Curta! abre alas para a história de Chiquinha Gonzaga sob olhar feminino

A compositora, instrumentista e maestrina Chiquinha Gonzaga (Crédito: Divulgação/Curta!)  

Às vésperas do carnaval, o Curta! e o streaming CurtaOn – Clube de Documentários trazem a produção inédita ''Chiquinha Gonzaga – Música Substantivo Feminino'', sobre a instrumentista, maestrina e compositora pioneira entre as mulheres na música brasileira. Para contar sua história, o filme convida historiadoras, filósofas, escritoras, musicistas e outras especialistas, todas mulheres. As canções de Chiquinha são apresentadas pelo Grupo Chora – Mulheres na Roda.

Da parte de sua mãe, Chiquinha era neta de uma escravizada alforriada, enquanto seu pai era um militar de alta patente do Exército Imperial Brasileiro. Diferente de muitas mulheres de seu tempo, teve acesso ao letramento e à erudição das elites da época. Ainda jovem, foi presenteada com um piano — instrumento frequentemente destinado às moças, por não ser possível carregá-lo para apresentações fora do ambiente doméstico.

Ainda jovem, casou-se com um comandante da Marinha Mercante. O marido esperava que o casamento fosse afastá-la de sua dedicação à música, o que não aconteceu. O casal viveu uma relação conturbada, até que Chiquinha deixa o marido e é renegada por sua família, que a impede de criar os três filhos nascidos da relação.
 
Apesar das dificuldades diante dessa separação forçada, Chiquinha se torna uma mulher livre. “Esse desejo de liberdade de Chiquinha Gonzaga acompanha toda a vida dela. Ela se liberta do marido e vai se libertando de todo tipo de grilhão”, conta Edinha Diniz, biógrafa da artista. O momento era de ebulição social em uma sociedade que vivia diversas transformações no fim do século XIX. Nascia, então, uma efervescente vida noturna na cidade e uma crescente demanda por profissionais da música — e Chiquinha precisava encontrar formas de se sustentar financeiramente, além de dar aulas de piano.
 
Passa, então, a circular pelos meios boêmios do Rio de Janeiro, conhece pessoas diversas, se apresenta em casas noturnas, vende suas próprias canções e passa a compor para peças de teatro. Convive também com ex-escravizados e, com eles, aprende uma musicalidade bem diferente dos clássicos europeus. Daí nasce a riqueza de sua obra, que reúne sua erudição com o que era produzido na música popular da época, como polcas, maxixes e marchas-rancho — inclusive a famosa “Ó Abre Alas”, a primeira canção carnavalesca brasileira que, até hoje, é bastante entoada por blocos de carnaval e foliões. No entanto, por vir de uma família com recursos, conseguia transitar também entre a elite cultural e política carioca da época.
 
O documentário traz também o debate racial, baseado no fato de que a historiografia oficial parece ter “embranquecido” Chiquinha e ignorado suas raízes negras. “Ela tinha a experiência materna e a experiência da escravidão muito próximas, e por isso sua negritude precisa ser reivindicada. Quando ela se junta com outros intelectuais, com outros artistas, pensando a questão da escravidão negra, isso também empretece seu pensamento; quando ela se aproxima dos lundus, das músicas das ruas, isso empretece sua musicalidade, isso empretece Chiquinha”, analisa a socióloga Carolina Alves.

Além da luta abolicionista e por sua própria liberdade, Chiquinha — já consagrada como artista — criou a primeira entidade de proteção aos direitos autorais de compositores teatrais, a SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), abrindo portas para que outras mulheres pudessem registrar suas próprias obras musicais.

Chiquinha optou por ser livre em uma sociedade na qual as mulheres estavam destinadas a desempenhar os papéis de mãe e esposa, mas não de artistas independentes. Curiosamente, hoje é considerada a “mãe” da música popular brasileira.

“Chiquinha Gonzaga – Música Substantivo Feminino” é uma produção da Cinegroup viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O filme também pode ser assistido no CurtaOn – Clube de Documentários, streaming disponível no Prime Video Channels – da Amazon -, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn܂com܂br). A estreia no Curta! é no dia temático Segundas da Música, 05 de fevereiro, às 23h.

Novo episódio de ''A Persistência da Memória'' discute o impacto dos traumas
 
Em episódio inédito, intitulado “Memórias e Traumas”, a série “A Persistência da Memória” discute o impacto dos traumas e as formas de lidar com lembranças desagradáveis, salientando também a importância delas. Os especialistas convidados refletem sobre a possibilidade de apagar ou substituir memórias no cérebro, além de abordagens e tratamentos em busca de cura.

Dirigida por Paola Vieira, a série conta com 13 episódios. Além de “Memórias e Traumas”, os outros capítulos discutem os seguintes temas: “As Primeiras Memórias”; “O Funcionamento da Memória”; “Memória e Imaginação”; “Memória e Oralidade”; “Memória dos Saberes e Fazeres”; “Memórias das Artes Visuais”; “Memória e História”; “Memórias Oficiais”; “Memórias Audiovisuais”; “Memórias Digitais”; “Os Apagamentos de Memória” e “O Labirinto da Memória”.

''A Persistência da Memória'' é uma produção da Luni Áudio e Vídeo viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, streaming disponível no Prime Video Channels – da Amazon -, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn܂com܂br). A estreia do episódio no Curta! é no dia temático Quintas do Pensamento, 08 de fevereiro, às 23h30.

