Monique Malcher comenta seu livro "Flor de Gume" no Trilha de Letras

Divulgação TV Brasil

O programa literário Trilha de Letras recebe a escritora Monique Malcher para uma conversa exclusiva com a apresentadora Eliana Alves Cruz nesta quarta (3), às 22h, na TV Brasil. Durante a atração semanal inédita, a convidada fala sobre a sua produção de contos e os textos fora do eixo Rio-São Paulo.

A entrevista com a autora paraense gravada na BiblioMaison para a atração da emissora pública fica disponível no app TV Brasil Play. O conteúdo também tem uma versão transmitida pela Rádio MEC no mesmo dia, mais tarde, às 23h. 

No papo, Monique Malcher aborda o livro "Flor de Gume" e lê um trecho da obra que conquistou o Prêmio Jabuti de 2021 na categoria Contos. Ela conta que, de certa forma, a publicação reverbera experiências comuns a muitas mulheres: a alienação parental, a violência, o machismo. "O trauma que isso pode gerar uma criança, numa mulher, ao mesmo tempo que tem uma linguagem poética", pondera.

Com formato híbrido, o laureado título reúne 37 contos redigidos a partir de histórias vivenciadas pela própria escritora, por sua mãe, professora, e por sua avó, uma autodidata que ensinou muitas crianças ribeirinhas a ler. Monique Malcher conta para Eliana Alves Cruz como a influência de ambas está presente em seus textos.

Relação de troca com o público

Monique Malcher se emociona ao falar sobre o retorno de diversos leitores sobre as questões levantadas naquela publicação. "A literatura pode atravessar a fresta da porta. Ela entra pela fechadura sem precisar de chave. A palavra sempre dá um jeito e me surpreende. O livro que escrevi se torna outro a partir da leitura das pessoas", sentencia.

A expertise como jornalista, antropóloga e artista plástica também pauta o diálogo. "A escrita vem de lugares diversificados. Nunca acreditei que escrever era apenas a experiência de ler, fazer oficinas. Tudo é muito importante, mas eu queria entender as pessoas e o meu corpo", menciona sobre aceitação e novos padrões. Monique Malcher ressalta a força das vozes das suas personagens em sua obra.

No quadro "Dando a Letra", quadro do programa Trilha de Letras que traz uma dica literária, a booktuber Camilla Dias sugere a leitura do livro "Diário de Bitita", título da escritora negra Carolina Maria de Jesus. A escrita sofisticada é um dos diferenciais na ausência de intermediário entre a autora e os temas que trata.

Espaço para autores fora do eixo Rio-São Paulo

Durante a conversa com Eliana Alves Cruz, Monique Malcher destaca a identidade intrinsecamente amazônica de seu trabalho. A convidada reflete sobre a referência territorial na sua escrita. "Vai aparecer de forma natural. Não preciso me esforçar para que esteja lá. Escrevo os livros que quero ler. Sou minha primeira leitora", afirma.

A entrevistada é enfática ao revelar que não gosta de ser tratada como autora de literatura regional e critica o rótulo. "O Norte é muito plural", defende. Para a Monique Malcher, a literatura paraense é tão brasileira quanto aquela feita no Sudeste do país.

"Escrever pensando no Norte, a partir do Norte, é muito importante para mim. Sinto que ainda não estamos figurando nas prateleiras das livrarias e em grandes festivais", pontua. Ao analisar o tema, Monique Malcher recorda a saudosa conterrânea Olga Savary, primeira escritora do estado a vencer o Jabuti na extinta categoria "autor revelação".

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