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A força de mulheres determinadas, cujo sucesso, em diferentes áreas de atuação, é fruto da perseverança na luta por seus filhos. Esse é o fio que conecta as personagens da segunda edição de 'Mães do Brasil'. O especial documental traz seis histórias de mulheres fortes, com diferentes idades, religiões e atividades profissionais, mas um grande elo: a luta para proporcionar aos filhos uma vida melhor, com seu próprio suor, independente das muitas barreiras que enfrentam na vida. Produzida pela Favela Filmes, com Kondzilla como produtora associada, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA), o projeto tem direção de John Oliveira e Karol Maia e vai ao ar na TV Globo nesta terça-feira, dia 2 de maio, logo após a estreia de ‘Encantado’s’.
Histórias reais que inspiram, ensinam e emocionam, iluminando a potência criativa e feminina que nasce nas periferias do país. Inspirada no projeto social ‘Mães da Favela’, da Central Única das Favelas (CUFA), a primeira edição foi ao ar na TV Globo em novembro de 2021, com histórias de seis mães diante do desafio de sobreviver à pandemia, que impactava de forma avassaladora as famílias na época. Em outro contexto, agora o especial tem o objetivo de destacar as histórias de perseverança e sucesso que nascem com a maternidade, e marca o início do mês das Mães na emissora. Na exibição, o público conhece as trajetórias de Jéssica, Maureny e Ingrid, Rafaela, Marcela, Suedy e Fátima – mulheres diversas entre si, mas que são como um espelho para a maior parte das mães país a fora.
“Estamos vivendo um momento em que está todo mundo buscando um certo tipo de inspiração, de esperança, de novos nortes, e eu acho que esse filme é um gatilho para isso, para a gente aquecer o coração, e nos ajudar a imaginar um novo Brasil, que de forma nenhuma poderia estar sendo construído sem as mulheres e sem as mulheres negras”, ressalta a diretora do especial, Karol Maia.
“Diferente do primeiro, no 'Mães do Brasil 2' a gente quis contar a história de mulheres que chegaram ao sucesso. E quando falo isso, não me refiro ao sucesso financeiro, mas sim à sua realização pessoal, ao seu sonho”, ressaltou John Oliveira, diretor do especial.
Conheça as histórias
Jéssica Azeredo tem 26 anos, é moradora da Barreira do Vasco, comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro, e sonha em ser atriz. Mãe de dois, ela ganha a vida como ambulante na praia de Copacabana vendendo café da manhã. Trabalhou durante toda a sua gestação, mas a Covid e o puerpério a obrigaram a parar. Com o fim da pandemia, Jéssica se divide entre as areias e os cuidados com os filhos.
Foi em 1988, enquanto morava na casa de seus antigos patrões em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que Maureny Silva se tornou mãe pela primeira vez – uma menina, Ingrid – e saiu do emprego para conseguir criá-la. Mesmo com dificuldade, Maureny nunca deixou de acreditar no sonho de sua filha, que, desde pequena, já demonstrava interesse pelo balé. Graças a esse empenho, Ingrid Silva hoje orgulha o Brasil e é reconhecida internacionalmente, atuando como bailarina principal da companhia Dance Theatre Of Harlem, uma das mais renomadas escolas de dança do mundo.
Moradora do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, Rafaela França é mãe de Maria, de quatro anos. Ao receber o diagnóstico de autismo, ela foi atrás de médicos e tratamentos para a filha, mas não tinha como pagar. Mesmo após arrecadar fundos em uma vaquinha na internet, ainda precisou de autorização da Justiça para conseguir o tratamento da menina. Desde então, Rafaela iniciou o movimento NEEM, que ajuda famílias em vulnerabilidade.
Marcella Dias nasceu e cresceu na Favela São Remo, no bairro do Butantã, em São Paulo. A realidade que já era difícil ficou ainda maior aos 15 anos: grávida e expulsa de casa. Ela começou com bicos de reciclagem, faxina, entrega de folhetos, e chegou a trabalhar em troca de comida, até que, aos 16 anos, conseguiu seu primeiro emprego CLT como recepcionista em um salão de beleza. Por lá ela fez cursos, se especializou, conquistou clientes e começou a crescer profissionalmente. Com o apoio do marido, venderam o carro e investiram em um salão próprio, na periferia, empregando pessoas do bairro. Deu tão certo que em apenas um ano ela já tinha outra unidade e hoje é dona de uma rede de salões.
