'Globo Repórter' retorna ao Parque Indígena do Xingu e mostra como há tempos defende a preservação da natureza na TV brasileira

Divulgação Globo

O respeito aos povos originários, a preservação da natureza, a denúncia de crimes ambientais e o pioneirismo na divulgação do conceito de sustentabilidade são pilares do 'Globo Repórter' há cinco décadas. No programa da próxima sexta-feira, 21, ainda na semana em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas (19 de abril), o jornalístico revê sua história de defesa dos povos originários. Com a jornalista Beatriz Castro, o ‘Globo Repórter’ refaz o caminho até o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, para visitar a aldeia dos kamayurá. Em 2003, o repórter Ivaci Matias esteve no local para acompanhar o ritual do quarup, que pela primeira vez acontecia em homenagem a um homem branco, o sertanista Orlando Vilas Boas, criador do parque. 
 
“É um povo que o ‘Globo Repórter’ já tinha visitado. E desta vez, o programa vai confirmar que eles se mantêm resilientes, preservando a floresta. Eles são os verdadeiros guardiões desse patrimônio natural, fiéis aos seus costumes, a sua cultura, as suas tradições. É uma reverência aos povos originários através dos kamayurá”, conta Beatriz, que assina a reportagem do quarto programa especial dos 50 anos, dedicado ao meio ambiente. 
 
Desta vez, a reportagem dela vai apresentar um ritual de passagem pelo qual as meninas da etnia kamayurá passam. Diante de uma oca, com apenas um buraco no lugar da janela, a repórter explica que só por ali que Poca Toalo, de 13 anos, consegue ver o mundo. “A menina é filha dessa jovenzinha que achamos nos arquivos, a Cuiá Cuiá. Há 20 anos era ela que estava em reclusão. Só ir à escola era permitido”, e agora, é a vez da menina passar pelo rito de passagem para a vida adulta. “O isolamento pode durar até 3 anos”, completa.  
 
Mas o histórico de reverência aos povos indígenas do ‘Globo Repórter’ começa bem antes. Em 1980, na abertura do programa ‘Viagem ao país dos yanomanis’, Sergio Chapelin já falava: “Quando os homens brancos chegaram ao brasil, há quase 500 anos, viviam aqui quase 5 milhões de índios. Hoje, somos mais de 100 milhões, mas os índios não passam de 200 mil”.  Em 2012, o programa ganhou uma indicação ao Emmy, o prêmio mais importante da TV mundial, depois de chegar até os Ênawêne Nawê, povo que vive na bacia do Juruema, também no Mato Grosso, e apresentar uma cultura pouco conhecida, nunca mostrada na TV aberta.
 
O programa vai trazer ainda cenas marcantes das mudanças sofridas pela Terra nos últimos 50 anos, com imagens deslumbrantes, algumas assustadoras, além do impacto na vida de quem assiste ao ‘Globo Repórter’. Tasso Azevedo, engenheiro florestal e um dos mais conceituados estudiosos dos biomas brasileiros, não se esquece da primeira imagem de desmatamento que viu pela TV, exibida pelo programa, assim como da edição dedicada à morte de Chico Mendes. “O ‘Globo Repórter, ao mostrar esse Brasil desconhecido e tão lindo, cria uma conexão afetiva nossa com a natureza, e também nos aproxima ao denunciar os problemas”, comenta. 
 
O ‘Globo Repórter’ especial sobre o meio ambiente vai ao ar após o ‘BBB 23’, e está alinhado à Jornada ESG da Globo, que é signatária do Pacto Global, maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, e tem sua atuação pautada por compromissos alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Confira abaixo a entrevista da jornalista Beatriz Castro, que assina a reportagem do programa. 
 
Qual história desse ‘Globo Repórter’ mais te impressionou?
A gente está lembrando uma tradição muito importante para eles que é da menina enclausurada quando chegar a primeira menstruação. Elas ficam dentro das malocas, sem ver a luz do sol por até três anos, se preparando para a vida adulta. Isso é muito forte!
 
Qual a relevância do programa em relação à pauta ecológica?
Nesses 50 anos, o meio ambiente foi um tema muito recorrente do ‘Globo Repórter’. Desde a cobertura de Serra Pelada, com imagens épicas, que parecem cenas bíblicas lá daquele povo, trabalhando daquela maneira no garimpo. Além da Floresta Amazônica, que visitamos tanto e alguns lugares intocados que só o ‘Globo Repórter’ chegou pela primeira vez, e de muitas denúncias, como a matança das baleias que tingia o mar de vermelho, do sangue delas, na Paraíba. A força das imagens é sempre relevante nesse programa. O ‘Globo Repórter’ sempre trabalhou com cinegrafistas muito competentes, os melhores, para trazer imagens impactantes.
 
Como é a sua relação com o ‘Globo Repórter’?
Minha relação é um pouco antiga. Tem mais de 20 anos e o primeiro programa a gente nunca esquece. Para o repórter de vídeo, da televisão aberta, fazer uma reportagem para o ‘Globo Repórter’ é um momento muito importante da carreira. É um grande sonho. O meu  primeiro programa foi sobre trabalho infantil. E a gente fez uma denúncia que mudou muito a realidade das crianças trabalhadoras e ajudou a trazer um programa do governo federal que chamava Pet. Programa de erradicação do trabalho infantil. Eram cenas muito difíceis de crianças muito novinhas trabalhando e a repercussão foi tremenda. 

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