Para que um paciente possa atingir a cura de uma doença mais rapidamente, alguns pontos chaves são fundamentais. Entre eles, estão o diagnóstico precoce e o início mais depressa possível do tratamento. A pandemia da Covid-19 deixou sequelas não só em pessoas que foram contaminadas pelo vírus, mas também em outros pacientes, principalmente aqueles que precisaram adiar os respectivos tratamentos médicos para dar lugar para quem necessitou de leitos hospitalares. No 'Profissão Repórter' desta terça-feira, dia 19, a agonia de quem está à espera por um procedimento de saúde e convive todos os dias com a expectativa de um chamado.
Um dos tratamentos mais afetados por esse adiamento foram os relacionados ao câncer: houve uma queda de 38,2% no número de biópsias realizadas, segundo uma pesquisa da ONG Oncoguia, com base nos dados gerados pelo Datasus. Isso também resultou diretamente na diminuição da quantidade de diagnósticos: caíram pela metade em todo o Brasil. Foi no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) que as repórteres Julia Sena e Danielle Zampollo conheceram Gabriel Mendes. Em outubro de 2021, ele começou a sentir dores na coluna. Percorreu sete unidades de saúde para buscar uma resposta e só em fevereiro deste ano foi diagnosticado com Sarcoma de Ewind. Já em estágio avançado, havia se espalhado pela coluna e atingiu a medula, afetando o movimento das pernas. "Quando eu procurei os hospitais mais próximos a minha casa, normalmente o que eles atendiam com mais frequência era covid. As pessoas que chegavam com outros sintomas eles nem ligavam, como no meu caso. Eles davam remédio para dor e só. Passei quatro meses indo pra lá e pra cá, de hospital em hospital", conta Gabriel, que, atualmente se trata no ICESP, unidade que atende cerca de 500 casos de câncer por mês.
Já o jornalista Caco Barcellos e a repórter cinematográfica Gabi Vilaça foram até Minas Gerais para saber como está o cenário na fila dos doentes renais nesta região. A equipe acompanhou por três dias a movimentação de atendimentos na Santa Casa Misericórdia, que funciona como um centro de referência para doenças dos rins. Lá, estava Zenilce Silviano, de 50 anos. Paciente de hemodiálise, ele trabalhava como motorista profissional, mas precisou se afastar ao desenvolver insuficiência renal em 2019. Às vésperas de realizar um transplante de rins, Zenilce pegou covid e, como consequência, a cirurgia foi adiada. "A estrutura de transplante como todo foi penalizada. As UTIs foram invadidas por pacientes com covid e o nosso exército que trabalha no hospital foi deslocado para atender esses pacientes”, relatou o diretor do hospital, o médico nefrologista Gustavo Ferreira. Só na fila para transplantes de rim são quase 29 mil pessoas no país. Esta fila aumentou porque, desde o início da pandemia, cerca de 5 mil procedimentos deixaram de ser feitos. x
O ‘Profissão Repórter’ vai ao ar nesta terça, dia 19, logo após a série ‘Filhas de Eva’.
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