Divulgação Globo/Estevam Avellar e Fábio Rocha |
Prepara a pipoca e o refrigerante porque as salas de 'Cine Holliúdy' serão abertas ao público mais uma vez. Em cartaz, a terceira temporada da série, que chega trazendo aqueles ingredientes que caíram no gosto do público desde a primeira temporada, mas com novos personagens, participações especiais e muita inspiração na atualidade.
Agora criada e escrita por Marcio Wilson, com direção artística de Patricia Pedrosa, Cine segue promovendo um diálogo bem-humorado entre passado e presente, e satirizando um Brasil que é ambientado na cidade de Pitombas, com uma bela homenagem ao cinema e à cultura nordestina. “O Cine continua sendo um feliz encontro com a nossa brasilidade e uma ótima oportunidade de juntar a família em frente à telinha para relaxar e dar boas risadas juntos. É um antídoto para qualquer baixo astral”, diz a diretora.
As paródias dos filmes, que voltam na nova leva de episódios, reforçam o regionalismo, a brasilidade e aquele humor ‘abirobado’, uma das marcas registradas de Cine Holliúdy. Gêneros de suspense, terror, magia, sobrenatural, ficção científica, super-herói, espionagem e cangaço dão o tom da trama, que traz remontagens de “O Bebê de Rosemary”, “O Exorcista”, “Alien o 8º Passageiro”, “Guerra nas Estrelas”, “Lampião e Maria Bonita”, “Frankenstein”, “007”, e “Exterminador do Futuro”.
Para o roteirista Marcio Wilson, a terceira temporada é certamente a mais fantástica e divertida: “A mensagem é: cuidado com o que você deseja”, alerta Marcio, que explica, ainda, que alguns episódios são uma sátira do que o Brasil viveu, focada no que aconteceu de inusitado no comportamento das pessoas. “Damos um olhar distante e bem-humorado sobre o ser humano num momento de crise, onde uns veem problema, outros veem oportunidade, e o bem comum nem sempre é de interesse de todos”, ressalta ele.
Novo amor, além do cinema
Nas temporadas anteriores, Francisgleydisson (Edmilson Filho), um amante inveterado da sétima arte, batalhou para manter de pé seu cinema após o surgimento da televisão e, consequentemente, das novelas.
Na busca incansável por encher a sala do cinema, ele lançou filmes em "cearensês” e investiu tudo o que tinha para fazer seu negócio crescer. Recebeu o apoio da ex-namorada Marylin (Leticia Colin), e do amigo Munízio (Haroldo Guimarães), e ainda teve a oportunidade de conhecer Francisca (Luisa Arraes), que chegou a Pitombas com um único objetivo: encontrar seu pai desconhecido, Olegário (Matheus Nachtergaele). Resolvida a questão, apesar de gostar de Francis, ela nunca pensou em casamento, e muito menos em morar naquela cidade, partindo o coração do homem.
Agora, na terceira temporada, após o baque pelo fim de outro relacionamento, Francis recebe uma nova chance para o amor. Em 1979, com o cinema falido, Francis conhece Rosalinda (Larissa Goes), uma cantora de forró que está de passagem pela cidade com sua banda itinerante. Ela ilumina a vida do cinemista, que fica com os quatro pneus arriados e não pensa duas vezes antes de lhe propor um relacionamento sério.
Que ‘diabéisso’?
Enlace feito, ficam pendentes as questões que envolvem o Cine Holliúdy. Francis está afogado em dívidas e decide vender o seu maior bem. Mas antes de levar o negócio adiante, recebe uma proposta irrecusável de um investidor misterioso (Alexandre Borges). O cabra promete resolver as questões financeiras do cinemista e oferece melhorias para o Cine, em troca de sua alma. Pacto feito, vida transformada.
