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Mesmo depois de mais de 100 anos, a Semana de Arte Moderna de 1922 continua suscitando debate. O documentário exclusivo e inédito "Semana Sem Fim", que estreia no Curta!, oferece um panorama histórico do período e sua compreensão ao longo do tempo. O evento ocorrido em três noites de fevereiro no Theatro Municipal de São Paulo marcou a história artística e cultural do Brasil. Dirigido por Marcelo Machado e Fabiana Werneck, o longa-metragem apresenta depoimentos de especialistas e estudiosos que investigaram e reconstruíram os acontecimentos, destaca a importância e o impacto duradouro da Semana de 22, além de sua contribuição na construção do modernismo brasileiro.
A narrativa é conduzida pelo professor de literatura Frederico Coelho, autor do livro "Semana sem fim: Celebrações e memória da Semana de Arte Moderna de 1922". Ele reflete sobre como, ao longo das décadas, a Semana de Arte Moderna se tornou um marco histórico que continua a inspirar e dialogar com o presente. “Um evento cujas dimensões transcendem os dias de espetáculo, os nomes envolvidos, as obras expostas ou até mesmo a ideia de moderno ali em jogo. Ela ainda está viva e incomoda, permanece em debate por ser um divisor de águas que permite ser criticado em sua própria noção de progresso. Afinal, que futuro brasileiro semearam os modernistas?”, questiona Coelho.
Já o professor e escritor Carlos Calil ressalta a atmosfera contrastante entre o Rio de Janeiro, então capital do país, e São Paulo, naquela época: a primeira era uma cidade vibrante e receptiva, a outra considerada melancólica e conservadora. Segundo Calil, o Brasil era um país atrasado em termos de arte e cultura, limitado a repetir modelos portugueses ou franceses. Não havia espaço para o pensamento original e autêntico. E uma geração de artistas e intelectuais decide repensar o papel de São Paulo e do Brasil em relação ao mundo, trazendo uma nova visão e movimentando o cenário artístico nacional.
“Por que deu certo? Porque ali tinha gente de muito boa qualidade. Oswaldo de Andrade, Mário de Andrade, Villa-Lobos, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, aquilo era um time de primeira que, por acaso, de certa forma se juntava àquela geração. Acaso geracional. Portanto, a Semana teve a importância que teve em função dessa ideia de sacudir o ambiente pasmado da cidade de São Paulo”, explica Calil.
Gênese Andrade, professora e crítica literária, compartilha suas reflexões sobre a Semana, desmistificando algumas percepções equivocadas e trazendo à tona aspectos importantes e muitas vezes negligenciados. “Fala-se muito que a semana é elitista, mas desconsideram que não eram todos artistas da elite. Por exemplo, Di Cavalcanti era do Rio e estudava em São Paulo, era muito pobre. Anita Malfatti era de uma família de classe média, perdeu o pai muito cedo, teve ajuda da família para estudar. O próprio Mário de Andrade trabalhava para se sustentar”, comenta a professora.
No documentário, a Semana de Arte Moderna é descrita como uma empreitada ousada e ao mesmo tempo divertida para esses jovens artistas. A produção é da MMTV e foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A estreia é na Terça das Artes, 06 de junho, às 22h.
'Caminhos dos Orixás': série inédita e exclusiva desvenda Exu no episódio de estreia
Orixás são divindades da mitologia africana iorubá que se popularizaram no Brasil com as religiões de matriz africana Umbanda e Candomblé. Representam uma força da natureza, um povo ou uma nação. A série inédita e exclusiva "Caminhos dos Orixás", que estreia no Curta!, apresenta 16 deles: Exu, Nanã, Ogum, Yemanjá, Oxóssi, Omolu Obaluayê, Oxum, Iansã, Oxumarê, Oxalá, Ibejis, Ossain, Xangô, Ewá, Logun Edé, Iroko. Com direção de Betse de Paula, a produção traz entrevistas com especialistas, antropólogos, pais e mães de santos e praticantes para falar de seus mitos, características arquetípicas, símbolos e sincretismos.
