Mulheres Radicais: a história das artistas que foram 'descobertas' décadas depois de seus trabalhos pioneiros

Cena do documentário 'Mulheres Radicais' (Crédito: Divulgação/Curta!)

Se as artistas plásticas ganham cada vez mais relevância na arte contemporânea, houve um período em que a produção feminina na América Latina, entre os anos 1960 e 1980, acabou silenciada por uma série de fatores. São várias autoras de trabalhos pioneiros que seguem praticamente desconhecidas. Ou melhor: seguiam. O documentário ''Mulheres Radicais'', de Isabel De Luca e Isabel Nascimento Silva, propõe um novo capítulo na história da arte do século XX ao reunir a potência dessas artistas. O filme estreia com exclusividade no Curta!.

O ponto de partida do longa é a exposição Mulheres Radicais, que, entre 2017 e 2018, ocupou o Hammer Museum, em Los Angeles, o Brooklyn Museum, em Nova York, e a Pinacoteca de São Paulo, reunindo 127 artistas e coletivos de 15 países — entre figuras conhecidas, como a brasileira Lygia Clark, a cubana Ana Mendieta e a argentina Marta Minujín, e uma esmagadora maioria de artistas cujo trabalho começou a ser reconhecido e celebrado pela primeira vez. Filmado em Nova York e São Paulo, “Mulheres Radicais” promove encontros inéditos entre algumas das mais representativas artistas que participaram da mostra.

O documentário se estrutura a partir do conceito de rede. A primeira artista convidada — a paulistana Lenora de Barros — escolheu livremente outra para entrevistar; esta, por sua vez, elegeu uma terceira e assim por diante, numa corrente que nos leva a conhecer, por meio de conversas livres, a arte, o pensamento e os afetos dessas mulheres radicais, enquanto elas se conhecem e se reconhecem umas nas outras. A narrativa é ressaltada por uma ampla gama de imagens de arquivo: além de fotos e vídeos de acervo pessoal que ajudam a contar a história das 11 artistas contempladas, cerca de 400 trabalhos surgem na tela enquanto são comentados pelas autoras.

O filme revisita, no calor do presente, um período marcado pela emancipação das mulheres e seus corpos. O corpo político era essencial à obra das artistas latino-americanas na época retratada pelo documentário. Embora seus trabalhos se misturem a experiências de ditadura, prisão, exílio, tortura, violência, censura e repressão vinculadas à situação política, cultural e social vivenciada por grande parte do continente na época, eles também foram fundamentais para o surgimento de uma nova sensibilidade artística, como a performance e modalidades híbridas que mesclam dança, teatro, videoarte, entre outras.

Essas artistas, que contribuíram significativamente para a arte contemporânea, mas tiveram pouca atenção acadêmica e do mercado, não intencionaram fazer uma obra feminista, apesar de essa agenda hoje estar clara na produção. Muitas tiveram as carreiras interrompidas e só retomaram o ofício depois do processo de redescobrimento acelerado pela exposição. A relevância da obra dessas mulheres é sublinhada no documentário por depoimentos de curadoras como Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta, responsáveis pela mostra, e outras especialistas como a historiadora da arte brasileira radicada em Nova York Claudia Calirman e a colecionadora e curadora venezuelana Estrellita Brodsky, diretora-fundadora do Another Space, em Nova York.

“Assim como a exposição que o inspirou, ‘Mulheres Radicais’ é um projeto de recuperação histórica. E urgente: basta dizer que pelo menos dez das 127 artistas da mostra morreram no percurso da pesquisa. O filme apresenta personagens que foram apagadas da história da arte", diz Isabel De Luca. "A maioria das artistas não tinha sequer conhecimento da existência das outras até que todas foram reunidas sob o mesmo holofote. E no documentário cada uma fala a língua que deseja, confluindo para a babel de idiomas, culturas, migrações e deslocamentos espaciais que configuram a experiência latino-americana", completa Isabel Nascimento Silva.

“Mulheres Radicais” é uma produção da Hysteria — selo centrado em narrativas femininas formado por mulheres da Conspiração — viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A produção executiva é de Isabel De Luca, Luisa Barbosa e Renata Brandão, e a produção associada, de Isabel Nascimento Silva e Maria Barreto. A estreia é no dia temático Terças das Artes, 12 de março, às 22h30.