Enquanto Francis surge cheio de dinheiro, com um visual mais “estribado” e o cinema reformado, deixando Rosalinda um tanto desconfiada de suas atitudes, Socorro (Heloísa Périssé) descobre que foi traída na sua administração como prefeita, e sofre um golpe. Com isso, Lindoso (Carri Costa), dono do armazeco de Pitombas e presidente da Câmara, assume como prefeito, e Belinha (Solange Teixeira) se torna a primeira-dama da cidade. E em quem mais o casal podia se espelhar para a nova empreitada? Em Socorro e Olegário, que a essa altura estão em crise, mas continuam se amando.
Inconformada com a acusação de corrupção, Socorro entende que para ser ouvida e respeitada na cidade precisa se passar por um homem e, assim, cria o personagem Tião. Com o apoio de Jujuba (Gustavo Falcão) e Olegário, “ele” passa a ter um programa especial na TV Pitombas, inaugurada por Olegário com o dinheiro do governador (Stepan Nercessian). Nas suas primeiras aparições, Tião já conquista o apoio dos pitombenses, que passam a desconfiar da gestão de Lindoso e exigem novas atitudes do prefeito.
Cinema e TV mais “arretados” são destaque na temporada
Após o pacto que Francis faz com o investidor, o cinema ganha uma nova roupagem. Segundo o produtor de arte Guga Feijó, o público vai poder ver a diferença nos equipamentos do Cine Holliúdy, além da decoração do cafofo do cinemista. “O Cine vai ganhar novas câmeras, grua, trilho, refletores, entre outros equipamentos. Demos uma melhorada e tiramos um pouco aquela coisa mambembe que eles faziam ali mesmo”, adianta Guga.
Já para a TV Pitombas, o produtor de arte conta que também realizou uma pesquisa grande em cima dos equipamentos usados na época. “Como estamos nos anos 70, no interior do Ceará, é outra realidade, não tem tanta referência, então algumas coisas vamos inventando. Além disso, estamos no Cine Holliúdy, que tem uma linguagem toda própria, e tem a história de que a TV é lavagem de dinheiro, então não estão muito interessados em fazer aquilo funcionar, é mais lavagem do que realmente uma televisão. Tivemos que fazer uma coisa bem diferente do que é o cinema. Vamos ter câmera de TV, estúdio de televisão, mesa de edição, criamos a logo da TV, e as artes que irão cobrir as falas do Tião, enquanto ele narra o que está acontecendo. Há um trabalho de programação visual bem legal. Para algumas coisas a gente pegou foto e deu uma textura e depois enviamos para pintura na fábrica de cenários, porque na época não havia impressão. E seguimos produzindo todos os cartazes dos filmes da temporada. Foi bem legal de fazer”, revela.
Para um dos episódios da série, Guga destaca também a confecção de um Alien para servir como animação em um momento da trama, com a ajuda da computação gráfica. “Ele seria todo feito em computação gráfica, mas, quando a diretora Patricia viu nossa criação, achou que poderia funcionar para a história. Tem um momento na trama que haverá uma estátua de um Alien na cidade, então encomendei a produção para fazê-la. Ele é horrível (risos). Fizemos a cabeça do Alien com o corpinho de um buldogue francês, patas de caranguejo, na cor de uma lagosta azul. Foi a inspiração. Fui pesquisando e quando vi essa lagosta achei linda. Então toda geleca que ele joga ficou azul e quando os personagens viram Aliens eles ficam levemente azulados também”, diverte-se Guga.
Algumas cenas da terceira leva de episódios foram gravadas em Quixadá (CE), em viagem realizada para a gravação da temporada anterior, mas a maior parte aconteceu no Rio de Janeiro. Entre as principais novidades da cenografia e produção de arte estão a TV Pitombas, que surge na trama após um acordo entre Olegário e o Governador (Stepan Nercessian), e o novo Cine Holliúdy. “A TV surge meio capenga e contrapõe com o cinema, que agora está mais bombado por conta da injeção de investimento que ele recebe. Mudamos a fachada do cinema, que ganhou um neon, uma bomboniere. O cinema saiu do cafofo, do mambembe. Deixou de ser bagunçado. Francis agora é casado e enriquece. O Cine vira uma casa dos sonhos, de revista da época. Continua no espaço anterior, mas como uma decoração mais robusta. Com eletrodomésticos mais bombados, cozinha equipada. Azulejo da cozinha com tom floral bem colorido, cama tradicional da época com cabeceira, entre outros”, revela Fumi Hashimoto, cenógrafa da série.
