Divulgação Globo/João Miguel Júnior |
Aliada direta do figurino, a caracterização se torna ainda mais fundamental quando é necessário marcar a passagem do tempo em mudanças de fase e quando se tem personagens de aparência peculiar, como o Velho do Rio (Osmar Prado), que se transforma em sucuri, ou Maria Marruá (Juliana Paes), que se transforma em onça, em 'Pantanal'. Quem faz essa magia acontecer na nova versão da novela é Valéria Toth, caracterizadora na TV Globo há mais de 15 anos. Entre as tantas obras que assinou está, inclusive, ‘Paraíso’, que também teve o Pantanal como pano de fundo. “Isso foi há mais de 10 anos, então eu tinha um pouco dessa imagem pantaneira, de quem trabalha no dia a dia com o gado, grande parte do dia no sol. Tinha na memória a imagem das pessoas locais”, comenta Valéria.
Para a nova versão de ‘Pantanal’, seu primeiro passo foi entender cada personagem e seu universo, e fazer uma pesquisa bem apurada também sobre os atores que dariam vida a eles, estudando todos os trabalhos que já fizeram na TV e no cinema, a fim de não cair na mesmice. “Vai que de repente o ator acabou de fazer algo com uma barba e você coloca barba de novo; a atriz acabou de pintar o cabelo de determinada cor, você pinta de novo... Aqui, por exemplo, muitos peões usam barba, então tive esse cuidado de estudar o que cada um deles fez recentemente”, explica.
Valeria destaca que grande parte do seu trabalho envolveu o fato de ter atores diferentes para a primeira e segunda fase, interpretando o mesmo personagem. “Quando você aproxima esses personagens, eles têm de ter indícios, sutilezas que os aproximam, para que o público possa identificar o ator anterior nessa mudança. Por exemplo, para interpretar a Filó, foram escolhidas duas pessoas que são parecidas, Leticia Salles e Dira Paes. Mas a Leticia estava com o cabelo cacheado, então alisamos o cabelo dela e a colocamos com os fios bem compridos, que não são dela. Tudo para levá-la à Dira, na segunda fase. Fizemos o mesmo com Malu Rodrigues e Camila Morgado, que interpretam Irma na primeira e segunda fase, respectivamente. Colocamos as duas ruivas, com cores bem parecidas”, explica a caracterizadora.
Outros que tiveram essa aproximação com a ajuda dos cabelos foram Renato Góes e Marcos Palmeira, que interpretam José Leôncio. “Tivemos o cuidado de pedir ao Renato para deixar o cabelo crescer. O Marcos Palmeira tem o cabelo muito cacheado, muito fechado. Pedimos a ele para passar um produto para se aproximar do Renato. Os dois deixaram o cabelo crescer e com os cachos abertos se aproximaram bem. Esses elementos mostram essa passagem de 30 anos”, complementa.
O maior desafio, contudo, está nos detalhes relacionados ao ator Irandhir Santos, que interpreta o velho Joventino na primeira fase, e o caminhoneiro José Lucas de Nada na segunda fase. “Os dois personagens são completamente diferentes. Joventino é mais maduro, sempre trabalhou como peão de comitiva, chega à novela envelhecido, querendo descansar, apear como dizem os peões. José Lucas de Nada é mais jovem, caminhoneiro, vaidoso, se penteia, se olha no espelho, tem pouca ou quase nenhuma barba”, adianta Valéria.
Por último, mas nem de longe menos importante, estão os envelhecimentos e marcas da vida que precisou registrar tanto no Velho do Rio, interpretado por Osmar Prado, quanto na Maria Marruá, interpretada por Juliana Paes. “Osmar Prado tem a pele muito boa, bonita. Papinha (Rogério Gomes, diretor artístico) falou que o Velho do Rio não poderia ter uma pele boa assim, então precisamos manchar um pouco. O mesmo fizemos com a Juliana. Também colocamos nela um megahair cacheado longo na cor marrom. Deixamos a sobrancelha crescer, fiz umas manchas na pele para descontruir a beleza da pele dela, para parecer uma mulher sem cuidados devido a toda sua história de vida, tão sofrida. Ela vive isolada na tapera, não tem vaidades. Usamos maquiagem de efeitos especiais nas mãos, para registrar as marcas de serviços físicos pesados. Desconstruir uma atriz belíssima como a Juliana também é desafiador”, finaliza Valéria.
‘Pantanal’ é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
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