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O segundo programa inédito da nova temporada do Trilha de Letras, produção semanal da TV Brasil, traz uma instigante conversa do escritor Itamar Vieira Junior com a apresentadora Eliana Alves Cruz nesta quarta (8), às 22h. A entrevista exclusiva foi gravada na BiblioMaison.
O convidado destaca seu mais recente livro, "Salvar o Fogo" (2023), e lê um trecho dessa sequência do best-seller "Torto Arado" (2019), na atração que fica disponível no app TV Brasil Play. O conteúdo também tem uma versão na Rádio MEC, no ar às quartas, mais tarde, às 23h.
A nova publicação do premiado autor baiano é a segunda parte de uma trilogia iniciada com a elogiada obra que rendeu a Itamar o Jabuti na categoria Romance Literário, além de diversas outras premiações como o Leya e o Oceanos. Sucesso com mais de 900 mil exemplares vendidos, o livro "Torto Arado" ainda foi tema de uma questão na primeira prova do Enem este ano, no início de novembro.
Durante o papo, o entrevistado revisita o premiado título, que primeiro conquistou a crítica portuguesa antes de ser lançado no Brasil. Itamar explica os pontos de intersecção entre "Torto Arado" e seu novo romance "Salvar o Fogo".
"A questão principal é imaginar nossa relação com a terra, com o chão. Estou pensando não só na terra que é cultivada, mas também no chão que a gente pisa na nossa casa e nas ruas da nossa cidade. A vida humana é indissociável do território. E muitas pessoas estão privadas disso", comenta o célebre autor.
O quadro "Dando a Letra", com uma dica semanal de leitura, tem a participação da booktuber Tamy Ghannam que indica o livro "Fantasma", de Nilton Resende. O romance traz uma narrativa contemporânea que capta o espírito dos nossos tempos a partir da presença de um quarto de hospedaria.
Brasil profundo e influências literárias
O escritor Itamar Vieira Junior conta para Eliana Alves Cruz como sua experiência como geógrafo e funcionário público do Incra permitiu que ele conhecesse melhor os rincões do chamado Brasil profundo. "A geografia me deu a possibilidade de pensar a paisagem do romance não como cenário ou palco, mas como mundo vivo onde as personagens estão transitando", reflete.
Essa compreensão amplia os horizontes na visão do entrevistado. "Penso que a literatura é uma semente que permite vislumbrar a história e a nossa existência de uma maneira mais sensível. A literatura nos dá esses elementos de subjetividade para que a gente possa entender a história", completa.
A escrita à mão é outro assunto em pauta que surge na conversa. "Eu começo e gosto de escrever à mão. Só o papel e a caneta é um mundo sem distrações. O tempo da escrita cursiva acompanha o tempo do raciocínio. Então eu consigo me conectar comigo mesmo de uma maneira mais eficiente",
Itamar revela suas influências literárias, fala sobre oficinas de escrita e discorre sobre viver de literatura. O autor ainda aborda a importância do resgate da ancestralidade e pontua a contribuição da narrativa ficcional para a formação das novas gerações. "A literatura é um convite para o leitor imaginar e pensar o mundo de uma maneira diferente", define.
No decorrer do papo, o convidado recorda passagens de sua trajetória como a oportunidade em que, aos 17 anos, conheceu Jorge Amado e Zélia Gattai. Itamar ressalta o acolhimento e a segurança que sentiu no encontro com os consagrados escritores de clássicos como "Capitães da Areia" (1937) e "Anarquistas, graças a Deus" (1979), respectivamente.
Ele lembra que o acesso aos autores mudou muito de lá para cá com o advento da internet. "Hoje mantemos redes sociais e participamos de feiras. Acho que isso incentiva as pessoas a lerem. Conquistamos mais leitores com essa interação", salienta Itamar sobre essa experiência de identificação.
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