Francis vai enfrentar momentos difíceis ao longo da temporada, chegando a passar pelo juízo final. “Pensamos que o inferno do Francis é essa rivalidade do cinema com a televisão. Então, fizemos um cenário de talk show, cercado por televisores, com referências do programa de Flavio Cavalcanti. Aparecem pessoas na tela e ficam em cima do cinemista. Já o cenário de onde acontece a triagem se parece com a entrada do cinema. Por uma porta a pessoa assiste a um filme que a leva para o paraíso e na outra a um que a leva para o inferno”, adianta Fumi.
Joias com referências nordestinas dão charme à trama
O trabalho da caracterizadora Emi Sato, que assina a nova temporada de Cine, ganha ênfase mais uma vez. O ator Alexandre Borges chega para compor o elenco com um personagem misterioso, que vai nortear bastante a vida de Francis. Para ajudar na composição, Emi pensou em fazer algo diferente de tudo que já foi visto na dramaturgia. Antonio Medeiros, parceiro que assina o figurino, criou do zero um estilo para ele e colaborou com as ideias para que juntos chegassem ao resultado visto em cena. “Fomos juntos no conceito e fizemos uma peruca com uma mecha vermelha e formato de chifre. O personagem traz com ele também uma escarificação em formato de serpente, feito com queloide, uma prática que existe ainda hoje nos países africanos. Eles usam muito para embelezar o corpo, ferem a pele, fazem o desenho e, com a queloide, com a cicatrização, ele vai tomando forma. Achei interessante porque difere da tatuagem”, revela Emi.
Na trama, o personagem de Alexandre Borges tem várias aparições ao longo da temporada e em cada uma delas surge com um novo visual. “Tem umas brincadeiras em que o Francis sempre o atrapalha em alguma coisa quando faz ligações pelo telefone. Ou ele estava dormindo, no banho, descansando de robe, cuecão. Às vezes, aparece de terno, roupa anos 70, roupas mais leves, com pijama de dinossauro, pé de monstro, vestido de toureiro. Ele é um deboche. A forma como ele se apresenta é totalmente ingênua”, conta Antonio. Para este figurino, ele pesquisou o folclore nordestino e partiu para o lúdico, tendo como referência personagens de filmes, como “Coração Satânico”. “Pegamos algumas características como o olho vermelho, cabelo mais ajeitado. Queríamos fazer algo caricato, mais debochado, irônico, com muito humor. É uma alegoria. Por isso brincamos com a saia, trouxemos o pelo do bode no colete, ele usa corrente, um cajado, uma lança em forma de lua, e couro retrabalhado. Vários signos remetem ao ser que ele representa. Alexandre também se divertiu”, conta o figurinista.
Já Rosalinda (Larissa Goes), que é do interior do Ceará, tem uma caracterização mais simples, do dia a dia. “Ela não tem maquiagem elaborada. Resolvemos fazer mais natural mesmo, assim como o cabelo e sua beleza, sem muita interferência”, diz Emi. Com relação ao figurino, é um hippie étnico, com referências mexicanas. “Usamos bordados mexicanos, florais, tipo as rumbeiras. Ela usa saia curta, mais rodada, vestido, tudo muito colorido, com foco nos anos 70”, completa Antonio.
