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O 'Conversa com Bial' de hoje, dia 18, reverencia a cultura afrobrasileira ao recordar a história de Idalice Moreira Bastos, ou simplesmente Dai, criadora do Afrodai, em 1970, um dos primeiros salões de beleza a valorizar a estética negra. Baiana radicada no Rio de Janeiro, Dai era mãe do ator Paulo Lessa – protagonista da novela das sete, ‘Cara e Coragem’ -, que participa ao lado de Dom Filó, uma referência do movimento black e amigo dela.
Paulo conta, com emoção, a importância de ter um dos papéis principais de ‘Cara e Coragem’: “Eu nunca tive um Ítalo (seu personagem) para me inspirar, e de repente eu sou esse cara, representando milhões de pessoas [...]. Existem muitos estereótipos que foram reforçados por anos, e eu venho com um personagem que quebra isso, que tem dreads, que é bem sucedido [...]. Recebo todos os dias mensagens de pessoas que têm sua própria imagem afetada por Ítalo todos os dias”. Ele aborda ainda os desafios da construção do personagem: “é uma novela sobre o universo dos dublês, e o Ítalo pratica parkour. Confesso que, quando recebi o briefing, tremi na base [...], nunca tinha feito um trabalho em que o dublê fosse tão necessário [...], tive dois meses de treinamento, fiquei todo quebrado”, completa.
Ao assistir a filmagens de sua mãe, feitas por Dom Filó e resgatadas pelo programa, o ator acrescenta: “Tenho muita saudade e muito orgulho. Fui nascido e criado em Copacabana, no Rio de Janeiro, e, durante muitos anos, éramos a única família negra do prédio. Quando chegávamos no Afrodai era um universo paralelo, você via negros bem-sucedidos e questões raciais e políticas sendo levantadas, foi sempre muito inspirador”.
Dom Filó era um dos poucos negros a possuir um equipamento de vídeo naquela década, e lançou a produtora Cor de Pele, que registrou, sem saber o que viria a representar, o movimento black da época, inclusos depoimentos de Dai. Agora, se prepara para lançar um longa com essas captações para contar a história dela. Dom foi ainda integrante do Soul Grand Prix, que promovia festas soul e funk no Rio de Janeiro, e apostou num movimento que mais tarde se chamaria Black Rio. “O que deflagrou o Black Rio foi o disco lançado pela Soul Grand Pix com capa inspirada em Dai, em 1974. Ela foi a nossa referência feminina para o movimento”, revela.
Com direção artística de Monica Almeida, o ‘Conversa com Bial’ vai ao ar na TV Globo de segunda a sexta, após o ‘Jornal da Globo’. O programa também é exibido no canal internacional da Globo e em simulcast no Globoplay. As entrevistas também podem ser acompanhadas no podcast ‘Conversa com Bial’, disponível no Globoplay ou em qualquer plataforma de áudio.
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