Filme inédito explora ligação controversa entre Europa e Brasil na fabricação e uso de pesticidas

Cena do documentário 'Pesticidas - O Pesadelo Brasileiro' (Divulgação: Curta!)

O documentário inédito ''Pesticidas: O Pesadelo Brasileiro'', a ser exibido no Curta!, revela a perigosa ligação entre a Europa e o Brasil na fabricação e no consumo de pesticidas agrícolas. O filme, realizado por Stenka Quillet e escrito por Anne-Vigna com Nicolas Glimois, foca em dois grandes eixos: os grandes fabricantes europeus que faturam bilhões com a exportação de agrotóxicos proibidos na Europa e o uso indiscriminado desses mesmos produtos pelos gigantes do agronegócio brasileiro. Há ainda uma consequência inesperada para os próprios europeus: como num círculo vicioso, eles importam o que é produzido nas plantações brasileiras e, consequentemente, acabam consumindo agrotóxicos proibidos em seus países.

''Pesticidas: O Pesadelo Brasileiro'' mostra que, a cada ano, cerca de 80 mil toneladas dessas substâncias são vendidas ao país por empresas como a suíça Syngenta e as alemãs Basf e Bayer. Em paralelo, aqui há uma legislação permissiva ao uso de químicos já banidos em solo europeu há décadas, além de práticas também proibidas como a disseminação através de aviões de pequeno porte. 

Enquanto tais corporações lucram, cidades inteiras — sobretudo os trabalhadores rurais — sofrem com as consequências da contaminação dos alimentos, do solo e da água. Além das gigantescas áreas ocupadas pelas monoculturas de soja, milho e algodão — que tomam o lugar de matas nativas do Cerrado brasileiro —, o agronegócio brasileiro cria “zonas sacrificiais”, onde a população está mais vulnerável aos impactos dos pesticidas. Como num círculo vicioso, os europeus importam o que é produzido nas plantações brasileiras e, consequentemente, acabam consumindo agrotóxicos proibidos em seus próprios países.

O documentário baseia-se na pesquisa da professora da USP e geógrafa Larissa Bombardi, que revela como a indústria química europeia depende da expansão das áreas agrícolas no Brasil. Ao ser convidada a Bruxelas por eurodeputados, a professora pediu à União Europeia que revisse seus padrões de comércio e impedisse suas transnacionais de venderem ao Brasil os defensivos agrícolas proibidos pelo bloco. 

''É desumano vender substâncias que são proibidas no próprio território. A população no Brasil vale menos? Cerca de 20% da população intoxicada no Brasil é composta por crianças e jovens de 0 a 19 anos. Então, estamos diante de uma forma de infanticídio. Eu fico tranquila para usar essa palavra porque os dados mostram isso. O que são 500 bebês intoxicados com agrotóxicos? Como isso é possível?'', disse Bombardi em depoimento para o documentário. Os dados alarmantes apresentados por ela indicam que o total de bebês intoxicados pode chegar a 25 mil. 

No Brasil, o tema dos agrotóxicos parece ser um tabu devido ao grande poder político-econômico do agronegócio. No entanto, jornalistas, pesquisadores, cientistas e demais ativistas ambientais se esforçam para informar a população e pressionar os parlamentares. O documentário destaca que, a cada ano, cinquenta deles são assassinados no Brasil. A própria produção do filme foi marcada por incidentes, incluindo ameaças a membros da equipe e a necessidade de apagar partes da gravação devido a pressões locais.

O documentário traz um pouco do contexto político dos últimos anos. Após a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, os grandes donos do agronegócio — apelidados de “ruralistas” — ganharam carta branca para garantir seus interesses. Por fim, o longa deixa em aberto o que acontecerá com a política ambiental do Brasil a partir de 2023, com o início de um novo governo. O noticiário recente, porém, revela que nada mudou. No primeiro semestre deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprovou o registro de 231 pesticidas, mantendo um ritmo semelhante ao do primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro.

