Divulgação Globo/João Miguel Júnior |
Em 'Amor Perfeito', Águas de São Jacinto está em polvorosa desde a chegada dos artistas de cinema que vieram para a cidade rodar cenas de um filme, que tem como cenário o Grande Hotel Budapeste. Na trupe estão a vedete Violeta Fernandes (Leticia Isnard), o diretor Camilo Iglésias (Mouhamed Harfouch), a atriz Lili Moreno (Carol Garcia), o grande comediante Bem-Te-Vi (Guilherme Piva) e seu irmão e câmera Carlito (Marcelo Flores).
Mobilizando uma legião de fãs – Ione (Carol Badra) que o diga –, a chegada dos artistas se dá graças a um acordo firmado com a Companhia de Cinema Brasileiro pelo Grande Hotel, ainda sob a administração de Marê (Camila Queiroz) – para desgosto de Gilda (Mariana Ximenes). Para a história, os autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. se inspiraram na Cinédia, uma das mais importantes produtoras de cinema do país nas décadas de 1930 e 1940, responsável por lançar estrelas como Carmen Miranda, Dercy Gonçalves, Oscarito e Grande Otelo.
Os atores Leticia Isnard, Mouhamed Harfouch, Guilherme Piva, Carol Garcia e Marcelo Flores falam dos seus personagens e contam detalhes sobre os bastidores. Confira!
Entrevista
Fale um pouco sobre sua personagem. Alguma inspiração para construí-la?
Leticia Isnard: Muitas inspirações! Violeta é uma diva louca, intensa, dramática, autocentrada e egoísta, frágil e temperamental. É daquelas que maltrata a camareira e seduz quem quiser. Livre e imprevisível. À frente de seu tempo, ousada, porém cruel e competitiva. Inspirei-me em todas as divas loucas e outras nem tão divas, mas bem loucas que já cruzaram meu caminho… E em figuras da chanchada como Ely Macedo, Dercy Gonçalves, além de Bette Davis em "A Malvada”.
Mouhamed Harfouch: Camilo Iglésias é um cineasta apaixonado por cinema. Eu acho que, quando ele entrou na primeira sala de projeção e viu a primeira película, se apaixonou e decidiu, ainda criança, que aquela seria a vida dele. E essa inspiração toda veio do diretor e roteirista Carlos Manga, das entrevistas que ele deu. O Carlos Manga foi uma referência citada pelo diretor da novela, o André Câmara, e também pela Duca Rachid. E, na primeira reunião de leitura desse texto, o André, que trabalhou com o Manga, me passou essa referência. Assisti a várias entrevistas dele e tentei capturar essa paixão do Manga pelo cinema. É um cara precursor, pioneiro, então fui atrás dessa inspiração. E o Camilo é muito visceral, intenso, apaixonado. Então eu bebi isso nessa referência, nessa homenagem que fazemos ao Carlos Manga.
Carol Garcia: Foi tudo muito rápido, então construí a personagem na relação com os outros atores – que são excelentes de jogo. A Lili Moreno é uma aspirante a atriz, focada em fazer qualquer coisa para conseguir o estrelato. Então ela passa por cima das pessoas, engana, mas há algo de ingênuo nela também.
Guilherme Piva: O Bem-Te-Vi é um astro do cinema, mas um astro da comédia. Ele é um dos maiores comediantes do país e trabalha com cinema no Rio de Janeiro e vai filmar na cidade de São Jacinto. Ele, chegando lá, entra num quiproquó, em um mal-entendido com a a Ione (Carol Badra), e acaba se envolvendo com ela de forma inusitada. A inspiração que tenho, e até conversei com Duca Rachid sobre, é do Oscarito, um dos nossos maiores comediantes. Vi muitos vídeos dele, vi um pouco de Jacques Tati também. E uma das coisas que fui pegando do Oscarito é a ingenuidade. Uma das características que eu gosto desse tipo de comediante é que eles trabalham com a ingenuidade, eles têm quase uma alma de criança. Então uma inspiração grande foi ele.
