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No mês em que se comemora o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a nova temporada do programa ''Entrevista'' estreia no Canal Futura, debatendo o cenário das artes no Brasil ontem, hoje e amanhã. A apresentação é da curadora Sandra Benites, indígena guarani, e os episódios terão como cenário o Museu da Língua Portuguesa. A série tem pré-estreia no dia 12, às 20h, com maratona dos cinco primeiros episódios, e a partir desse dia estará disponível nas plataformas Globoplay e Canais Globo. A estreia será no dia 14, às 20h45.
A temporada é dedicada ao artista indígena Jaider Esbell, nome em ascensão nas artes plásticas que morreu na véspera do início das gravações. Jaider era da etnia Macuxi, cujas narrativas são a base de “Macunaíma”, texto de Mário de Andrade que é um marco da literatura modernista.
Ao longo dos episódios, Sandra, co-curadora de Arte Brasileira do Museu de Arte de São Paulo (MASP), vai tratar de questões como a descolonização da arte, tema que atravessa todos os episódios, e questionar paradigmas herdados da Semana de 22. O movimento marcou a história da arte produzida no país e levou a arte modernista para o circuito europeu, forjando a "cara" da arte brasileira e consolidando a "imagem" que se tornaria referência para artistas, curadores e historiadores, fora e dentro do país. Ao longo dos últimos anos, pensadores e artistas, especialmente da periferia e além do eixo Rio-São Paulo, vêm questionando o caráter elitista e hegemônico do movimento.
Sandra Benites apresenta ''Entrevista''
Para iniciar esse debate, no episódio de estreia Sandra recebe o também artista indígena Denilson Baniwa, um dos nomes de destaque nas artes contemporâneas. A temporada contará ainda com nomes como o curador e diretor da Casa Roberto Marinho, Lauro Cavalcanti; a psicanalista, crítica de arte e curadora Suely Rolnik; o professor e coordenador do Programa de Estudo dos Povos Indígenas, José Ribamar Bessa Freire; a artista carioca Panmela Castro, conhecida internacionalmente como a rainha do grafite brasileiro; o artista plástico Jaime Lauriano; o pesquisador, ensaísta e professor Frederico Coelho; a escritora e professora Beatriz Jaguaribe; e os escritores e professores Denilson Lopes e Osmundo Pinho.
"O que me chamou mais atenção no processo foi ver como a arte pode ser um lugar de inclusão, de elaboração das dores não só do artista, mas do grupo que ele ou ela representa. A Panmela Castro e o Denilson Baniwa, por exemplo, são artistas que produzem não só um objeto artístico, mas que fazem da sua arte uma forma de luta, de fortalecimento das causas”. Afirma Sandra Benites. Para ela, a arte pode ser um espaço para enxergar a realidade e as injustiças, um espaço de propor mesmo uma representação como luta, como uma forma de encorajamento para outros artistas e outros grupos sociais que estão normalmente à margem do circuito artístico branco.
O Entrevista integra a programação do Futura com o objetivo de fortalecer a rede de atuação da Fundação Roberto Marinho, visando ampliar a representatividade nas telas por meio de conteúdos que abordam a diversidade cultural, identidade e incentivo às juventudes. A série também ficará disponível nas plataformas de streaming Canais Globo e Globoplay.
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