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Em 14 de março de 2018 a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados na região central do Rio de Janeiro. No dia seguinte, a população já cobrava por justiça. O Caminhos da Reportagem inédito que a TV Brasil exibe neste domingo (19), às 22h, destaca que, cinco anos depois, a principal pergunta do crime ainda não foi respondida e ecoa pelo mundo.
“O ativismo dela como mulher, o ativismo dela como coordenadora dos direitos humanos por mais de dez anos já dizia o quanto ela era importante na vida de cada um, passou a ser um ícone da história”, ressalta a mãe de Marielle, Marinete da Silva.
Nessa meia década, as investigações progrediram pouco; o avanço mais consistente aconteceu no primeiro ano do crime, quando foram presos Ronnie Lessa, acusado de atirar em Marielle e Anderson, e Élcio de Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no crime. Até hoje, eles não foram julgados.
A deputada estadual Renata Souza questiona o rumo do inquérito: “Não só o delegado que os prendeu foi retirado, como toda a equipe. Então, essa mudança drástica revela um problema de interrupção de um ciclo de investigação. A quem interessa isso? É isso que a gente quer saber”.
Nesses 1.825 dias, estiveram à frente das investigações cinco delegados diferentes e passaram pelo caso onze promotores de justiça, quatro secretários de polícia, três governadores, um interventor federal, dois procuradores gerais de justiça e três presidentes da República. Supostas interferências no inquérito fizeram familiares e organizações pedirem a não federalização do caso.
Mônica Benício, viúva de Marielle e hoje vereadora, explica o que caracteriza a possibilidade de uma federalização: “Uma inércia nas investigações que sejam confirmadas, que aconteçam de forma deliberada, com o intuito de não elucidar o caso”. Para ela, naquele momento isso não existia: “passado o tempo começamos a questionar, o tempo tá correndo, num assassinato como esse, não respondeu por que não pode, por incompetência, ou não respondeu por que não quer?”.
“O assassinato de Marielle é um problema não apenas do Rio de Janeiro, é um problema para o mundo e a gente moveu todas as instâncias, tanto no sistema interamericano quanto nas Nações Unidas. Os países estão acompanhando, os governos dos países estão acompanhando, e as sociedades do mundo estão acompanhando”, aponta a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.
Cerca de cem organizações não governamentais denunciaram o crime no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Jan Jarab, representante regional de Direitos Humanos (ACNUDH/ONU), afirma que a organização segue acompanhando as investigações e que a violência é parte de um contexto político que caracteriza o Brasil dos últimos anos: “são as vereadoras, deputadas estaduais, até federais, negras ou da comunidade LGBT e da diversidade sexual que são ainda mais ameaçadas, até da violência física, de assassinato”.
Mulher, negra, mãe, cria da favela da Maré que se transformou em liderança política.
Marielle foi assassinada, mas deixou sementes que desabrocharam. Hoje, diversas herdeiras políticas levam a voz de Marielle à frente. Para a deputada Renata Souza, o principal recado deixado por Marielle é para que a humanidade não se desumanize: “Marielle é presente em todas as lutas contra as desigualdades sociais, em especial contra as desigualdades de gênero, raça e classe”.
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