Bilionários como Bill Gates, Steve Jobs e Elon Musk estão em último episódio de série sobre capitalismo nos EUA
 
O terceiro e último episódio da microssérie “Capitalismo Americano – O Culto à Riqueza” mostra o panorama econômico e social dos Estados Unidos a partir da década de 1980, com o surgimento da indústria tecnológica do Vale do Silício e a consolidação do lucrativo mercado imobiliário de Nova York.

Nesse contexto, nasciam empresas que se tornariam gigantes poucos anos depois: a Apple, de Steve Jobs, e a Microsoft, de Bill Gates e Paul Allen. Uma verdadeira revolução entrava em curso e, entre as mudanças que viriam dali para frente, o documentário se dedica a uma delas: agora havia um novo perfil de bilionários nos Estados Unidos. Se antes, os magnatas eram os grandes industriais, agora eles eram os visionários que criaram máquinas para serem usadas no ambiente doméstico.

A partir daí, surgem empresas como Amazon, Google e Facebook, e emergem bilionários como Elon Musk. Com riquezas jamais vistas, esses homens obtêm um poder imenso. Agora, não estamos mais falando apenas de dinheiro, mas também de dados — o mundo inteiro passa a estar na palma da mão desses magnatas da tecnologia.

“Capitalismo Americano – O Culto À Riqueza” é uma produção da Arte France, dirigida por Cédric Tourbe. A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, streaming disponível no Prime Video Channels — da Amazon —, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma.  A estreia do episódio no Curta! é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 15 de março, às 22h30.

Segundas da Música – 11/03

21h - “O Mistério do Samba” (Documentário)

Com direção de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, "O Mistério do Samba" retrata o cotidiano e as histórias da Velha Guarda da Portela e a pesquisa que a cantora Marisa Monte realizou, recuperando composições dos anos 1940 e 50 ainda não gravadas. A poesia, a musicalidade e a intimidade desses senhores e senhoras são desvendadas por meio do cotidiano simples de um pequeno bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz. O documentário conta com as participações especiais de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho. Direção: Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor. Duração: 88 min. Classificação: A Livre. Horários Alternativos: 12 de março, terça-feira, às 01h e às 15h; 13 de março, quarta-feira, às 09h; 17 de março, domingo, às 13h30. 

Terças das Artes – 12/03

22h - “Eu, Negra” (Curta-Metragem) - INÉDITO

Ayo é uma artista que vive sozinha, submersa em seu próprio mar. Ela começa a questionar sua identidade quando, através de autorretratos, percebe que não se enxerga como realmente é. A partir daí, ela começa a se desvencilhar do processo de embranquecimento social e trava uma luta consigo mesma pela reivindicação da sua negritude. Diretora: Juh Almeida. Duração: 10 min. Classificação: A 10 anos. Horários Alternativos: 13 de março, quarta-feira, às 02h e às 16h; 14 de março, quinta-feira, às 10h; 16 de março, sábado, às 13h; 17 de março, domingo, às 19h30.

22h30 – "Mulheres Radicais” (Documentário) - INÉDITO

Entre 2017 e 2018, uma exposição histórica reuniu 120 artistas plásticas latino-americanas que produziram trabalhos pioneiros entre os anos 1960 e 80. Foi assim que "Mulheres Radicais" revelou nomes que passaram a ser reconhecidos e celebrados pela primeira vez, abrindo um novo capítulo na história da arte do século XX. Direção: Isabel De Luca, Isabel Nascimento Silva. Duração: 72 min. Classificação: A 10 anos. Horários alternativos: 13 de março, quarta-feira, às 2h30 e às 16h30; 14 de março, quinta-feira, às 10h30; 16 de março, sábado, às 15h.