Nessa temporada, Lindoso (Carri Costa), enfim, se torna prefeito de Pitombas e isso exige mudanças na aparência do dono do armazeco, e de sua esposa Belinha (Solange Teixeira). “Eles se transformam e copiam Olegário (Matheus Nachtergaele) e Socorro (Heloísa Périssé) no estilo. Tem uma brincadeira grande nisso. Belinha ganha um ar mais sofisticado, vai usar muito tailleur, roupas que não existiam no guarda-roupa dela, afinal, começam a roubar mais dinheiro também. Lindoso copia o estilo do antigo prefeito. Para de usar gravata e adere à camisa aberta anos 70, fica um pouco mais ousado”, ressalta o figurinista. Na caracterização, a maquiagem de Belinha fica mais bonita e ela ganha uma peruca, réplica de Socorro, na cor castanha.
Outra novidade na série é o personagem Tião, interpretado por Heloísa Périssé. A atriz ficou irreconhecível nos corredores dos Estúdios Globo e precisava se identificar para cumprimentar os colegas durante as gravações. A caracterizadora de ‘Cine’ conta que um grande desafio foi pensar em como executar o trabalho sem recorrer a próteses, pois Tião aparece em muitas cenas. “Precisávamos que fosse simples e imprimisse um efeito bom. Então, colocamos uma peruca masculina, bigode e as costeletas para mudar um pouco a linha do rosto da Heloísa. Com o figurino entraram os óculos, que cobriram bastante o rosto dela. Também engrossamos a sobrancelha e quando ela ficou pronta vimos um trabalho em conjunto mesmo, mais do que tudo”. Antonio revela que o figurino teve como referência o avô de Olegário na trama, que era um coronel. Socorro encontra a roupa num baú e a adapta, surgindo com terno, bota e chapéu.
Enquanto isso, à frente do Cine Holliúdy, Francis também passa a se vestir diferente após o pacto inusitado. Antonio conta que, além de combinar um pouco mais as roupas e incluir jeans nos looks, foram realizadas pesquisas de acessórios do nordeste. “Encontrei o joalheiro Antonio Rabelo, que faz uma coisa muito impressionante: joias com espinho de mandacaru. Ele fez uma pesquisa grande de pintura rupestre, presente em algumas regiões do nordeste. Então ele pega isso e faz esculpido no metal vazado. Francis usa um anel feito disso e aparece mais montado. Começa a usar o dinheiro”.
Para Jujuba (Gustavo Falcão), o figurinista trouxe aspectos mais regionais. “Localizamos um profissional que encapsula joias com elementos da natureza e faz todo um processo de encapsulamento das folhas. A última coleção foi de casca de laranja. É impressionante. Muito bonito o trabalho. O público vai ver esse trabalho nos pins que ele usa, por exemplo”, conta Antonio.
Entrevista com Marcio Wilson
Com experiências de muito sucesso, como ‘Sai de Baixo’, ‘A Grande Família’ e ‘Tapas & Beijos’, Marcio Wilson segue como o roteirista da terceira temporada de Cine Holliúdy. A obra é diferente do que ele já fez, mas tem a marca de humor ágil que faz parte de sua trajetória. O autor assinou as temporadas anteriores de Cine ao lado de Cláudio Paiva, que era supervisor da série.
Como você sentiu a repercussão da segunda temporada de Cine? E como foi emendar a segunda com a terceira?
A repercussão é sempre uma delícia e muito positiva, desde os números até as ruas, os comentários. Muito gratificante. A segunda temporada já havia sido escrita há algum tempo, só fizemos alguns ajustes e atualizações relevantes. O foco nesse ano foi na terceira temporada que, acredito e torço, será a mais divertida de todas!
Como você define a terceira temporada e qual a principal mensagem que ela traz?
A terceira temporada é certamente a mais fantástica e aventureira e, por conta disso, a mais divertida. Mensagem? “Cuidado com o que você deseja”.
Qual a principal diferença entre a segunda e a terceira temporada?