No primeiro episódio, intitulado "Exu - O mensageiro entre dois mundos", somos introduzidos ao universo de um dos orixás mais enigmáticos e controversos das religiões de matriz africana. Exu é descrito como o pai da comunicação, representando a boca que tudo come e sendo o primeiro a chegar e o último a sair. Ele desempenha o papel de mensageiro e intermediário entre os dois mundos, capaz de levar e trazer mensagens entre seres humanos e divindades. Sua energia é criativa, exuberante e inteligente, e é por meio dele que o povo nagô busca compreender tanto questões humanas quanto não humanas.
Um dos entrevistados, o babalorixá Babá Ajalá Deré, explica o papel de Exu: "Para nós, Olorum criou os orixás, e alguns desses orixás entram em contato com os humanos, enquanto outros são tão elevados que não vêm à face da Terra. Esses grandes e elevados orixás estão no nono céu e não retornam à Terra. Porém, existem os intermediários entre o criador e a criatura, e esses necessariamente passam primeiro por Exu. Ele é o grande embaixador, o tradutor, aquele que compreende todas as linguagens, tanto humanas quanto cósmicas".
A série também narra que, ao longo da História, Exu foi silenciado e frequentemente satanizado. Para Pai Rodney de Oxossi, babalorixá e antropólogo, é fundamental que haja uma compreensão da importância desse orixá e respeito ao povo que o cultua. "É importante ressaltar que nenhum orixá é santo. Mas Exu não é diabo nem santo, ele é Exu. Houve um sincretismo apressado e talvez cruel com Exu, mas ele simboliza e dimensiona a própria demonização do negro na sociedade brasileira", acrescenta Pai Rodney.
A produção é da Floresta Filmes e foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A estreia é na quinta-feira, 08 de junho, às 19h30.
Segunda da Música (MPB, Jazz, Soul, R&B) – 05/06
21h – “Barry White: A história do álbum Let The Music Play” (Documentário)
Dono de uma voz inconfundível, marcada por tons graves, e conhecido por ser uma verdadeira lenda do soul e da disco music, Barry White tem sua trajetória narrada neste documentário. O longa mostra a história do cantor, compositor e produtor musical americano desde a infância pobre, passando pelo tempo em que esteve na prisão por roubo, até mudar de vida ao investir na paixão pela música, deixando a criminalidade de lado. Barry White começou a carreira musical cantando em grupos vocais na década de 1960, agenciou o grupo feminino Love Unlimited, até apostar no próprio talento e estourar no início dos anos 1970 em carreira solo, com hits que se tornaram atemporais, como “You’re the first, the last, my everything”, e álbuns históricos, como “Let the music play”, produzido por ele mesmo. O documentário também aborda sua morte precoce, aos 58 anos, conta com depoimentos de alguns de seus filhos e — claro — destaca a voz de baixo-barítono do artista, apresentando trechos narrados por ele mesmo. Duração: 60 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 06 de junho, terça-feira, às 01h e às 15h; 07 de junho, quarta-feira, às 09h; 11 de junho, domingo, às 12h.
Terça das Artes (Visuais, Cênicas, Arquitetura e Design) – 06/06
22h – “Semana Sem Fim” (Documentário)
O documentário faz um apanhado histórico do que foi a Semana de 22 e de seu entendimento ao longo do tempo. O evento aconteceu em três noites no Theatro Municipal de São Paulo (13, 15 e 17 de fevereiro de 1922) e reuniu apresentações de dança e música, recitais de poesia, palestras e exposição de pinturas e esculturas. Os artistas envolvidos promoveram uma renovação no cenário artístico brasileiro. Direção: Marcelo Machado e Fabiana Werneck. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 07 de junho, quarta-feira, às 02h e às 16h; 08 de junho, quinta-feira, às 10h; 10 de junho, sábado, às 16h30; 11 de junho, domingo, às 23h.
