Divulgação Laura Campanella - Serendipity |
Novos episódios de 'Fim' chegam nesta quarta-feira (01/11) ao Globoplay! A série original, escrita por Fernanda Torres e baseada em livro homônimo de sua autoria, traz a história de cinco amigos e das mulheres com quem eles se envolvem, em uma trama profunda, recheada de encontros e desencontros, que mostra o processo do envelhecimento e da construção e quebra de expectativas. O primeiro episódio está aberto para quem ainda não é assinante do streaming.
Instigante, cômica e ao mesmo tempo melancólica, a obra já fisgou a atenção de quem leu o best-seller e agora vai envolver quem der play na adaptação para o audiovisual. Com 10 episódios, sendo disponibilizados dois à cada quarta-feira, 'Fim’ é criada e escrita por Fernanda Torres, com supervisão de adaptação de Maria Camargo. A direção artística é de Andrucha Waddington e a direção de Daniela Thomas. A produção executiva é de Isabela Bellenzani (Estúdios Globo), Mariana Vianna (Conspiração) e Renata Brandão (Conspiração). A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
Confira as entrevistas com a criadora e com o diretor artístico, Andrucha Waddington.
Entrevista com a autora Fernanda Torres
'Fim' nasceu de um pedido do Fernando Meirelles para que você escrevesse um conto sobre a velhice para ser transformado em série. Acabou virando livro e a série começou a ser rodada quase dez anos depois. Conte um pouco sobre essa trajetória?
O Fernando tinha o plano de reunir diferentes autores para escreverem contos sobre a velhice. Esses contos seriam, mais tarde, transformados numa série sobre a terceira idade. Eu nunca havia escrito nada de ficção, fazia crônicas, mas gostei do desafio e acabei intuindo os cinco minutos finais da vida de um velho de Copacabana, que passeia pela rua pensando na própria vida, até morrer atropelado. O Fernando mandou o conto para a editora Cia das Letras, mas o projeto de série para TV acabou sendo abortado. Na verdade, ele se transformou n’Os Experientes, que o Fernando fez. Terminado o conto, ao qual dei o nome de ‘Fim’, achei que poderia escrever os cinco minutos finais de todos os amigos citados pelo Álvaro, o atropelado. Intuí que havia um livro ali e propus à Cia das Letras desenvolvê-lo. A morte do Álvaro se transformou no primeiro capítulo, seguido dos outros quatro personagens: Sílvio, Neto, Ribeiro e Ciro, entremeados pelos capítulos que descrevem as cinco companheiras desses homens, Irene, Norma, Célia, Suzana e Ruth.
O ‘Fim’ tem um espírito de cinema – ou televisão, já não sei, virou tudo uma coisa só – de grupo. Foi um projeto com esforço coletivo muito grande... 290 locações, quatro décadas, envelhecimento crível.
A série mostra toda uma trajetória desses personagens, desde a juventude. Os amores, os encontros, as famílias formadas, as desilusões ao longo da vida. Não se trata só da morte, mas de boa parte da vida deles. Como você descreve essa história?
O ‘Fim’ é sobre a vida. A vida pelos olhos de quem acaba de deixá-la. Tudo é memória. No momento da morte não tem mais passado e futuro, todas as lembranças se tornam presente. Durante as filmagens, foi preciso dividir as fases vividas pelos personagens - a juventude, o casamento e os filhos, a maturidade e a velhice - para, na edição, voltar a misturá-las, como no roteiro. Filmou-se primeiro os 50 anos, depois os 30, os 40 e, por último, os 80. Os atores começaram no terço da vida dos personagens, com 50, voltaram no tempo, rejuvenescendo para os vigorosos 40; depois foram jovens de 30 e, os que sobreviveram, pularam para os 80. Estava no rosto deles a dimensão de uma vida toda, quase 50 anos filmados em 14 semanas. Esse é o assunto principal da tragicomédia ‘Fim’: o tempo, a ação do tempo na vida de nove amigos de Copacabana.
O livro é focado na história de cinco amigos. Por que você optou por iluminar ainda mais personagens para a TV?
A primeira pessoa no livro é dos homens, são eles que falam, pensam, imaginam, falando direto com o leitor. As mulheres são consequência deles, descritas na terceira pessoa. Na série, é de igual para igual. A história é tanto delas quanto deles. ‘Fim’ é sobre esses amigos em uma geração que foi jovem na bossa nova, que planejou se casar, ter filhos e ser feliz, e acabou atropelada pela revolução de costumes, pelo divórcio, a pílula, e a loucura de cada um. Era - e é - uma série delicada porque grande parte dela se passa num período de livre exercício do machismo. Não é uma série denúncia, está mais para a vida como ela era. É sobre o tempo e as mudanças inevitáveis agindo sobre todos.
Entrevista com o diretor artístico Andrucha Waddington
‘Fim’ se passa no Rio de Janeiro e corre por um pouco mais de quatro décadas. Como foi gravar em locações externas e reproduzir esses cenários e os comportamentos dessas épocas? Mudou muita coisa ao longo desses anos?
A história se passa no Rio de Janeiro ao longo de quatro décadas, começando no final dos anos 1960 e terminando em 2012. Foi um desafio muito grande achar locações externas que fossem condizentes com essas épocas. Muitas coisas de Copacabana acabamos filmando no Centro da cidade. Para outras cenas, buscamos locais preservados em Copacabana. Um dos elementos que ajudam a replicar a época são os carros antigos que colocamos em cena. Além de, claro, o figurino, maquiagem, caracterização, cabelo e direção de arte, que fazem com que as cenas externas sejam críveis e transportem o espectador para todas estas décadas.
Quais são, para você, as principais características de ‘Fim’?
Primeiro, um elenco espetacular em que temos Fabio Assunção, David Junior, Bruno Mazzeo, Thelmo Fernandes, Marjorie Estiano, Débora Falabella, Heloisa Jorge, Laila Garin, Emilio Dantas e um casal de meninas que são a Tainá Medina e a Marina Provenzzano. Também temos participações especialíssimas de Fernanda Torres como Celeste, Ary Fontoura e Zezé Mota fazendo os pais de Célia, personagem de Heloisa Jorge, além de um grande elenco. Com esses nove personagens principais – esse ensemble de protagonistas – temos um retrato da sociedade e dessa mudança de comportamento que aconteceu ao longo das décadas, onde o mundo era muito machista e vai se modificando ao longo do tempo.
Quais escolhas e referências estéticas te ajudam a contar a história desses amigos?
As grandes referências estéticas a gente buscou em materiais de arquivo, filmes e produtos de audiovisual destas décadas. Essas foram as grandes referências para a gente criar toda a ambientação da história.
O que os espectadores podem esperar de ‘Fim’?
‘Fim’ é uma série que, pode-se dizer, é rodriguiana. Fala de uma classe média que mora em Copacabana ao longo de quatro décadas, de um grupo de amigos que vão se separando, de casamentos que vão terminando e da finitude da vida. Eles vão da juventude até a descoberta de que a vida é finita. ‘Fim’ fala disso com humor, drama, tragédia e alegria. Isso faz com que ela tenha algo de Nelson Rodrigues na sua alma.
Qual a grande mensagem que a série passa, na sua opinião?
A grande mensagem da série é que a vida é finita e temos que aproveitar ao máximo. O tempo passa mais rápido do que imaginamos e, quando vemos, a vida já se foi.