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Imagem mais famosa do Brasil, o Cristo Redentor completa 90 anos no dia 12 de outubro, e a história da sua construção ainda é pouco conhecida entre os brasileiros. O Caminhos da Reportagem inédito que a TV Brasil exibe neste domingo (10), às 20h, vai falar do projeto audacioso que foi erguer um monumento de 38 metros de altura, no alto do morro do Corcovado, a 710 metros do nível do mar. E com os braços abertos.
''É a história do Brasil que está ali. Envolve a política, a república, a monarquia, o Getúlio Vargas, que inaugurou (a estátua),” afirma Rodrigo Alvarez, jornalista e autor do livro "Redentor", lançado para o aniversário do Cristo. “Há um grande contexto brasileiro no Cristo Redentor. Não é à toa que quando tem um problema no Brasil, as revistas internacionais colocam o Cristo na capa. O Cristo é a imagem do Brasil'', conclui.
A atração jornalística revela que por muito tempo a documentarista Bel Noronha, assim como muita gente, chegou a acreditar num mito de que a estátua teria sido um presente da França para o Brasil. Ela achava que a família estava exagerando quando ouvia em casa “vovô fez o Cristo”. Até que começou a pesquisar o assunto para a realização do documentário "Christo Redemptor" (2005) e depois "De braços abertos" (2008) e resgatou memórias e documentos que estavam sendo esquecidos.
Bel Noronha é bisneta de Heitor da Silva Costa, o engenheiro e arquiteto que venceu um concurso organizado por um grupo de católicos em 1921 com a finalidade de promover a construção de uma estátua em homenagem a Jesus Cristo para o centenário da independência, no ano seguinte. Foi o brasileiro que liderou o projeto, da concepção até a entrega da obra, em 12 de outubro de 1931.
À equipe de reportagem, o teólogo Alexandre Pinheiro, coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Cristo Redentor, conta que não foi fácil na época conseguir a autorização do governo republicano para a obra. Um abaixo-assinado de 20 mil mulheres, lideradas pela escritora Laurita Lacerda, ajudou a vencer a resistência do então presidente Epitácio Pessoa.
A arquidiocese do Rio de Janeiro organizou uma campanha de arrecadação de fundos que mobilizou não só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Toda a construção do Cristo foi financiada com o dinheiro das doações dos brasileiros, destaca Pinheiro.
Heitor da Silva Costa buscou parcerias na França para a obra. Para fazer os cálculos estruturais, contratou o engenheiro Alberto Caquot e para fazer a estátua, o escultor Paul Landowski, grande expoente do movimento art déco. Landowski mandou a maquete de 4 metros para o Brasil de navio. As cabeças e as mãos foram feitas em tamanho natural.
A escultura foi reproduzida em concreto armado e revestida em pedra-sabão. Grupos de mulheres se reuniam na casa paroquial para fazer os mosaicos que eram posteriormente aplicados na estátua. Muitas escreveram os nomes de namorados e outras pessoas queridas atrás das pecinhas.
A edição deste domingo do Caminhos da Reportagem mostra que a qualidade da obra impressiona a arquiteta e escultora Cristina Ventura, coordenadora da mais recente restauração do Cristo. “Os engenheiros, os arquitetos, os escultores foram audaciosos do mesmo jeito que toda aquela galera que ficou aqui, sem EPI (equipamento de proteção individual), com um desejo enorme... Eu fico imaginando isso quando nós, da equipe, fazemos as coisas com tanto amor, imagina pra eles que estava construindo o Cristo Redentor. Que tipo de compromisso que essa galera não tinha aqui, sabe?”, reflete Cristina.
Para o aniversário de 90 anos foram feitos reparos emergenciais em partes que haviam sido danificadas pelas intempéries: trechos do manto, dedo direito e parte frontal da cabeça. Além disso, como parte da manutenção preventiva, o Cristo ganhou uma estação meteorológica para medir os ventos que atingem a estátua. Ganhou também para-raios reforçados.
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