Muitas diferenças. Pela primeira vez, o nosso herói, Francisgleydisson, será questionado sobre sua correção e vaidade. Vamos expor o que ele realmente quer da vida, do futuro. O que é mais importante pra ele? Por isso: “cuidado com o que você deseja”! Do outro lado, Olegário, Socorro e Jujuba viverão uma aventura muito além do que já contamos. Formarão um trio que se ajuda e se sabota na mesma proporção. E um novo personagem surgirá entre esses três, mas eles não serão quatro (risos). A outra grande diferença é fincarmos de vez o pé no sobrenatural e naquilo que está entre o céu e a terra, mas longe da nossa vã filosofia.
E sobre a escalação de Larissa Goes, Alexandre Borges, e das participações especiais da temporada, você participou da escolha?
Desses dois, sim. Como roteirista-chefe passo o tempo todo escrevendo. Mas sempre mantenho contato com os diretores Halder Gomes e Patricia Pedrosa, e também com a Érika Matta, nossa Diretora de Produção. Eles vão me passando as possibilidades e dou minha opinião. Mas confio demais no time. Sempre tentam o que há de melhor pro nosso seriado.
O que podemos esperar de Rosalinda? E do personagem de Alexandre Borges? Por que trazer essa figura para a nova temporada?
Rosalinda é uma mulher forte e apaixonada. Cumplicidade e parceria são importantes pra ela. E se ela oferece isso, também vai cobrar o mesmo de Francis. E aí mora o conflito. Rosalinda chega na nova temporada mais madura. Cantora e dançarina de forró que viaja pelo Nordeste, sabe o que gosta e o que quer fazer. Sem pudores para se relacionar com quem quiser, nos planos dela não estava incluso o amor. E quando isso acontece, ela larga tudo para viver a maior paixão de sua vida. A única. Mas as consequências disso não serão exatamente as que ela esperava. Aliás, nada, nunca, é exatamente como a gente espera. Com ela não será diferente. A figura do diabo é a presença do imponderável, do incontrolável, do inimaginável. No Cine Holliúdy, o que os olhos não veem o coração sente. O que poderá salvar Francisgleydisson de tanta maldade? Afinal, o poder e a força do vilão são o que dá a dimensão do herói.
Como você define o relacionamento de Rosalinda e Francis?
Rosalinda e Francis protagonizam uma paixão avassaladora, que vira união quase que instantaneamente. É como jogar gasolina pra apagar o fogo. O que vai fazer com que Francis esqueça rapidinho a dor de cotovelo e embarque nessa nova aventura amorosa. Munízio, desiludido com Formosa e sua família, voltará a ser o fiel escudeiro de Francis e formará a nossa trinca de heróis junto com Rosalinda.
O que o público pode esperar da relação de Olegário, Socorro e Lindoso, com o último, agora, prefeito de Pitombas? Quem é Lindoso, afinal?
Guerra. Disputa. Vaidade à flor da pele. Os três querem poder. Mas como Lindoso é o novo prefeito, é normal que as “forças de oposição” se unam contra ele. O problema é que, fora da cama, a união de Olegário e Socorro é sempre muito complexa, e muito divertida. Podem esperar muuuito dessa união política entre Olegário e Socorro, que só acontecerá porque tem o Jujuba no meio. Lindoso é a personificação do egoísmo e do populismo “desinformativo”. Sempre na oposição do que estava errado na conduta de seus antecessores, ele chega ao poder pra usufruir da máquina, do dinheiro e responder aos interesses...dele mesmo.
A série traz mais uma vez uma homenagem ao cinema e à TV. E as releituras de grandes clássicos continuam na terceira temporada?
Nessa terceira temporada, as sátiras vão de Invasores de Corpos a Breaking Bad, de Piratas do Caribe até Lampião, de Ultraman até Dona Flor! Tudo que passa em nosso caminho nós botamos no lombo e arrastamos pro universo fantástico de Pitombas!
De que forma acredita que a série segue contribuindo para o reflexo da sociedade nas questões que tangem a política, o comportamento da população, o preconceito, entre outros fatores?