Marcelo Flores: A gente fez um trabalho bem interessante, cheio de vivacidade, como é próprio do cinema da época, com seus clássicos, suas comédias e chanchadas do Brasil e do mundo. Só que o Carlito é o câmera, o técnico, digamos assim, ele é o parceiro do diretor Camilo (Mouhamed Harfouch), com quem meu personagem tem momentos muito legais de troca, assim como com o Bem-Te-Vi (Guilherme Piva), que é a figura cômica da companhia e é o irmão do Carlito. Quando li o texto, pensei justamente nessa relação da pessoa que é co-criadora daquela obra, mas trabalha com a parte técnica. Então a referência que eu usei vem do próprio ambiente de trabalho, que já vivi várias vezes na TV Globo, e lembrei dos meus amigos câmeras, em especial o Luiz Bravo, e disse que iria homenageá-lo.
Como surgiu o convite? Como tem sido a recepção?
Leticia: Recebi a sinopse da personagem e me apaixonei de cara! A equipe e o elenco nos receberam com muita alegria e empolgação. Desde o início da novela já sabiam que chegaria esse momento e havia muita expectativa sobre quem iria interpretar os artistas. Eu cheguei muito animada! A novela é um primor e nossa trupe, particularmente, é um colosso! Que atores são esses?! Que privilégio contracenar com Guilherme Piva, que já me dirigiu no teatro e que, além de grande amigo, admiro demais; e com Mouhamed Fahtouch, Carol Garcia e Marcelo Flores, artistas maravilhosos, que sempre admirei. Com a preciosa orientação da preparadora Ana Kfouri e do diretor André Câmara, logo entendemos a função a dar conta: trazer uma aura de glamour e sofisticação para encantar a pequena cidade. Fomos incentivados a carregar nos tons e nas tintas, mas sempre com uma base de verdade e humanidade. Um prato cheio!
Mouhamed: Quando o convite veio, foi algo irrecusável. Eu sempre digo uma frase, “o personagem escolhe o ator”, e eu acho que o Camilo veio para mim como uma grande oportunidade de me divertir nessa novela linda. O Camilo acabou me escolhendo e foi uma grata surpresa poder entrar nessa novela que está tão bem-sucedida, acompanhado de tantos artistas que eu admiro. E a gente vem de forma intensa e avassaladora. E o bacana dessa trama é poder, nesse momento, fazer esse meta-teatro, digamos assim, de chegar dentro de uma novela para falar de cinema, de audiovisual e de cultura. A trupe chega na cidade e se depara com um cinema desativado, e vai batalhar para reconstruir o cinema de São Jacinto.
Carol: Eu estava no interior do Rio Grande do Sul nas filmagens de um longa quando recebi mensagem da produtora de elenco Ingrid Souza me fazendo o convite. Eu amei! Nunca tinha feito um trabalho de época e foi uma grata surpresa essa personagem.
Guilherme: O convite surgiu da Duca Rachid, a autora, e a gente já tem vontade de trabalhar juntos há muito tempo. Ela me convidou e foi ótimo, é um papel que está me dando grandes alegrias. É uma diversão fazer, trabalhar com chanchada, com características de uma época. Eu gosto muito de fazer novelas de época, já fiz bastante. Primeiro, porque o grupo que entra é de amigos, fora da ficção também. São pessoas que eu já trabalhei. Então isso foi muito positivo. Com o André Câmara, nosso diretor artístico, também já trabalhei em duas novelas, então tem uma intimidade grande. Os outros diretores também e o elenco, que eu já conheço há muito tempo. É uma novela muito gostosa de fazer, está muito harmoniosa. Os bastidores são divertidos, leves e a recepção foi a melhor possível.
Marcelo: Foi maravilhoso encontrar colegas antigos de outros trabalhos, pessoas da equipe também. Reencontrar, mesmo, velhos amigos, desde a última novela que eu fiz, que foi 'Quanto Mais Vida, Melhor!’. Foi um ambiente de muita alegria, de muito afeto, me senti muito feliz de estar lá. Fiquei muito feliz com o convite.
O que o público pode esperar dessa trupe?