“Pesticidas - O Pesadelo Brasileiro” pode ser assistido também no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br. Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. O documentário tem produção da ARTE France. A estreia é na Sexta da Sociedade, 8 de setembro, às 23h.

Último episódio de ‘Viagem Através do Cinema Francês’: os anos 1960

A parada final da viagem do diretor Bertrand Tavernier pela história da produção cinematográfica francesa chega ao Curta! No oitavo e último episódio da série ''Viagem Através do Cinema Francês'', intitulado “Meus Anos 60”, o foco está em cineastas que marcaram a década de 1960, como Jacques Rouffio, Jacques Deray, Alain Resnais, Jean-Louis Bertuccelli, entre outros.

Tavernier — que protagoniza e dirige a série — analisa não apenas a obra desses grandes diretores, mas fala com propriedade sobre os bastidores de alguns de seus filmes mais consagrados, descreve o modo como trabalhavam e suas características profissionais e pessoais mais marcantes, além de apresentar as inovações e o legado que deixaram para a sétima arte.

Como em toda a série, o episódio conta com um rico acervo de entrevistas dos cineastas citados e com cenas dos filmes lembrados por Tavernier. Entre eles, “Rififi em Tóquio” (“Rififi à Tokyo”, 1963) de Deray; “Remparts d'Argile” (1971) de Bertuccelli; “L’Horizon” (1967) de Rouffio; e “Noite e Neblina” (“Nuit et Brouillard”, 1956) de Resnais. Apesar de focar no trabalho dos diretores, Tavernier também comenta sobre outros profissionais como roteiristas, cinegrafistas e atores — como Alain Delon em “A Piscina” (“La Piscine”, 1969).

Além da exibição do Curta!, “Viagem Através do Cinema Francês” pode ser assistida na íntegra no Curta!On - Clube de Documentários, disponível na ClaroTV+ e em Curta!On.com.br. A estreia é na Quarta do Cinema, 6 de setembro, às 23h.

Segunda da Música (MPB, Jazz, Soul, R&B) – 04/09

22h – “Daquele instante em diante” (Documentário)

O cantor e compositor Itamar Assumpção é tema deste documentário, que percorre sua trajetória musical desde os anos da vanguarda paulista, na década de 1980, até sua morte, aos 53 anos. Com depoimentos daqueles que conviveram com o artista, o filme reúne uma seleção de imagens raras garimpadas em acervos e arquivos particulares que mostram sua presença antológica nos palcos, além dos momentos de intimidade entre amigos e familiares. Direção: Rogério Velloso. Duração: 110 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 05 de setembro, terça-feira, às 02h e às 16h; 06 de setembro, quarta-feira, às 10h; 09 de setembro, sábado, às 22h; 10 de setembro, domingo, às 13h.

Terça das Artes (Visuais, Cênicas, Arquitetura e Design) – 05/09

23h30 – “Companhias do Teatro Brasileiro” (Série) - Episódio: “Teatro de Arena” - INÉDITO

Fundado em São Paulo, em 1953, o Teatro de Arena foi um dos mais importantes grupos cênicos brasileiros das décadas de 1950 e 1960. Pequeno, mas sempre lotado, o Teatro de Arena formou grandes atores e atrizes durante suas apresentações. A companhia reuniu espetáculos de baixo custo, apresentados em formato de arena, aproximando os artistas do público e falando, principalmente, sobre liberdade. Direção: Roberto Bomtempo. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 06 de setembro, quarta-feira, às 03h30 e às 17h30; 07 de setembro, quinta-feira, às 11h30; 09 de setembro, sábado, às 18h30; 10 de setembro, domingo, às 08h30.

Quarta de Cinema (Filmes e Documentários de Metacinema) – 06/09

23h – “Viagem Através do Cinema Francês” (Série) - Episódio: “Meus Anos 60” - INÉDITO

Um olhar para a filmografia de diretores que deixaram suas marcas na inspirada década de 1960: Jacques Rouffio, Jacques Deray, Alain Resnais e Jean-Louis Bertuccelli Direção: Bertrand Tavernier. Duração: 52 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 07 de setembro, quinta-feira, às 03h e às 17h; 08 de agosto, sexta-feira, às 11h; 09 de setembro, sábado, às 13h; 10 de setembro, às 18h.