Nosso maior compromisso é fazer o espectador rir de si mesmo. Se determinados comportamentos políticos ou sociais são dignos de riso, sim, isso será contemplado em nossa eterna sátira ao brasileiro. Nossa contribuição é expor e zombar de como é feio prejudicar o outro. Nossa dramaturgia não dá margem a opinião: o que prejudica alguém é errado! No nosso universo não existe discussão sobre esse tipo de coisa. É simplesmente coisa de vilão.
Entrevista com a diretora artística Patricia Pedrosa
Patricia Pedrosa conta com uma trajetória de sucessos na televisão (‘Mister Brau’, ‘A Fórmula’, ‘Chapa Quente’, ‘A Grande Família’, ‘Todas as Mulheres do Mundo’, ‘Shippados’, ‘Amor e Sorte’), meio em que nem pensava em trabalhar. Seu sonho era ser regente e compositora e, para isso, ela cursou a faculdade de Música. Por outro lado, formou-se também em Cinema e Artes Cênicas. Patricia conduz suas cenas atenta a cada detalhe, cada gesto e cada intenção do elenco, com uma inspiração em Guel Arraes, a quem ela chama de mestre. Patricia Pedrosa assina a direção artística de ‘Cine Holliúdy’ desde a primeira temporada.
Como sentiu a repercussão da segunda temporada de Cine?
A repercussão foi melhor do que imaginávamos. O público acolheu com euforia a volta do Cine Holliúdy para a televisão. Uma gama de espectadores fiéis inundou as redes sociais com comentários extremamente positivos.
Há algo de diferente na estética e na forma de fazer o Cine nesta temporada?
A linguagem do Cine Holliúdy é a grande responsável pelo ritmo da série. Mexer nisso descaracterizaria a obra. Além disso, as duas temporadas foram feitas simultaneamente, então fica mais difícil fazer grandes mudanças. E, como estávamos muito felizes com o resultado alcançado na segunda temporada, optamos por manter a estética já implantada.
Como é dirigir Cine Holliúdy?
Dirigir essa série é uma honra. Eu aprendo todo dia com o elenco, com a equipe, com todos que fazem parte desse projeto.
Cine sempre contou com muitas participações especiais. Nesta temporada teremos Vladimir Britcha, Linn da Quebrada, Heloísa Jorge, entre outros. Fale, por favor, sobre a escalação dessa temporada.
A gente sempre busca trazer participações superespeciais para os episódios do Cine, essa é uma marca da série. E a terceira temporada segue esse conceito.
A terceira temporada começou a ser gravada na sequência da segunda. Houve tempo para uma preparação? Como foi esse processo?
A gente parou apenas um dia entre uma temporada e outra. Passamos esse dia fazendo um intensivão de leitura dos episódios e entramos no set no dia seguinte pra gravar.
Temos Larissa Goes como a novidade do elenco da terceira temporada. Como foi a escalação da atriz? E como tem sido trabalhar com ela? É a primeira vez que se cruzam em trabalhos?
Eu queria uma atriz cearense que fosse pouco conhecida do grande público. O Hermínio, nosso produtor de elenco, me mandou alguns testes. A Larissa foi o primeiro vídeo que vi. Senti na hora que era ela.
Gravamos algumas cenas da terceira temporada em Quixadá, mas tivemos a maior parte do roteiro gravada nos Estúdios Globo e em externas no Rio. Podemos dizer que Pitombas nos Estúdios Globo deu muito certo?
Com certeza. O trabalho da equipe de cenografia da série foi impecável.
E Alexandre Borges? Como foi essa escalação? Já tinham trabalhado juntos? O que o personagem dele representa na história?
É a primeira vez que trabalhamos juntos. O Alexandre é um excelente ator e um parceiro de set encantador. É sempre um grande desafio interpretar um personagem já tão enraizado no imaginário popular. O Alexandre trouxe leveza e construiu algo totalmente fora do esperado.