Segundas da Música – 05/02

23h – ''Chiquinha Gonzaga – Música Substantivo Feminino'' (Documentário)

Filha de uma mulher negra liberta e de um homem branco de família aristocrática, Chiquinha Gonzaga enfrentou as barreiras sociais e morais do seu tempo para construir uma obra duradoura que perpassa diversos gêneros musicais. Atenta às sonoridades da rua, ela se tornou um ícone da liberdade. Direção: Igor Miguel, Juliana Baraúna. Duração: 56 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 06 de fevereiro, terça-feira, às 03h e às 17h; 07 de fevereiro, quarta-feira, às 11h; 10 de fevereiro, sábado, às 16h30; 11 de fevereiro, domingo, às 23h.

Terças das Artes – 06/02

23h – ''Toulouse-Lautrec, o Indescritível'' (Documentário)

Pintor, desenhista e brilhante artista de cartazes, Henri de Toulouse-Lautrec narrou sua época com uma ambição insaciável. Dos cabarés de Pigalle aos bordéis, esse observador cáustico e provocador lança um olhar cheio de paixão e humanidade sobre as mulheres que conhece. Este documentário traça a jornada de um artista visionário com uma liberdade feroz que revela, por trás das festas e do brilho, a imensa solidão da condição humana. Direção: Gregory Monro. Duração: 80min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 07 de fevereiro, quarta-feira, às 03h e às 17h; 8 de fevereiro, quinta-feira, às 11h; 10 de fevereiro, sábado, às 15h30; 11 de fevereiro, domingo, às 22h.

Quartas de Cena e Cinema – 07/02

21h20 – ''Desarquivando Alice Gonzaga'' (Documentário)

Este documentário revisita uma parte importante da história do cinema brasileiro através da vida e da obra de Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga, cineasta sonhador que, em 1930, fundou a Cinédia, o primeiro estúdio de cinema no Brasil. No filme, abrimos o precioso arquivo da Cinédia junto com Alice e conhecemos as histórias dos Gonzaga e suas apostas cinematográficas. Direção: Betse de Paula. Duração: 82min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 08 de fevereiro, quinta-feira, às 1h20 e 15h20; 09 de fevereiro, sexta-feira, às 09h20; 11 de fevereiro, domingo, às 19h20.

Quintas do Pensamento – 08/02

23h30 – ''A Persistência da Memória'' (Série) – Ep.: ''Memórias e Traumas'' – INÉDITO

Memórias traumáticas. A possibilidade de apagar ou substituir memórias no cérebro. A importância das memórias desagradáveis. Como lidar com traumas? Abordagem, tratamentos, uso da literatura, de outras memórias e dos sonhos em busca da cura. Direção: Paola Vieira. Duração: 26 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 09 de fevereiro, sexta-feira, às 3h30 e às 17h30; 10 de fevereiro, sábado, às 20h30; 11 de fevereiro, domingo, às 12h.

Sextas de História e Sociedade – 09/02

22h30 – ''Depois da Primavera'' (Documentário)

Os irmãos sírios Adel e Hadi Bakkour vão às ruas do Rio de Janeiro lutar por democracia no país onde escolheram viver. A história se repete: antes precisaram deixar Aleppo, na Síria, ao protestar por liberdade. Para trás, deixaram sua mãe, Lawahez, e seu pai, Abdo. A família se reencontra seis anos após a separação, em um Brasil em transformação. Direção: Pedro Rossi e Isabel Joffily. Duração: 83 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 10 de fevereiro, sábado, às 2h30; 11 de fevereiro, domingo, às 13h10; 12 de fevereiro, segunda-feira, às 0h45 e às 16h30; 13 de fevereiro, terça-feira, às 10h30.

Sábado – 10/02

22h – "Cássia Eller" (Documentário)

Morta aos 39 anos, em 2001, Cássia Eller foi uma das grandes vozes femininas da MPB. Extrovertida no palco, fora dele se dizia uma pessoa tímida. Esse traço de sua personalidade, a relação com as drogas, o sucesso, a gravidez inesperada, a pressão da fama e a morte precoce são alguns temas abordados no documentário "Cássia Eller", de Paulo Henrique Fontenelle. Escolhido pelo público como melhor documentário na Mostra Internacional de Cinema São Paulo de 2014, a produção traz depoimentos de familiares, como a companheira Maria Eugênia Martins e o filho Chicão, hoje mais conhecido como o músico Chico Chico; de jornalistas como Tárik de Souza e Arthur Dapieve; e de artistas como Zélia Duncan, Nando Reis e Oswaldo Montenegro. Tudo mesclado a imagens de shows, ensaios, entrevistas e cenas da intimidade da cantora. Diretor: Paulo Henrique Fontenelle. Duração: 113 min. Classificação: 12 anos. Duração: 71 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 11 de fevereiro, domingo, às 14h45.

Domingo – 11/02

21h – ''Recife/Sevilha - João Cabral de Melo Neto'' (Documentário)

Os principais cenários da poética de João Cabral de Melo Neto são Recife e Sevilha. Afora os livros a uma e a outra dedicados, há aqueles cujos versos guardam nas entrelinhas a experiência do homem apaixonado por essas duas cidades. Recife e Sevilha representam portas de entrada e sínteses da obra deste exímio poeta. É igualmente verdadeira a proposição: entra-se em Recife e em Sevilha através da poesia de João Cabral. Seriam cidades inconciliáveis por suas diferenças, se nelas o poeta não tivesse vivido. O Recife do menino de engenho e do rapaz mundano e a Sevilha do homem feito andarilho por força de sua carreira de diplomata. Direção: Bebeto Abranches. Duração: 52 min. Classificação: Livre.

Anderson Ramos

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