Quarta de Cinema (Filmes e Documentários de Metacinema) – 07/06
23h – “Orson Welles: Sombras e Luz” (Documentário)
Uma figura lendária, o mito vivo do artista criativo, Orson Welles, aos 24 anos de idade, reinventou as linguagens do teatro e do cinema. Homem de mil faces, ele foi um moralista, um humanista, um Don Juan, um americano e um exilado sem lar. Foi ator, cineasta, comediante, poeta e uma eterna criança prodígio buscando retornar ao seu estado de graça. Esse documentário é uma jornada até o coração do homem por trás da lenda. Direção: Elisabeth Kapnist. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 08 de junho, quinta-feira, às 03h e às 17h; 09 de junho, sexta-feira, às 11h; 10 de junho, sábado, às 15h30; 11 de junho, domingo, às 22h.
Quinta-feira – 08/06
19h30 – “Caminhos dos Orixás” (Série) - Episódio: “Exu - O mensageiro entre dois mundos”
A série destrincha os mitos dos orixás e suas características arquetípicas, assim como seus símbolos e sincretismo. O episódio de estreia se debruça sobre Exu. Muito se diz sobre essa entidade: pai da comunicação, a boca que tudo come, o que primeiro chega e o último a sair. Criativo, exuberante e inteligente, Exu é o meio pelo qual o povo nagô busca compreender as questões humanas e não humanas. Ele personifica o arquétipo sagrado de quem tudo sabe, tudo vê e tudo compreende. Direção: Betse de Paula. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 09 de junho, sexta-feira, às 05h30 e às 13h30; 10 de junho, sábado, às 07h30 e às 20:30; 11 de junho, domingo, às 10h30.
Sexta da Sociedade (História Política, Sociologia e Meio Ambiente) – 09/06
23h – “Democracia Manipulada” (Documentário)
O documentário traz uma análise minuciosa sobre os profissionais de big data que estudam o funcionamento dos algoritmos e usam para fins políticos e eleitorais os discursos de ódio comuns nas redes sociais. Mais que isso: esses “engenheiros do caos” aprenderam a manipular esse sentimento para criar inimigos — como a imprensa e os imigrantes — e levar eleitores a se alinhar a políticos que se manifestam contra esses alvos. O documentário aborda nomes como Donald Trump, nos Estados Unidos; Matteo Salvini, na Itália; e Jair Bolsonaro, no Brasil. Seguindo a máxima de que não importa se falam bem ou mal — contanto que o político esteja no centro dos debates —, os mentores por trás da comunicação desses líderes de extrema-direita criam e disseminam polêmicas e têm como regra o ataque. Para isso, utilizam redes como o Facebook, o Youtube, o Twitter e o Whatsapp para fazer suas mensagens chegarem ao público. Entre os entrevistados do filme, estão David Nemer, professor de comunicação da Universidade da Virgínia, e a jornalista Patrícia Campos Mello, autora do livro “A Máquina do Ódio”. Direção: Alexandra Jousset e Philippe Lagnier. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 10 de junho, sábado, às 03h; 11 de junho, domingo, às 13h.
Sábado, 10/06 - Aniversário de João Gilberto (92 anos do nascimento do músico)
22h15 – “O Barato de Iacanga” (Documentário)
Os bastidores do Festival de Águas Claras, o mais lendário festival alternativo dedicado à música brasileira. A narrativa é construída a partir de Leivinha, idealizador do evento. Na época com 20 anos, ele organizou as quatro edições do festival (1975, 1981, 1983 e 1984), transformando a fazenda de seus pais no principal destino hippie daquele período. Vencedor do festival In-Edit de 2019, o longa é composto por imagens do festival — como a apresentação de João Gilberto cantando “Wave”, de Tom Jobim, em 1983 — e depoimentos de produtores e artistas que participaram do evento. Direção: Thiago Mattar. Duração: 94 min. Classificação: 16 anos. Horário alternativo: 11 de junho, domingo, às 15h30.
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