O que o público pode esperar dessa temporada?
O público pode esperar muita diversão. A série segue sendo um feliz encontro com a nossa brasilidade e uma ótima oportunidade de juntar a família em frente à telinha para relaxar e dar boas risadas juntos, um antídoto para qualquer baixo astral.
Perfil dos personagens
Francisgleydisson (Edmilson Filho) – Mais conhecido como Francis. Sonha em ser o Chaplin do sertão. Apesar de não ter diploma, é um grande conhecedor da sétima arte e dono do Cine Holliúdy, o único cinema de Pitombas, administrado por ele e Munízio (Haroldo Guimarães), seu melhor amigo de infância. Mas agora as dívidas deixaram Francis desiludido e ele quer vender o cinema. O Diabo (Alexandre Borges) lhe faz uma oferta irrecusável e assim, ele vende sua alma para ele.
Olegário (Matheus Nachtergaele) –Típico político populista que povoa as cidades de interior do país, é ensaboado que só. Dono de discursos prolixos e cunhador de curiosos neologismos, ao clássico estilo nordestino. Olegário é um diplomata nato, acostumado a levar o povo na lábia. Olegário não é mau, só não é muito correto. Afinal, ele sabe que o caminho que leva à honestidade é cheio de atalhos. Terá que esconder de Socorro (Heloísa Périssé) que foi o responsável pelo rombo da prefeitura, causando o impeachment dela, ao mesmo tempo em que será obrigado a prestar favores políticos para o governador (Stepan Nercessian), que lhe emprestou o dinheiro para tirar Socorro da cadeia.
Maria do Socorro (Heloísa Périssé) – Depois de um mandato bem-sucedido como prefeita, foi destituída do cargo por culpa de Olegário (Matheus Nachtergaele), que, pelas suas costas, assinou um cheque em seu nome para cobrir suas dívidas com o empreendimento imobiliário malsucedido em Nova Pitombas. A princípio ela desconfia do marido, mas Olegário, com sua lábia, consegue convencê-la de que é inocente nessa história. Enquanto enfrenta seu calvário político, hostilizada pela população, ela encarna Tião para se vingar do estelionatário responsável por sua derrocada política.
Rosalinda (Larissa Goes) – Cantora de forró, vivia na estrada com sua trupe, e é assim que chegará em Pitombas. Com sua dança vai tirar Francis (Edmilson Filho) da deprê, e com sua inteligência e astúcia, vai livrar o namorado de muitas ciladas. Mesmo com o Diabo (Alexandre Borges) tentando fazer a cabeça de Francis contra ela, e se colocando no caminho deles, ela será peça chave em muitas aventuras ao lado de Francis, e também nas telas do Cine Holliúdy.
Diabo (Alexandre Borges) – Faz pacto com Francis (Edmilson Filho).
Munízio (Haroldo Guimarães) – Melhor amigo e companheiro de todas as horas de Francis (Edmilson Filho). Sozinho no mundo, Munízio enxerga no amigo uma mistura de pai, irmão mais velho e mestre kung fu. Porém, quando Francis viaja muito em seus delírios, é Munízio quem dá a real. Viverá as dores e as delícias do casamento com Formosa (Lorena Comparato), enquanto tenta ajudar Francis nas enroscadas que o Diabo (Alexandre Borges) coloca seu amigo.
Lindoso (Carri Costa) – É dono do armazeco, uma mistura de armazém com boteco, no qual todos da cidade batem ponto. Lindoso também atua na política, sendo um dos principais críticos de Olegário (Matheus Nachtergaele). É casado com Belinha (Solange Teixeira), a carola mais moralista da cidade, e pai de Formosa (Lorena Comparato). Nesta temporada, ele se aproveitará do escândalo do rombo da prefeitura para tirar Socorro (Heloísa Périssé), até então a prefeita, e Olegário, seu vice, da prefeitura. Se torna o prefeito da cidade e terá como lema a segurança pública, em vez de prevenir a cidade da seca que ameaça Pitombas.
