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A tradição das festas juninas se confunde com a própria história do Nordeste. A chegada do sexto mês do ano sempre marcou a temporada mais festiva dessa região do país. E exatamente no dia 24 de junho, dia de São João, o 'Globo Repórter' nos leva para conferir os preparativos dos festejos na Bahia, em Sergipe, no Ceará e em Pernambuco, após dois anos de sanfonas, triângulos e zabumbas emudecidos pela pandemia. Com as bênçãos de Santo Antônio, São João Batista e São Pedro, santos homenageados nesse período, e de (São) Luiz Gonzaga, rei do baião, de quem os músicos são devotos, o programa pede passagem nesse anarriê, que conta com o auxílio luxuoso de Gilberto Gil. O musico, que completará 80 anos dia 26 de junho e passou a vida festejando aniversários em festas juninas, fala das lembranças que carrega dos tempos de infância, das comidas típicas, da ligação dele com Santo Antônio.
“As brasas da fogueira são lembranças muito grandes que eu trago na retina... Aquelas brasas lindas, bonitas, ali trepidando. Nas semanas anteriores a São João, minha família e as vizinhas tinham o costume de descascar laranjas (...). Guardar todas as cascas, pendurar no varal pro sol secar, puxar o óleo pro sol atiçar as cascas na hora de acender as fogueiras. Era uma tradição também”, relembra Gil.
Para a jornalista Camila Marinho, que acompanhou os festejos na Bahia, o sentimento que ela encontrou entre os entrevistados foi de redenção: “Não há nada que represente mais a cultura nordestina do que celebrar o São João. E preparar esse conteúdo especial, depois de dois anos de pandemia, é como devolver a autoestima de toda essa gente. A cada casa que eu entrava, a cada pessoa que eu entrevistava, eu sentia essa energia. A alegria de ter de volta as reuniões em família, da mesa farta com comidas típicas, a devoção aos Santos com as trezenas que deixam de ser virtuais para serem presencias... É uma retomada grandiosa e muito especial”, celebra Camila.
Não há como negar que as comidas são o ponto alto de qualquer festa junina que se preze. Ainda mais no Nordeste. Direto do Ceará, a repórter Aline Oliveira acompanhou desde o plantio até a colheita do milho, item que reina nos principais pratos de um tradicional arraial. “As festas juninas sempre geraram grandes coberturas, não só por manifestarem a cultura e a tradição do Nordeste, mas também por serem a celebração da colheita na região. Muita gente adora as comidas típicas, especialmente as que são à base de milho, mas poucos lembram que esses pratos são resultado de muito trabalho no campo. E se a produção é boa, mais motivos pra festa. Reportar a retomada dessa celebração foi motivo de extrema alegria, especialmente, por estar sendo um ano de boas chuvas para a agricultura. Durante nossas andanças pelo sertão, a terra estava tão molhada que nosso carro de reportagem atolou”, relembra Aline, divertindo-se do perrengue.
Histórias de quem tirava o sustento do trabalho nas festas e que precisou se reinventar durante a pandemia também serão contadas no programa. “Só quem é nordestino sabe o que os festejos juninos representam pra região e, como nordestina, foi duplamente emocionante ver e mostrar esse retorno no ‘Globo Repórter’. Entre os personagens que entrevistei, está Marcos Siriguela, percussionista de uma banda de forró, que na pandemia foi obrigado a trocar o instrumento pelo volante de um transporte por aplicativo. A única alternativa pra ter renda é manter a família. Hoje, Siriguela está rindo à toa com o retorno da sua banda nas festas juninas”, relatou a jornalista Carla Suzane, que fez a cobertura no estado de Sergipe.
E a música que dá o tom das festas também está no programa. Em Pernambuco, a Orquestra de Pífanos, que reúne músicos de todas as idades, mostra como a tradição é passada há várias gerações. “Fiquei encantada como a alegria do reencontro das pessoas com a sua festa mais autêntica, mais afetiva, que era esperada, marcada no calendário, nunca teve tanto significado. Na Orquestra de Pífano, única no mundo, a tradição sobe ao palco mais nobre do São João de Caruaru de roupa de gala e chapéu de couro. São 100 tocadores de pífano, que mostram que o talento e a cultura popular sobrevivem para além do tempo, da modernidade, de toda ameaça que possa existir. Foi a cereja do bolo, a consagração da obstinação e da vocação que nasce com o povo”, exalta a jornalista Beatriz Castro.
O 'Globo Repórter' vai ao ar na noite de sexta-feira, dia 24, depois da novela ‘Pantanal’.
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