Quinta do Pensamento (Literatura, Filosofia, Psicologia, Antropologia) – 07/09

19h30 – “Caminhos dos Orixás” (Série) - Episódio: “Ewá - A senhora das possibilidades” - INÉDITO

Se você gosta de contemplar o pôr do sol, se tem dificuldade de ver o dia amanhecer porque a neblina não permitiu, você teve um encontro com Ewá. Sua essência é a vida em potência, mas uma vida regada de mistério. Senhora dos mistérios, Ewá enganou Ikú e livrou Orunmilá da morte. Direção: Betse de Paula. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horário alternativo: 08 de setembro, sexta-feira, às 05h30 e às 13h30; 09 de setembro, sábado, às 07h30 e às 20h30; 10 de setembro, domingo, às 10h30.

23h – “O que Possuímos? - O Conceito de Propriedade ao Redor do Mundo” (Série) - Episódio: “Meu Corpo me Pertence” - INÉDITO

De acordo com John Locke, a propriedade é um direito natural que vem da autopropriedade. Pode-se perguntar se esse direito de propriedade sobre si é absoluto ou se os limites restringem seu alcance. Em outras palavras: nós realmente possuímos nosso corpo, como afirma o slogan feminista “meu corpo pertence a mim”? E, ainda mais, alguém pode possuir o corpo de outro, de um escravizado? Direção: Gérard Mordillat, Christophe Clerc e Bertrand Rothé. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 08 de setembro, sexta-feira, às 03h e às 17h; 09 de setembro, sábado, às 21h; 10 de setembro, domingo às 11h.

Sexta da Sociedade (História Política, Sociologia e Meio Ambiente) – 08/09

23h – “Pesticidas - O Pesadelo Brasileiro” (Documentário) - INÉDITO

Todos os anos, vários pesticidas são retirados do mercado europeu por serem considerados muito perigosos, de acordo com dados científicos. No entanto, os fabricantes de herbicidas e fungicidas encontraram um refúgio seguro para seus produtos recém-banidos: o Brasil. Direção: Stenka Quillet. Duração: 52 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 09 de setembro, sábado, às 03h e às 16h30; 10 de setembro, domingo, às 23h.

Sábado - 09/09 

20h – “Cale-se” (Série) - Episódio: “Driblando a Censura”

Este episódio aprofunda os efeitos da promulgação do AI-5 e a produção dos artistas da MPB atuantes na época. Roberto Menescal e Jards Macalé resgatam memórias da relação com os censores, do uso de subterfúgios para driblá-los e das músicas que enfrentaram problemas para serem liberadas. Roberto Menescal explica que qualquer conteúdo julgado de mau gosto, contra a instituição familiar, com alusão à sexualidade ou uso de drogas também era vetado. O advogado João Carlos Muller relembra como a situação piorou a partir de 1973, quando foi instituída a DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas). Os números musicais relembram as canções “Partido Alto” e “Geleia Geral”. Direção: Marcus Fernando. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horário alternativo: 10 de setembro, domingo, às 10h.

Domingo - 10/09 

21h30 – “Fotografação” (Documentário)

Narrado em primeira pessoa pelo diretor Lauro Escorel, “Fotografação” discute a representação do Brasil através do tempo e do trabalho de diversos fotógrafos, e chega aos dias atuais, refletindo sobre o impacto da fotografia digital na sociedade e no cotidiano da profissão. São vários os profissionais abordados pelo longa, que contribuem com lindas imagens e com importantes considerações. Entre eles, estão Boris Kossoy, Luiz Carlos Barreto, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Marc Ferrez, Hildegard Rosenthal e José Medeiros. Direção: Lauro Escorel. Duração: 75 min. Classificação: 10 anos.

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