O bairro da Plataforma, subúrbio ferroviário de Salvador, foi onde Suedy Pinho morou por toda a sua vida até o nascimento de Fernandinho, de cinco anos. Ainda jovem, decidiu seguir o caminho do pai e cursou contabilidade. Mesmo conseguindo estágios em multinacionais, Suedy resolveu apoiar o pai na empresa familiar e empreender por conta própria. Ela passou a criar conteúdo sobre empreendedorismo e contabilidade nas redes sociais, voltado especialmente para profissionais autônomos.
Mãe de quatro mulheres, uma enteada e avó de seis crianças, Fátima Gavião tem 63 anos e mora no bairro do Calabar, um dos mais violentos de Salvador. Determinada a inspirar suas filhas e netas a cursarem o ensino superior, Fátima se formou em Humanidades pela UFBA aos 58 anos, e na universidade começou a articular atividades como aulas, cursos e projetos de extensão em seu bairro. Ativista e liderança feminina importante na comunidade, é uma das criadoras do coletivo “Mulheres de Fibra do Calabar”, que promove ações de cultura, direito, saúde e esporte.
Entrevista com Karol Maia, diretora
O que é o ‘Mães do Brasil’? Como você define o projeto?
Esse é um projeto que valoriza mulheres que merecem demais ter suas histórias contadas, não só por serem histórias que estão em favelas, mas porque são mulheres muito inspiradoras, criativas e estratégicas. Um exercício que eu gosto de fazer enquanto diretora é olhar para essas histórias sob uma perspectiva de que o pouco e o mínimo são admiráveis também. Por exemplo, uma mãe preta e favelada que coloca seus filhos no curso de balé, e futuramente a sua filha se torna uma grande bailarina conhecida mundialmente – isso, para mim, é uma atitude totalmente estratégica no sentido da sobrevivência, da resiliência para imaginar novas formas de se viver e de estar dentro de uma favela.
Como foi a escolha das personagens, o que vocês buscavam, como chegaram até elas?
São mulheres que, criativamente, se colocam no mundo tanto para impactar o coletivo, quanto impactar sua vida particular, seus filhos e a sua casa. Ter a presença de mulheres negras também faz toda a diferença, porque não dá para falar de Brasil sem falar de população negra.
O programa será exibido no dia 2 para todo o país, em rede nacional, na TV Globo. Qual é a mensagem que vocês querem passar para o público?
Estamos vivendo um momento em que está todo mundo buscando um certo tipo de inspiração, de esperança, de novos nortes e eu acho que esse filme é um gatilho para isso, para a gente aquecer o coração e nos ajudar a imaginar um novo Brasil, que de forma nenhuma poderia estar sendo construído sem as mulheres e sem as mulheres negras. Eu, enquanto diretora do filme, tento construir um ambiente mais respeitador, favorável e possível para a equipe e para essas personagens.
Entrevista com John Oliveira, diretor
O que é o ‘Mães do Brasil’? Como você define o projeto?
Eu acho que a essência do 'Mães do Brasil' é homenagear as mães do país inteiro, mostrar um projeto de identificação com histórias inspiradoras, mães que se identificam com outras mães. A minha mãe foi quem me inspirou muito porque passou por muito do que essas personagens passaram. O que eu mais gosto é ter a liberdade de trazer esse olhar das mães brasileiras sem filtro e com histórias verdadeiras que fazem parte do cotidiano. As histórias trazem uma reflexão social do todo através do protagonismo dessas mães. Faz a gente refletir, chorar e entender um pouco o que é o o amor de uma mãe.
Essa é a segunda edição do especial. Quais são as particularidades desse projeto, quais as diferenças da primeira edição?
Diferente do primeiro, no 'Mães do Brasil 2' a gente quis contar a história de mulheres que chegaram ao sucesso. E quando falo isso, não me refiro ao sucesso financeiro, mas sim à sua realização pessoal, ao seu sonho.
Como foram as gravações?
Eu tenho um sentimento muito pessoal que é: para mim, as gravações são um lugar de muita troca. Eu digo que é um set diferente, em que a gente se emociona, chora, entende o outro. Acho que a gente tem essa missão de se colocar no lugar da personagem. Somos uma produtora de favela, que grava em território de favela e que entende esse território, o que permite que elas abram um pouco mais o coração.
Alinhado ao compromisso de impacto social do conteúdo da Agenda ESG da Globo, ‘Mães do Brasil’ é uma coprodução da TV Globo e Favela Filmes, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA), com Kondzilla como produtora associada, com direção de John Oliveira e Karol Maia e roteiro de Safira Moreira. Rafael Dragaud assina a supervisão artística pelos Estúdios Globo, com direção de gênero de Mariano Boni.
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