Antonio Haddad interpreta Betinho na adolescência. Divulgação/Loiro Cunha |
Herbert de Souza é um homem que sempre teve pressa. De agir, de ajudar, de
transformar vidas, de viver. Um herói brasileiro conhecido por muitos, mas nem
sempre reconhecido por todos. A partir de 1º de dezembro, a trajetória do
sociólogo - de sua história pessoal ao amplo legado social que contribuiu para
o país - ganha as telas do streaming da Globo com 'Betinho: No Fio da Navalha', série Original Globoplay protagonizada por Julio Andrade, que também
integra o time de direção. A produção é criada por José Junior e tem direção
geral de Lipe Binder.
Em oito episódios, disponibilizados semanalmente: dois a cada sexta-feira, a
obra dramatúrgica biográfica retrata sua luta por grandes causas sociais, em
especial o combate à AIDS e à fome, e resgata momentos importantes da vida do
homenageado entre os anos 1960 e 1990, intercalando imagens de diferentes
fases de Betinho. Na adolescência, é o ator Antonio Haddad quem interpreta o
mineiro de Bocaiúva. Em seu caminho, o ativista enfrentou a AIDS, a ditadura
militar, a hemofilia e tantos outros obstáculos pessoais, mas escolheu a fome
da população como seu principal inimigo, fundando a Ação da Cidadania Contra a
Fome, a Miséria e Pela Vida, a maior campanha de solidariedade do Brasil, que
completa 30 anos em 2023. A organização também é reconhecida pelo Natal Sem
Fome, um dos projetos parceiros do ‘Para Quem Doar’
(https://www.paraquemdoar.com.br), plataforma criada pela Globo em abril de
2020 para conectar pessoas com organizações de todas as regiões do país que
trabalham para combater e amenizar diferentes impactos sociais na vida da
população em situação de risco e vulnerabilidade. Mais informações no site. E
não à toa, outra efeméride também marca a data em que a produção chega ao
Globoplay: no dia 1º é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.
“Eu tinha o Betinho como um herói, mas não me via perto desse personagem. Como
sou movido a desafios, aceitei de primeira”, reflete Julio Andrade,
protagonista e diretor da série, ao relembrar o início da produção. “O set foi
extremamente colaborativo e afetuoso, além das cenas serem carregadas de
emoção. Nunca era só uma cena, eram permeadas de histórias”, completa Julio. A
sua preparação e caracterização, assinada por Martín Macías Trujillo,
resultaram em uma impressionante semelhança entre o ator e Herbert de
Souza.
Depois do exílio político de oito anos no exterior, a luta de Betinho por
justiça social foi ainda maior. E seu legado e representatividade serviram de
inspiração para muitos movimentos sociais, incluindo o AfroReggae, projeto
idealizado há três décadas por José Junior, criador da série: “Eu fui
impactado por um homem que parecia um super-herói. Betinho tinha um corpo
muito frágil e, ao mesmo tempo, uma espécie de armadura de um samurai.
Dificilmente eu seria quem eu sou se eu não tivesse sido impactado pelo
Betinho”, reflete.
A série revela um lado pessoal pouco conhecido do ativista, a partir de uma
trama familiar no centro da narrativa, costurada por eventos históricos, como
a campanha das Diretas Já. “Quisemos abordar uma visão mais humana, mais
íntima do Betinho, uma figura tão relevante da nossa história”, explica Lipe
Binder, diretor geral da obra biográfica. “O Betinho teve um impacto imenso
para a sociedade brasileira. Ao longo dos episódios, mostramos como as ações
de um indivíduo podem influenciar positivamente uma sociedade. E acredito que
essa característica seja comum entre ele, seus colegas e colaboradores, além
de pessoas que ele inspirou”, exalta Alex Medeiros, que assina a redação final
da série.
Entre as locações, a trama passeia por lugares simbólicos da trajetória do
homenageado, como as ruas da capital paulista e a igreja da Candelária, no Rio
de Janeiro. A série contou ainda com a participação ativa da família de
Betinho, em especial de Daniel Souza, seu filho, um dos consultores e produtor
associado da obra. “A matéria prima dele, que sempre o moveu, acredito que
seja essa: a indignação. Meu pai nasceu indignado e morreu indignado”, destaca
Daniel. Na produção, é o ator Filipe Bragança quem revive a relação entre
filho e pai ao interpretar Daniel. A série traz ainda outros personagens que
fizeram parte do convívio do sociólogo, como Dona Maria, mãe do protagonista,
interpretada em diferentes fases por Silvia Buarque e Walderez de Barros. Já
Ravel Andrade, encara uma inusitada irmandade dentro e fora de cena com Julio
Andrade: irmãos na vida real, eles contracenam como os também irmãos Chico
Mário e Betinho. Outro irmão de Herbert de Souza que ganha destaque na trama é
Henfil, cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro, personagem
de Humberto Carrão. No campo afetivo, Leandra Leal é Irles Carvalho, primeira
mulher do sociólogo e mãe de Daniel; e Julia Shimura é Maria Nakano, sua
companheira até o fim da vida e mãe de seu segundo filho, Henrique.
Outras figuras reais marcam presença na trama, como Atila Roque (Michel Gomes)
e Carlos Afonso (Luiz Bertazzo), grandes parceiros de Betinho na luta pelos
direitos humanos no IBASE, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas fundado em 1981 pelo sociólogo e por Carlos e Marcos Arruda (Higor
Campagnaro); Nádia Rebouças (Andréia Horta), publicitária e ativista social
com relevante atuação ao lado de Betinho na luta contra a miséria; Terezinha
Mendes (Sirlea Aleixo), amiga do homenageado e criadora do slogan “Quem Tem
Fome, Tem Pressa”; e dois grandes ícones da cultura popular brasileira, Elis
Regina (Elá Marinho) e Chico Buarque (Mouhamed Harfouch).
Criada por José Junior, com roteiros de Alex Medeiros, Sergio Machado, Armando
Praça, George Walker, José Júnior, Manaíra Carneiro e Rafaela Camelo; redação
final de Alex Medeiros; direção de Lipe Binder e Julio Andrade; e direção
geral de Lipe Binder. A série Original Globoplay é produzida pela AfroReggae
Audiovisual, em parceria com a Formata Produções e Conteúdo e o
Globoplay.