Leticia: Com certeza, muita alegria e vivacidade. Chegamos com tramas próprias, mas também envolvendo os personagens da cidade, com muito humor e encantamento. As sequências da trupe são hilárias e incrivelmente bem escritas. A direção foi extremamente generosa, nos dando toda a liberdade de criação. Espero que estejamos à altura da maravilha que nos deram!
Mouhamed: Acho que o público pode esperar dessa trupe muita diversão! Eles vêm com tintas fortes, coloridos, para mexer com essa cidade, resgatar o cinema e rodar as cenas desse filme em São Jacinto. Acho que foi uma grande sacada dos autores.
Carol: Muita confusão, humor e personagens bem passionais. A trupe chega com cores, personalidades e presenças fortes… tudo forte (risos)!
Marcelo: A trupe do cinema vem justamente para agitar a convivência da cidade, como um grupo de teatro mambembe ou uma trupe de circo. Lembrei muito, como referência, da equipe de filmagem que chega na cidade de Asa Branca, da novela ‘Roque Santeiro’. Em ‘Amor Perfeito’ também tem esse espaço da metalinguagem com o cinema, e essa é uma criação que deve apimentar a história.
Alguma curiosidade dos bastidores?
Leticia: Meu figurino foi uma surpresa à parte. Todos os figurinos da novela são lindíssimos e bem cuidados. Os de Violeta são ousados, surpreendentes e inovadores! Um encantamento! Inventei nomenclaturas para cada um, como “Capitã Gancho”... Será que vocês vão identificar? Agradeço imensamente aos autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. pela existência de Violeta Fernandes e da nossa trupe. Uma oportunidade preciosa.
Mouhamed: A curiosidade é que o diretor André Câmara aprendeu muito com o Carlos Manga, então ele o conhece muito bem. Na nossa primeira leitura, ele me passou essa referência e, inclusive, a minha voz é inspirada no Manga e também no André, que trabalhou com ele ultimamente. Eu fui por aí tentando trazer esse vozeirão do Manga, esse peso dele e essa paixão que eu vi. O André me deu liberdade e, ele como uma pessoa que estava ali próxima do Manga, me foi uma referência muito grande e me ajudou na construção desse personagem.
Carol: Tive muitos reencontros e as boas relações são parte fundamental para que um trabalho corra com brilho. Fiquei muito feliz em reencontrar amigas da área de caracterização, figurino, e atrizes com quem trabalhei no teatro, como Bárbara Sut e Rose Lima. Fui muito bem recebida!
Guilherme: A curiosidade dos bastidores é de uma cena inusitada: a gente faz um filme de chanchada e eu faço diversas entradas de várias formas diferentes. Em uma delas, eu entro disfarçado de Violeta (Leticia Isnard), então, teve toda uma adaptação de figurino. E a principal, para mim, é uma em que eu entro de patins, andei de patins na década de 80, mas há muito tempo que eu não pegava e aí tive que fazer uma cena toda nos patins, quase me desequilibrei, voei em cima da Leticia, quase caímos nós dois, mas como era um filme de chanchada e estava gravando, acabou ficando assim (risos).
Marcelo: Eu reforçaria o prazer de reencontrar amigas e amigos de cena e fora de cena, além do pessoal que trabalha nos bastidores. Então, foi muito bom! Estou falando de pessoas como Zezé Polessa, Ana Cecília Costa, Cris Amorim, Carmo Dalla Vecchia, colegas com quem já trabalhei em outras ocasiões e a gente lembra com saudade. E eu gosto muito da novela! Acho que cumpre muito bem sua função e foi legal entrar nessa história, bem bacana.
‘Amor Perfeito’ é criada e escrita por Duca Rachid e Júlio Fischer com direção artística de André Câmara. A obra é escrita com Elísio Lopes Jr, com a colaboração de Dora Castellar, Duba Elia e Mariani Ferreira. A direção é de Oscar Francisco, Alexandre Macedo, Lúcio Tavares, Joana Antonaccio e Larissa Fernandes. A produção é de Isabel Ribeiro e Mônica Fernandes e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.
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