Costumes do Japão são tema do Caminhos da Reportagem

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Em "Máscaras do Japão", episódio inédito do Caminhos da Reportagem que a TV Brasil exibe às 20h de domingo (25), a equipe viaja à terra do Sol nascente e mostra o país que o brasileiro vai encontrar nas Olimpíadas, remarcadas para julho de 2021. A pandemia da Covid-19 mudou os planos dos japoneses e do mundo, mas não o estilo de vida de quem nasceu na ilha de 126 milhões de habitantes.

As diferenças no cotidiano entre Japão e Brasil são imensas, mesmo para os descendentes de japoneses. Ninguém diz “bom dia” ou “tchau” com aperto de mão, abraços ou beijinhos no rosto. O cumprimento com a inclinação do corpo para frente pode acontecer em ocasiões inesperadas até para quem é filho de imigrantes, como o professor de Relações Internacionais Alexandre Uehara. “Na minha primeira ida ao Japão, quando abria uma conta no banco, o funcionário soube que eu estava lá para estudar com uma bolsa do governo japonês”, relembra o professor. “Ele se levantou e se inclinou para mim, mostrando reverência pela posição em que eu estava chegando lá.”

Em um país onde a mulher com diploma universitário é proibida de trabalhar mais do que 20 horas por semana, a dona de casa Niko Aoka deu aulas de inglês quando jovem, mas parou para criar os filhos. Hoje, vai ao parque com as amigas em busca de inspiração para aprender Haiku, a poesia japonesa, hábito cultivado pelas japonesas a partir de 60 anos.

"Eu não quero ficar em casa fazendo Haiku”, afirma Junko Watanabe, 73, que hoje vive no Brasil. Sobrevivente da bomba em Hiroshima, Junko enfrentou críticas pelo uso de jeans e tênis em visitas à sua família. As roupas são consideradas inadequadas para mulheres de sua faixa etária.

Ao contrário dos brasileiros, os japoneses dificilmente abrem a porta de casa para quem não é parente ou amigo. O designer gráfico e músico Juta Sugai, 73, nascido e criado em Tóquio, é uma exceção. Partiu dele o convite para a equipe de reportagem conhecer o lugar onde mora, com direito a um chá. “Não existe o melhor ou pior lugar pra se viver”, ressalta Sugai. “Morei 13 anos nos Estados Unidos, gosto de entrar em contato com culturas diferentes”.

O estrangeiro que vive no Japão, mesmo casado e com fluência no idioma, sempre se sentirá um forasteiro, segundo a fotógrafa Tanja Houwerzijl, radicada no Japão há mais de dez anos. Para seus amigos na capital japonesa, “não importa se você está casado há 40, 50 anos, você nunca será aceito completamente pela sociedade.”

No Brasil, os jovens descendentes só querem se livrar das piadas sobre “olhos puxados” e deixar de ser alvo do chamado preconceito amarelo – agressões contra asiáticos, intensificadas durante a pandemia. A atriz Beatriz Diaféria e Kiko Morente, um dos criadores do canal Yo Ban Boo, explicam como pode ser libertador representar as cenas de constrangimentos em vídeos no YouTube. A comunidade de jovens asiáticos se fortalece quando percebe que o incômodo com piadas pode ser enfrentado com a palavra.

Descendentes de japoneses nascidas no Brasil, as jovens Larissa Uehara e Hitomi Matsuda tomaram caminhos distintos. Larissa, que demorou para conhecer a terra de seus antepassados, diz que não se acostumaria ao modo como a mulher se submete aos rígidos padrões japoneses. Depois de estudar dez anos no Japão, Hitomi não se acostumou a viver no Brasil e voltou para Tóquio, onde se sente mais ajustada com sua própria imagem, como sempre foi vista: “uma japonesa”.

Portas e corações se abriram para a reportagem em Tóquio, a capital, e em Sapporo, no norte do país. As cenas mostram a convivência entre o moderno e o conservador, o lento e o veloz, em uma cultura que hoje, em tempos de coronavírus, não abre mão de suas máscaras.

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