A Roda: Raízes do Samba homenageia o Cacique de Ramos, tradicional celeiro de sambistas

Divulgação Globo/Fábio Rocha

Para além dos devotos católicos, os sambistas também seguiam em romaria para a área onde a igreja de Nossa Senhora da Penha foi erguida. Era lá que acontecia uma festa popular fundamental no Rio de Janeiro entre 1920 e 1940, onde divindades do naipe de Pixinguinha, Noel Rosa e Cartola baixavam quando queriam apresentar ao público suas composições. Essa é uma das histórias que o segundo episódio do 'A Roda: Raízes do Samba' apresenta neste sábado de carnaval, 18 de fevereiro. Chico Regueira recebe Sandra de Sá, Sérgio Loroza, Marcelo D2, Pedro Luis, a porta bandeira Dandara Ventapane, neta de Martinho da Vila,  a intérprete da Unidos da Tijuca Wic Tavares, a cantora Marina Íris, o historiador Luiz Antonio Simas, e Bira Presidente, líder do Fundo de Quintal e do Cacique de Ramos, para um bate-papo que aborda a importância da região para o mais brasileiro dos gêneros musicais. 
 
“Na Penha, as grandes tias baianas: Tia Ciata, tia Perciliana de Santo Amaro, Tia Amelia, Tia Carmem do Ximbuca, que eram doceiras ou grandes cozinheiras, montavam as suas barracas pra vender comida de santo nas cercanias da Penha. Os sambistas vinham, apresentavam os sambas. Era uma espécie de antessala do carnaval, e é interessante que nós estamos num local em que muitas dessas barracas das tias baianas eram montadas porque não deixavam elas montarem as delas no alto da igreja. O evento era uma grande celebração desse espírito festeiro do Rio de janeiro, uma cidade que profana o que é sagrado, e sacraliza o que é profano”, explicou Luiz Antonio Simas, que também é consultor de conteúdo do programa.
 
Ali, na vizinhança da Igreja, em Ramos, estão nada menos que o Cacique de Ramos, celeiro-mor dos sambistas, e a Imperatriz Leopoldinense.  “Do Cacique nasce o Fundo de Quintal, que é o grupo que dá mobilidade, que praticamente inventa a roda de samba”, comenta Chico, referindo-se também ao pioneirismo do grupo no uso de instrumentos como o o banjo, o tantã, o repique de mão. “De lá, saíram Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Emilio Santiago, Neguinho da Beija-Flor, Luiz Carlos da Vila, Beth Carvalho, que largou a Bossa Nova e quando foi ao Cacique disse: “Eu não quero mais sair daqui”, complementou Bira. 
 
A conexão Rio-Bahia estabelecida pelo primeiro programa é mantida quando Chico Regueira explica de onde vem o poder sobrenatural da roda da Rua Uranos: um axé baiano cravado no coração da Tamarineira, enraizada dentro da quadra do bloco. “O Rio de Janeiro sempre recorre à Bahia em algum momento. No Cacique de Ramos está plantado o axé do Gantois”, diz ele, diante de Bira que complementa: “Tá sim, o axé de Mãe menininha do Gantois. Minha mãe sempre vivia dentro da igreja, a família toda dela era católica fervorosa mesmo. Quando ela começou a sentir algo, que o próprio médico definiu como espiritual, ela foi parar na Bahia e se tornou uma das filhas de santo da Mãe menininha do Gantois. E jogando lá os búzios, ouviu: ‘Teu filho aí vai ser um mestre, vai ser um grande sambista’. 
 
A previsão se confirmou, e neste sábado, Marcelo D2, que tem um Cacique tatuado no braço; Sandra de Sá,  que pulava no bloco quando criança; Sergio Loroza e Pedro Luiz, que tiveram o bloco como norte desde os tempos do Monobloco; e Wik Tavares, Marina Íris e Dandara Ventapane, frequentadoras da roda de samba do bloco desde a adolescência, se encontram para reverenciar o Cacique, que até hoje forma gerações de sambistas na cidade. 
 
A roda vai ao ar no sábado, 18 de fevereiro, após o Jornal Hoje, para os estados do Rio de Janeiro e Bahia. 

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