TV Brasil celebra Luiz Carlos Barreto e exibe mostra de filmes

Divulgação Fernando Frazão/Agência Brasil

Em homenagem à trajetória cinematográfica do consagrado diretor Luiz Carlos Barreto, a TV Brasil apresenta uma série de filmes da produtora L.C. Barreto, que completa seis décadas de atividades este ano, e exibe uma edição especial do programa Cine Resenha com a presença do cineasta e de sua esposa, a ilustre produtora Lucy Barreto.  

O casal bate um papo com a apresentadora Priscila Rangel sobre clássicos do Cinema Novo e revelam histórias marcantes sobre grandes produções da sétima arte brasileira. Em 2003, Barretão comemora 95 anos, enquanto Lucy festeja 90. Ao fim da conversa, o público assiste, na íntegra, o longa "Dona Flor e seus Dois Maridos" (1976). 

A mostra temática com clássicos do cinema nacional começa a exibição do histórico longa-metragem dirigido por Bruno Barreto e baseado na obra homônima de Jorge Amado. A trama é estrelada pela diva Sônia Braga que divide a cena com os atores José Wilker e Mauro Mendonça. 

A premiada produção é uma das maiores bilheterias brasileiras de todos os tempos. Fenômeno de público no circuito, o filme foi o primeiro a superar a marca de mais de 10 milhões de espectadores nas salas do país. Com o sucesso, a película se manteve como a líder de público por mais de 30 anos. A história acompanha uma professora viúva do malandro Vadinho que se casa com um pacato farmacêutico. 

"Dona Flor divide o cinema brasileiro em antes e depois. Foi a prova de que o Brasil tem capacidade de produzir filmes de interesse internacional do ponto de vista artístico e comercial. Abriu o mercado americano e o europeu não só de cinema, como também de televisão", afirma Luiz Carlos Barreto. 

A sessão especial da emissora pública também inclui outros sucessos das telonas: "Bye Bye Brasil" (1979), de Cacá Diegues, na sexta (3), às 21h; "Garrincha, Alegria do Povo" (1962), de Joaquim Pedro de Andrade, no sábado (4), às 14h; e "O Quatrilho" (1995), de Fabio Barreto, no domingo (5), às 14h.  

Nos próximos dias, o canal também apresenta outras obras como os dramas "O Beijo Asfalto" (1980) e "O Que é Isso, Companheiro?" (1997), ambos de Bruno Barreto, e o documentário "Isto é Pelé" (1974), de Eduardo Escorel e Luiz Carlos Barreto. 

Conversa sobre bastidores e perspectivas do cinema nacional 

Durante a entrevista para a apresentadora Priscila Rangel, Luiz Carlos Barreto e Lucy Barreto recordam o primeiro contato profissional com o cinema, mencionam a participação em grandes produções nacionais, destacam a influência de grandes parceiros como Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha. 

Luiz Carlos Barreto assinou a fotografia de dois clássicos do Cinema Novo: Vidas Secas (1963) e Terra em Transe (1967). Barretão e Lucy contam histórias curiosas sobre as produções de filmes como "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Bye Bye Brasil" e "O Beijo no Asfalto", entre outras. 

No papo, os veteranos também explicam o fascínio da família pela sétima arte. Os filhos Bruno e Fabio Barreto se tornaram importantes cineastas. A produtora L.C. Barreto é responsável por mais de 150 títulos, entre filmes de ficção, documentários e programas de televisão. 

A experiência de concorrer ao Oscar é outro destaque do programa. Eles contam sobre como foi disputar a estatueta da Academia na categoria Melhor Filme Estrangeiro com "O Quatrilho" (1995), de Fabio Barreto, e "O Que é Isso, Companheiro?" (1998), de Bruno Barreto. Os convidados ainda discutem o orçamento do cinema brasileiro. 

Com bom-humor, Luiz Carlos Barreto ainda revela a origem do apelido Barretão. A alcunha foi concebida por Nelson Pereira dos Santos e o jornalista Ancelmo Gois ajudou a popularizar o nome pelo qual o querido diretor é carinhosamente chamado. 

Lucy analisa como a L.C. Barreto se mantém por tanto tempo no mercado. Também conta sobre as homenagens que a produtora vai receber em grandes festivais de cinema como Cannes. Ela ainda fala sobre a importância desse reconhecimento para a sétima arte nacional. "É o valor que é dado à produção brasileira. O cinema vende a paisagem, a música, a comida, a vestimenta; enfim a cultura do país", cita. 

Luiz Carlos Barreto ainda fala sobre a perspectiva para o futuro do cinema brasileiro. Ao projetar sobre o tema, ele aborda assuntos latentes sobre o presente da indústria audiovisual e ressalta a importância de se fiscalizar a cota de tela para equalizar a concorrência entre os produtores de conteúdo. 

"A indústria do audiovisual e do cinema, além do seu fator comercial, é formadora de hábitos e costumes", pontua o diretor Barretão que ainda discute a capacidade de produção das emissoras públicas do país. 

Trama da comédia "Dona Flor e seus Dois Maridos" 

A TV Brasil apresenta a primeira adaptação do romance de Jorge Amado "Dona Flor e seus Dois Maridos" para o audiovisual, lançado em 1976, com a atriz Sônia Braga no papel principal. O elenco ainda tem José Wilker, como Vadinho, e Mauro Mendonça, como Teodoro. 

O filme nacional ganhou dois Kikitos no Festival de Gramado nas categorias Melhor Diretor e Melhor Trilha Sonora. O longa-metragem dirigido por Bruno Barreto ainda foi indicado ao BAFTA, na categoria Melhor Revelação (Sônia Braga), e ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. 

No início dos anos 1940, em Salvador, a sedutora professora Dona Flor (Sônia Braga) é casada com o mulherengo Vadinho (José Wilker) que só quer saber de farra e jogatina até altas horas nas boates da cidade. 

A vida repleta de abusos e noites em claro leva o malandro à morte precoce em um domingo de Carnaval de 1943. Viúva, Dona Flor fica inconsolável. Apesar dos inúmeros defeitos, Vadinho era um excelente amante. 

Em pouco tempo, a jovem se casa de novo, com o recatado e pacífico farmacêutico da cidade. Teodoro Madureira (Mauro Mendonça) é exatamente o oposto do primeiro marido. Dona Flor passa a ter uma vida mais estável e tranquila, porém entediante. 

Com saudades do falecido, Dona Flor acaba provocando a volta dele em espírito que só ela enxerga. De tanto "chamar" por Vadinho, um dia o fantasma do amado aparece nu para ela na cama. Seduzida pelo finado esposo, a mulher fica em dúvida sobre o que fazer com os dois maridos que dividem o seu leito. 

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