Belinha (Solange Teixeira) – Recatada e do lar, é esposa de Lindoso (Carri Costa) e mãe de Formosa (Lorena Comparato). Trabalha no armazeco e quer que a filha continue longe de Francis (Edmilson Filho), e assim, não precise voltar para o sanatório.
Formosa (Lorena Comparato) – Trabalha no Armazeco da família e sonha em casar de véu e grinalda com Francis (Edmilson Filho). Agora, Formosa busca na religião o conforto para esquecer sua obsessão pelo cinemista e manter seu casamento com Munízio (Haroldo Guimarães). Mas o Diabo (Alexandre Borges) logo trata de tirar a paz da jovem, envolvendo-a em suas chantagens contra Francis.
Jujuba (Gustavo Falcão) – O atrapalhado assessor e motorista da prefeitura. Tem uma índole honesta e vive questionando a ética na política. Sua aspiração de vida é se tornar amigo íntimo do prefeito em exercício. Em busca de aprovação e da manutenção de seu status de assessor dos “Kennedy do Sertão”, Socorro (Heloísa Périssé) e Olegário (Matheus Nachtergaele), acaba aceitando as manobras de Olegário, se tornando assistente do Diretor da recém-criada TV Pitombas - cujo diretor é o próprio Olegário.
Delegado Nervoso (Frank Menezes) – É desses belicistas de almanaque que sabe tudo de guerras, exércitos, armas, mas nunca deu um tiro na vida. Fanático pelos filmes de luta do Cine Holliúdy, ele sonha ser como Charles Bronson, mesmo que seja em Pitombas. Enquanto isso não acontece, se preocupa em agradar os poderosos e moralistas da cidade.
Padre Raimundo (Cacá Carvalho) – Está sempre no meio dos conflitos, sempre requisitado por todos e tem que lidar com a carolice de Belinha (Solange Teixeira).
Dr. Odílio (Flávio Bauraqui) – Médico do posto de saúde de Pitombas. Se relaciona com Jujuba (Gustavo Falcão).
Cego Isáías (Falcão Maia) – Participa das sessões na câmara municipal e acompanha todos os acontecimentos da cidade.
Governador (Stepan Nercessian) – Governador do Ceará. Tendo Olegário (Matheus Nachtergaele) como comparsa, usará a TV Pitombas para lavar o dinheiro que rouba dos cofres do estado do Ceará e chantagear Olegário, em virtude da dívida do prefeito com ele. Conforme a ditadura militar se enfraquece no país, ele vai se sentindo cada vez mais exposto, e sabe que logo a mamata não será mais a mesma.
Perversa (Bianca Manicongo) – Capanga do governador.
Marvado (Zéu Britto) – Capanga do governador.
Participações especiais
Cara de Vaca (Vladimir Britcha) – Líder dos motoqueiros-fantasmas que chega em Pitombas para roubar o medalhão de Francis (Edmilson Filho).
Lili (Linn da Quebrada) – Mulher do Diabo (Alexandre Borges).
Agente C.B. (Tadeu Mello) – Investiga Munízio (Haroldo Guimarães) e Francis (Edmilson Filho) por atitudes suspeitas.
Agente J.B. (Max Petterson) – Investiga Munízio (Haroldo Guimarães) e Francis (Edmilson Filho) por atitudes suspeitas.
Biro Lee (Ariclenes Barroso) – Ator estrangeiro que chega em Pitombas para fazer um filme com Francis (Edmilson Filho).
Tamara (Samantha Schmutz) – Líder do Refúgio do Sossego, onde Rosalinda (Larissa Goes) decide se isolar.
Funcionária da triagem (Heloísa Jorge) – Funcionária da triagem que encontra Francis (Edmilson Filho) numa pós-morte.
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