808, a presença de estrangeiros trouxe inúmeras novidades gastronômicas ao Brasil Imperial, deixando para trás o antigo cenário colonial de escassez e pouca variedade alimentar. Apesar dessa nova oferta de saberes e hábitos gastronômicos, o grosso das novidades estava restrito aos mais afortunados. Direção: Beca Furtado. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 11 de maio, sábado, às 03h30 e às 11h; 12 de maio, domingo, às 18h; 13 de maio, segunda-feira, 17h30; 14 de maio, terça-feira, às 11h30.
Sábado – 11/05
23h – "Toulouse-Lautrec, o Indescritível'' (Documentário)
Ambicioso pintor, desenhista e brilhante artista de cartazes, Henri de Toulouse-Lautrec narrou sua época com ganância insaciável. Dos cabarés de Pigalle aos bordéis, este observador cáustico e provocador lança um olhar cheio de paixão e humanidade sobre as mulheres que conhece. Este documentário traça a jornada de um artista visionário com uma liberdade feroz que revela, por trás das festas e do brilho, a imensa solidão da condição humana. Diretor: Gregory Monro. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários Alternativos: 12 de maio, domingo, às 16h45 e 13 de maio, segunda-feira, às 03h.
Domingo – 12/05
18h30 – ''Rio, Negro'' (Documentário)
“Rio, Negro” é um documentário que apresenta um olhar possível para a história do Rio de Janeiro. A partir de entrevistas e amplo material de arquivo, a narrativa busca desvelar como a população negra forjou trajetórias individuais e laços comunitários em uma cidade-diáspora marcada pelas disputas em torno do projeto “civilizatório” das elites brancas. Diretora: Fernando Sousa e Gabriel Barbosa. Duração: 98 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 13 de maio, segunda-feira, às 15h30 e 14 de maio, terça-feira, às 09h30.
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