Divulgação TV GLOBO / CEDOC |
Tonho da Lua, interpretado por Marcos Frota em 'Mulheres de Areia', é um dos personagens mais lembrados por todos que assistiram esse clássico da teledramaturgia brasileira. Enteado de Donato (Paulo Goulart) e irmão de Glorinha (Gabriela Alves), o jovem escultor é apaixonado por Ruth (Gloria Pires) e foge dos maus-tratos de Raquel (Gloria Pires).
Ingênuo e muitas vezes lírico, ele esculpe mulheres de areia na praia, mas vive sendo perseguido por Raquel, que destrói suas artes e o ofende sempre que pode. Na novela, que será exibida a partir de 26 de junho no ‘Edição Especial’, Tonho também sofre nas mãos de Donato, seu padrasto, um homem rude e violento, que explora todos os pescadores da fictícia Pontal D'Areia.
Quando as gêmeas Ruth e Raquel se envolvem em um acidente no mar e apenas uma delas é resgatada, Tonho reconhece que a encontrada foi Ruth, que está segurando a aliança da irmã. Sabendo que ela é apaixonada por Marcos (Guilherme Fontes), rapaz com quem a gêmea má se casou apenas por interesse, Tonho coloca a aliança no dedo de Ruth e, quando ela desperta, todos pensam ser Raquel. Por causa de Tonho, uma irmã acaba assumindo o lugar da outra.
Apesar de alimentar um amor puro e genuíno por Ruth, no fim da história, Tonho se encanta por um circo que passa pela cidade e decide ir embora para viver do picadeiro. Marcos Frota, que além de ator é trapezista e empresário, vê sua vida pessoal se cruzar com a desse personagem, já que é um importante expoente da história do circo no país.
Confira a entrevista com Marcos Frota:
Qual foi a maior inspiração para construir o personagem Tonho da Lua? Quais foram as suas referências?
O Tonho da Lua foi inspirado basicamente no texto da dona Ivani Ribeiro, com o auxílio da Solange Castro Neves. Ali no texto já tinham todas as indicações que eu precisava para poder construir o personagem, com a direção do Wolf Maia. Outras duas inspirações que eu tive foram, primeiro, um vendedor de sorvete que tinha na minha cidade, Guaxupé, no sul de Minas Gerais. Acho que o nome dele era Augusto, a gente o chamava de ‘seu Gustin’. Ele era um vendedor de sorvete que andava de um certo jeito, usava umas botininhas da roça, com um jeito único de falar e se comunicar... eu passei a observá-lo. Levei muito das características de ‘seu Gustin’, o sorveteiro mais querido da minha cidade, e meio Tonho da Lua, no sentido lúdico. Outra pessoa que eu me inspirei foi no meu filho, Tainã, que tinha três anos. A infantilidade dele me dava um pouco o tom infantil que o Tonho da Lua tinha, a pureza do Tonho da Lua.
Quais foram os principais desafios de interpretar um personagem tão marcante como Tonho da Lua?
Eu vi a novela ‘Mulheres de Areia’ na TV Tupi de São Paulo, com a Eva Wilma fazendo Ruth e Raquel, e o Gianfrancesco Guarnieri interpretando o Tonho da Lua. Aquilo me marcou muito, e eu percebi, então, que eu tinha um enorme desafio pela frente. Eu procurei dar um pouco mais de ludicidade, transformar o Tonho da Lua num personagem um pouco mais lúdico, já que ele é um artista, um artista das areias, das esculturas. Sem dúvida nenhuma, o maior desafio de interpretar um personagem tão complexo e tão marcante foi estudar o texto. O texto é um clássico da nossa teledramaturgia e exige que o ator tenha muita atenção. Contracenar, também, com atores como Laura Cardoso, Paulo Goulart, Raul Cortez e, principalmente, a Gloria Pires, vivendo Ruth e Raquel, exigiu o máximo de mim. São grandes atores, que vinham para a cena com muita força, intensidade. Eu tinha que chegar com o texto muito estudado, para que eu pudesse realmente contracenar com colegas tão talentosos, tão intensos, com uma interpretação tão mágica.
