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Ex-lateral direito, com passagens marcantes por Atlético-MG, São Paulo, Real Madrid, Roma e Seleção Brasileira, Cicinho hoje brilha como comentarista do Arena SBT. Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, ele será o último entrevistado de 2023 do Pod Pai Pod Filho, que estará disponível no YouTube do SBT Sports e no próprio canal do ''Pod Pai Pod Filho'', a partir das 19h (de Brasília).
''Confesso que não me via como comentarista esportivo, até porque nunca tinha planejado algo. Surgiu a partir de um convite do Benja. Sinto-me bem porque permite eu expor aquilo que eu vivi. Não sou um entendedor de tática, mas o Arena SBT me permite ser quem eu sou. Vou dar sempre uma sugestão, o meu ponto de vista, embasado naquilo que vivi em campo. Jamais vou falar como você, o Cleber, o Benja e o Fred, que já comandaram o programa. Vocês são pessoas estudadas e entendedoras do futebol, principalmente taticamente. Por exemplo, sai um atacante e entra um meia e perguntam: ‘Cicinho, o que muda no jogo? Não sei’ Vocês sabem fazer essa leitura, eu não'', relata durante conversa com Téo José e seu filho Alê.
''Estou curtindo muito, até porque vocês dão liberdade para trabalhar e se expressar. Além de que não é nada combinado e engessado, permite ser você mesmo. E confesso que é mais fácil também cornetar do que jogar'', completa.
Confira outros trechos do bate-papo:
São Paulo
''O São Paulo sempre teve essa cara de Mundial, sempre chegou. Na minha opinião, 1992 e 1993, é o único time que, se jogasse uma Champions, ganhava. Em toda a história do Mundial, qualquer time brasileiro que você pegar, nenhum ganharia. O São Paulo não, ele deitava nos caras''.
''Nós levamos esse peso da camisa (para 2005). Mas que o Liverpool era muito superior pelos atletas que tinha, investimento, calendário... Chegamos mortos no final do ano, fazíamos não sei quantos jogos no ano e não tínhamos rotação''.
Real Madrid
''Cheguei lá com essa questão do status de galáctico. Era uma vida de popstar. Me assustei pra caramba porque tudo era foto. Passei três dias lá, entre 28 e 30 de dezembro só gravando coisas para a TV do clube''.
''Eu cheguei, o Luxemburgo tinha acabado de ser demitido. Eles estavam trazendo o (Juan Ramón) López Caro. Aí no terceiro dia a esposa do Luxemburgo entrou em contato conosco, falou para dar uma olhada no apartamento e na hora que entrei lá eu falei: ‘É aqui’. Os caras já te levam na concessionária para te entregar o carro... É uma vida muito diferente''
Saída do Real Madrid para a Roma
''Meu contrato era de cinco anos e fiquei duas temporadas. Na terceira, chegou um treinador alemão chamado (Bernd) Schuster. Ele falou: ‘Não quero mais o Sérgio Ramos na zaga, mas como lateral. O meu segundo é o Michel Salgado... Aí eu falei: ‘Vou ser o terceiro, não vou jogar nunca’. Nisso, pintou a possibilidade de ir para a Roma. O Doni, ex-goleiro, meu compadre, me falou que eles me queriam. Falei com o Totti e disse que iria. O Luciano Spalletti me queria, negociei com o Mijatovic, que era o diretor. Ele disse: ‘Você é o primeiro atleta que quer sair do Real Madrid’. Eu falei: ‘Pô. O treinador já deixou claro que eu não vou jogar, quero jogar’. Ele falou que eu deveria ter calma, mas a Roma me ofereceu cinco anos de contrato e um aumento de salário. Olhei para o dinheiro, os jogadores que estavam lá e fui embora''
Brasil x França – Copa de 2006
''Tem uma história do jogo. Com 25 minutos de jogo um torcedor não parava de gritar: ‘Põe o Cicinho, Parreira. Tira o Cafu... O cara falou umas três vezes, o Parreira já coçou a cabeça. Eu olhei para trás e falei: ‘Fica quieto, que tira o Cafu. Bicho está pegando e você quer colocar eu’. O cara riu porque ele viu que eu falei zoando também. Lógico que queria jogar, tanto que entrei 15 minutos depois. Antes, joguei contra o Japão também''
“A comissão técnica não se perdeu. Na verdade, quem se perdeu foi a CBF de não ter nos blindado. Não deu respaldo para a comissão técnica e aconteceu tudo aquilo. Eram 30 ou 40 mil pessoas em cada treino, mulheres invadindo o gramado. Eu achava tudo aquilo bacana. Só fui me dar conta do que era a Copa do Mundo depois que acabou e veio toda aquela polêmica”.
Alcoolismo
''Meu primeiro gole foi com 13 anos. Como atleta, sempre tomava socialmente, mas enfiei o meu pé na jaca mesmo, do segundo para o terceiro ano na Roma, quando arrebentei pela segunda vez o ligamento do joelho. Não tinha limite, virei alcoólatra''
''Sou um cara pacato. Bebia em casa com a galera. Tanto na Roma quanto no Real Madrid, morei em casa de três andares, então, a parte de baixo, transformava em boate. Colocava luzes, freezer, chopeira, telão... O sertanejo tocava e o pau torava. A gente ficava bebendo e fumando a noite toda''
''O poder que você adquire com a fama e os objetivos que você traça. Eu conquistei alguns objetivos na minha carreira e quando eu conquistei não vi mais o que fazer. Real Madrid, Seleção, São Paulo, títulos dinheiro... Eu falei: ‘O que mais eu quero?’... Desenvolvi um quadro depressivo. Convivi 11 anos com depressão. Ia me afundando no álcool e em festas''
Vencendo o vício
''Quando me dei conta que tinha perdido o prazer de jogar futebol e ir treinar, acendeu uma luzinha. Tive a oportunidade também de conhecer a minha esposa, que sempre foi uma mulher de fé. Através do conhecimento dela e do relacionamento com Deus, ela me mostrou que eu tinha um vazio dentro de mim e que somente Deus poderia me preencher. Não era bebida, roupa, fama, amizade, companhia, família... Era Deus. Resolvi cuidar desse lado espiritual, resolvi me entregar ao chamado que Deus tinha para mim e tive essa transformação''.
O podcast completo com Cicinho estará disponível no YouTube do SBT Sports e no próprio canal do ''Pod Pai Pod Filho'' a partir das 19h (de Brasília) desta segunda-feira (19).
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