''A minha conquista nunca foi individual'', diz Ana Thaís Matos, primeira mulher a comentar jogos da seleção masculina em Copas do Mundo

Divulgação Globo/Ju Coutinho

Cheia de simbolismos, a Copa do Mundo do Catar vai carregar mais uma marca histórica. Pela primeira vez uma voz feminina irá comentar a transmissão de jogos da seleção brasileira masculina em Copas do Mundo na TV aberta. Com o passaporte carimbado para o Catar, Ana Thaís Matos estará nos estádios ao lado de Galvão Bueno nos jogos do Brasil. Dois craques dos gramados completarão a equipe das transmissões dos jogos da seleção brasileira na Globo: Júnior, em sua sexta Copa do Mundo como comentarista, e o pentacampeão Roque Júnior, que esteve em campo na última vez em que o Brasil conquistou o Mundial, em 2002. O quarteto ficará responsável por acompanhar toda a trajetória da seleção na busca pelo hexa a partir de 24 de novembro, quando os comandados de Tite estreiam contra a Sérvia. “A minha conquista nunca foi individual. Sei que, quando eu abrir o microfone para falar num jogo de futebol na Copa do Mundo, terei comigo na torcida outras narradoras, comentaristas, repórteres”, acredita Ana Thaís. 
 
“É muito bacana ver este momento de inclusão, com a Ana Thaís sendo a primeira mulher a comentar jogos da seleção numa Copa, e ainda com o Roque Júnior, um campeão do mundo, que chegou a fazer alguns jogos de Eliminatórias conosco e foi muito bem. Tem uma simbologia nisso. Seleção Brasileira em Copa do Mundo é algo sagrado. Será uma grande cobertura. É bacana por somar caras novas. Olha os nomes a que eles se unem: Pelé, Ronaldo, Falcão, Zagallo, Casagrande, Sérgio Noronha...”, ressalta Galvão Bueno.
 
Além de Roque Júnior, a TV Globo já garantiu novos reforços para as transmissões das partidas da Copa do Mundo. Recordista absoluta entre homens e mulheres em participações de Copas – sete no total –, a volante Formiga se junta ao ex-jogador Zé Roberto como comentaristas das transmissões do canal. Em campo, várias coincidências unem as histórias dos dois: símbolos de sucesso e longevidade na carreira – ele se aposentou aos 42 anos, ela ainda atua, aos 44 –, ambos jogaram na mesma posição em Copas do Mundo. 
 
A meio-campista Formiga participou de todas as edições da Copa do Mundo feminina, entre 1995 e 2019. Depois de 15 anos, deixou de atuar pela seleção brasileira. Este ano, Formiga já participou de transmissões da Copa América feminina no sportv e de amistosos da seleção feminina na TV Globo. Agora, vai fazer história ao comentar o futebol masculino na Copa do Catar. Já Zé Roberto atuou como meio campo nas Copas de 1998 e 2006. Sua estreia como comentarista será no próximo domingo, dia 21 de agosto, na transmissão do Premiere da partida entre Palmeiras e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro. 
 
O jogo de abertura da Copa do Mundo do Catar acontecerá no dia 20 de novembro, quando os donos da casa vão encarar o Equador, a partir de 13h (de Brasília). Pela primeira vez, a Copa será realizada no Oriente Médio e nos últimos meses do ano. Além disso, marca a despedida do atual formato de disputa, com 32 países na briga pelo título. Detentora dos direitos exclusivos para a transmissão do evento na TV aberta e por assinatura no Brasil, a Globo reúne a força de seus canais e plataformas em uma cobertura capaz de unir o Brasil em uma única torcida, repleta de emoção e representatividade na frente e atrás das telas. Uma Copa de todos para todos.
 
BATE-BOLA – ANA THAÍS MATOS
 
Há quatro anos, na Copa da Rússia, você integrava a equipe do ‘Troca de Passes’ no sportv e agora vai ser a primeira mulher a comentar de um jogo da seleção brasileira masculina em um Mundial. Como vê o seu desenvolvimento neste ciclo? 
Este ciclo de quatro anos resume muito do que foi a minha evolução profissional também. Na Copa de 2018, eu estava em uma das minhas primeiras experiências na TV. Estou muito contente de concluir este primeiro ciclo. As Copas costumam dividir momentos marcantes da minha vida. Eu me sinto muito orgulhosa de ver as conquistas que tive ao longo destes últimos quatro anos. 
 
Como vê o seu papel na abertura de espaço para outras mulheres na cobertura esportiva?
Quando falamos em ciclo, pensamos muito em lado individual, mas eu nunca pude pensar só por mim. Quando eu cheguei na televisão, em 2018, eu não sabia o que me esperava. As coisas foram acontecendo e eu fui percebendo que a minha responsabilidade ia além de falar sobre quem ganhou e quem perdeu. Ela afetaria o futuro de outras mulheres. Existia um processo em andamento e ele se desenvolveu. Foi difícil, mas é bem legal olhar que o nosso movimento tem volume. É um bloco muito forte, que cresceu em quatro anos e que no próximo ciclo vai crescer ainda mais.
 
Quais outras mulheres em coberturas de Copas do Mundo inspiraram você?
De cobertura de seleção brasileira, é impossível não lembrar de nomes como Galvão Bueno, Pelé, Falcão e tantos outros comentaristas que passaram por este processo. Mas nunca podemos esquecer, e não é esquecido, a imagem de mulheres nestas coberturas. A Fátima Bernardes esteve presente na campanha do penta, em 2002. Eu disse para ela algumas vezes o quanto isso foi importante para mim, o quanto me influenciou a ser jornalista. E depois a Fernanda Gentil, que fez uma cobertura muito difícil do Brasil na Copa de 2014. As duas me mostraram que é possível falar de futebol sem deixar de comentar do lado humano, que para mim é a principal característica de uma cobertura tão grandiosa quanto a de uma seleção brasileira em Copa do Mundo.

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