Em que medida interpretar Tonho da Lua teve impacto na sua trajetória profissional?
O Tonho da Lua primeiro arrancou a máscara da minha vaidade. Esse talvez tenha sido o maior impacto na minha trajetória, na minha carreira. Eu entendi, definitivamente, o exercício do ofício, da arte de representar, da arte de interpretar. A importância do trabalho em equipe, a presença magnânima de um diretor de telenovela e, claro, um texto espetacular da dona Ivani Ribeiro, que é uma das maiores autoras que o nosso país conheceu. Um trabalho em equipe, a ausência de vaidade, e exercício do ofício, foi o que mais o Tonho da Lua me ensinou.
Tonho da Lua é um personagem lembrado até hoje. Na sua avaliação, quais elementos que compõem esse personagem fazem com que ele seja atemporal?
O Tonho da Lua rompeu a barreira do tempo junto com a novela, não é? É um personagem lembrado até hoje, em todo o lugar que eu chego com o meu circo ou com outro evento, as pessoas vêm conversar comigo sobre o Tonho da Lua. É um personagem que ficou. Agora, nesse momento que ele retorna, no ‘Edição Especial’, ele vai poder se apresentar a uma nova geração. Isso é muito importante, porque essa nova geração, principalmente as crianças, vão se identificar muito com as brincadeiras dele, vão ter com ele uma intimidade, vão se divertir com ele e, claro, vão acompanhar uma história linda que ele vive, de amor incondicional com a Ruthinha, interpretada pela Gloria Pires. O jeito que ele conduz a história dele, e o amor que ele tinha por aquele lugar que ele vivia, aquela prainha e os pescadores... aquilo tudo era a vida dele.
Se Tonho da Lua pudesse transmitir uma mensagem ao público, qual seria?
O Tonho da Lua me ensinou o amor incondicional, aquele amor que não espera nada em troca. Por isso é o mais rico. É o que faz você crescer. O Tonho da Lua se libertou através do amor que ele sentia pela Ruth. A gente comentava muito isso, eu e a Gloria Pires, dessa relação que o Tonho tinha com a Ruth, e o quanto isso era um momento de acolhimento. Apesar de todas as dificuldades psicológicas e temperamentais que o Tonho da Lua tinha, isso libertou o Tonho. Tanto é que, no final da novela, ele foi embora com o circo. Isso é incrível, porque é um encontro com a minha própria vida, com a minha própria carreira. Eu criei um circo brasileiro, hoje de padrão internacional, e nunca imaginei que um personagem fosse ir embora com o circo, e o personagem foi. A última cena do Tonho da Lua é ele se despedindo da cidade dele, dos amigos, e indo embora para viver a vida do circo. É quando a vida se mistura com a arte. Eu sou muito agradecido a toda a equipe, e principalmente ao público, que acompanhou com tanto entusiasmo a história de um dos personagens mais queridos que a gente conhece. Eu até hoje fico muito sensibilizado e muito grato pela relação que o público tem. A mensagem que eu gostaria de passar com o Tonho da Lua é essa: ninguém faz nada sozinho, em nenhum aspecto. É a força da equipe que determina o êxito.
'Mulheres de Areia – Edição Especial' vai ao ar de segunda a sexta-feira, logo após o ‘Jornal Hoje’. A obra tem autoria de Ivani Ribeiro com colaboração de Solange Castro Neves. A direção é de Carlos Magalhães com Ignácio Coqueiro e direção geral de Wolf Maya. A novela ainda conta com Daniel Dantas, Vivianne Pasmanter, Eloísa Mafalda, Paulo Goulart, Evandro Mesquita, Oscar Magrini e grande elenco.
Tags
Novelas