Quartas de Cena e Cinema – 13/03

21h30 – " Glauber, Claro” (Documentário) - ANIVERSÁRIO DE GLAUBER ROCHA EM 14/3

“Glauber, Claro” é um regresso à Roma de Glauber Rocha, e a seu exílio italiano, quase meio século depois. Compondo um mosaico através da memória de seus amigos, testemunho de colaboradores e de pessoas que o amaram, o filme faz uma revisitação contemporânea das locações romanas de seu penúltimo longa-metragem, “Claro” (1975). O longa investiga a experiência de Rocha e de toda uma geração de artistas na Itália dos anos 1970; aborda os bastidores de “Claro” e sua relevância histórica, e temas como cinema underground, Neorrealismo, Cinema Novo, militância política, utopia, pós-colonialismo, revolução e a distopia atual. Direção: César Meneghetti. Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 14 de março, quinta-feira, às 1h30 e às 15h30; 15 de março, sexta-feira, às 09h30; 16 de março, sábado, às 13h30; 17 de março, domingo, às 20h.

Quintas do Pensamento – 14/03

21h30 - “Carolina Maria de Jesus” (Documentário) – ANIVERSÁRIO DE CAROLINA MARIA DE JESUS – 110 ANOS NESTE DIA

O documentário conta a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus, que virou sucesso internacional com a publicação do livro “Quarto de Despejo”, em agosto de 1960, e, desde então, inspira autores e artistas como Ruth de Souza, Zezé Motta e Conceição Evaristo. Direção: Vanessa de Araújo Souza. Duração: 55 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 15 de março, sexta-feira, às 1h30 e às 15h30; 17 de março, domingo, às 16h45.

23h30 – “A Persistência da Memória” (Série) – Ep.: “Memória e História” – INÉDITO

Os memorialistas e a História: diálogo que enriquece. Diferenças entre memória e História. A subjetividade da memória e da História. Versões da História: campo de disputas. A crítica a documentos. Memórias excluídas. Revisão histórica: como e por quê. O papel da universidade. Outras memórias entrando para a História. Direção: Paola Vieira. Duração: 26 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 15 de março, sexta-feira, às 3h30 e às 17h30; 16 de março, sábado, às 20h30; 17 de março, domingo, às 12h.

Sextas de História e Sociedade – 15/03

22h30 – “Capitalismo Americano - O Culto à Riqueza” (Série) – Episódio: “Riqueza Irrestrita” - INÉDITO

Em 1982, o presidente dos EUA, Ronald Reagan, marcou a entrada numa nova era, liderando uma política ultracapitalista e reduzindo os impostos para os ricos, enquanto a pobreza aumentava. Nova York estava nas mãos de empresários do mercado imobiliário, como Fred Trump e seu filho Donald. O Vale do Silício tornou-se o novo berço da tecnologia. Mas o preço dos serviços de saúde quadruplica nos Estados Unidos. Direção: Cédric Tourbe. Duração: 52 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 16 de março, sábado, às 02h30 e às 16h30; 17 de março, domingo, às 23h; 18 de março, segunda-feira, 16h30; 19 de março, terça-feira, às 10h30.

23h30 – “Histórias da Gente Brasileira” (Série) – Episódio: “Colônia – Prosperidade” - INÉDITO

É comum termos uma ideia da colônia como uma organização social e economicamente engessada, em que indígenas e africanos desempenhavam papéis restritos à mão de obra escravizada e portugueses, os de desenvolvedores do país que nascia. Mas após as duras primeiras décadas, o fluxo do dinheiro, o intercâmbio de papéis sociais e as estruturas de poder eram mais flexíveis do que podemos supor. Duração: 26 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 16 de março, sábado, às 03h30 e às 11h; 17 de março, domingo, às 18h; 18 de março, segunda-feira, 17h30; 19 de março, terça-feira, às 11h30.

Sábado – 16/03

22h20 – "Alceu – Na Embolada do Tempo” (Documentário)

O documentário apresenta um painel da carreira do cantor e compositor Alceu Valença, através de performances ao vivo, comentadas pelo próprio músico e por terceiros, contextualizando sua obra singular na história cultural recente do país. Diretor: Paola Vieira. Duração: 90min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 17 de março, domingo, às 15h10.

Domingo – 17/03

18h30 – ''Cientistas Brasileiros'' (Série) - Episódio: ''Marcelo Gleiser''

Retrato do físico teórico e escritor Marcelo Gleiser (1959), autor de inúmeros livros sobre ciência e filosofia, professor da Faculdade Dartmouth, nos EUA, e ganhador do Prêmio Jabuti, em 1998, e do Prêmio Templeton, em 2019. Direção: Rodrigo Grota. Duração: 52 min. Classificação: Livre.

Anderson Ramos

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