''Fazer alguma coisa é risco, criticar não'', diz Eduardo Giannetti no Provoca

 Créditos: Lara Asano

Nesta terça-feira (1/11), Marcelo Tas conversa com o economista e palestrante Eduardo Giannetti no Provoca. Eles falam sobre ética e felicidade, a importância de achar soluções e não somente criticar, a relação entre renda per capita e felicidade, entre outros assuntos. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.
 
Tas pergunta na edição: ética tem a ver com felicidade? “Essa é a pergunta do O Anel De Giges. O Sócrates está argumentando que há uma convergência e que o mais ético é o mais feliz. Aí vem o irmão do Platão, que é o Glauco, e fala: peraí Sócrates, você conhece a fábula do Giges? Ele ganhou o anel e pode realizar a fantasia dele de felicidade, não tem nada a ver com ética. E sabe o que o Sócrates responde? O problema é que enquanto a sociedade for corrupta nos valores, as almas serão corrompidas. Você tem que reformar toda a sociedade e a educação para que a convergência entre felicidade e ética se dê. Aí ele cria a primeira utopia da filosofia ocidental, que é a República”, explica Giannetti.
 
Sobre o gosto que as pessoas têm de destruir ao invés de construir, o economista diz: “A crítica é cômoda, você não está colocando a sua cabeça a prêmio, fazer alguma coisa é risco, criticar não, há um prazer em criticar, em jogar pedra, demolir, destruir (...) Karl Marx passou 95% do trabalho intelectual dele fazendo a crítica da economia política e do modo de produção subjacente a ela, que é o capitalismo (...) ele tinha um otimismo entranhado que a sociedade não se coloca problemas que ela não é capaz de resolver, eu gostaria de acreditar nisso, mas não acredito”.
 
Tas pergunta ainda se fazer o que é certo é um caminho para viver bem. “Eu acho que sim, agora não podemos idealizar, achar que não vai ter problemas, conflitos, porque há, e não vamos achar que alguma fórmula de regeneração da sociedade vá garantir de antemão que ética e felicidade convirjam necessariamente. Esse é um sonho que perpassa a história do pensamento humano (...) todos os projetos de grande mudança da sociedade trabalham com a ideia de que o que está errado é a estrutura, é a educação, a pedagogia (...) se a gente fizer tudo certo as pessoas vão virar anjos. Não viram”, afirma o economista.

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