Divulgação/Mariana Carvalho |
Nesta terça-feira (26/7), Marcelo Tas entrevista Thiago André, criador e roteirista do podcast História Preta. Ele conta na edição como foi viver uma vida dupla. Enquanto via seu trabalho como criador de conteúdos crescer, continuava a servir em bases navais, como Sargento da Marinha do Brasil. Como os militares são proibidos de expressar opiniões políticas, manteve em segredo sua atividade com o História Preta. O Provoca vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.
Tas comenta com Thiago sobre o ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo. “Ele é parte da história preta do Brasil (...) as pessoas pretas também são diversas, tem pessoas pretas de direita, esquerda e racistas. É importante falar sobre essas coisas, até para as pessoas pretas entenderem que nem todo preto vai ser seu aliado”, diz o criador do podcast.
Ele conta também que o História Preta nasceu de uma decepção. “Eu queria continuar fazendo minha graduação e fui impedido. Nunca planejei e ele se tornou isso. E todas as vezes que eu voltava para casa nesse conflito e lia as pessoas dizendo que ouviam meu podcast e diziam: 'hoje eu aceito meu cabelo como ele é; eu consigo ver beleza em mim e passar isso para meus filhos'. Isso me trazia paz. E é nesse sentido que o podcast me salva, conseguir impactar tantas pessoas”.
Thiago André diz ainda que o Vasco talvez tenha sido o primeiro clube que pensou na profissionalização do futebol. Comerciantes portugueses financiavam o clube e resolveram contratar jogadores negros para o seu estabelecimento, padaria, açougue, mas na verdade eles não trabalhavam, eles só jogavam futebol. Como os negros não podiam ser profissionais, era uma regra, eles eram empregados nos estabelecimentos e jogavam (...) foram os primeiros jogadores a se profissionalizarem, a só jogar futebol. O Vasco fez um time matador que arrebatou todos os corações e os títulos e a Liga de Futebol pensou: como é que a gente vai deixar esse time, a maioria negros, ganhar da gente? E colocaram na regra que não poderia ter jogadores negros nos times e o Vasco foi tirado da Liga”, explica.
Tas comenta: é um racismo por escrito. “A desculpa da lei é que não queriam jogadores profissionais, mais isso acabava limitando, eles colocaram que tem que ser alfabetizado, e isso atingia direto os negros (...) o racismo se espreia para todas as áreas (...) o racismo à brasileira é uma tecnologia sofisticada, porque diferente dos Estados Unidos que já fala direto, aqui no Brasil não, você é meu amigo, só que não é bem assim”, diz Thiago.
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