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Entre o final de 2020 e o inicio deste ano concluiu-se, discretamente, um movimento importante para quem acompanha as relações entre as empresas de comunicação e o setor de telecomunicações no Brasil. O grupo Globo vendeu suas participações remanescentes na Claro e na Sky. Eram participações pequenas, inferiores a 5%, que no passado serviram para dar à Globo alguns poderes de acionistas limitados em relação a decisões sobre conteúdos de TV paga, mas que ainda remetiam a um passado em que o maior grupo de mídia brasileiro tinha presença relevante na distribuição de serviços de telecomunicações. Mais do que um desligamento societário, a saída da Globo marca a transformação completa de seu modelo de atuação na oferta de conteúdos para empresas de telecomunicações e do próprio mercado de TV por assinatura.
A participação da Globo na Claro era um resquício da venda das antigas operações de cabo da Net/Globocabo para o grupo Telmex, em 2004. Com a aprovação da Lei do SeAC, em 2011, o grupo do empresário Carlos Slim assumiu definitivamente as operações de TV paga e a Globo manteve uma participação residual na Claro. Já no caso da Sky, a Globo foi controladora até 2005, mas aos poucos diluiu sua participação com a venda para a Fox, sua sócia na época, e posteriormente acomodou-se com uma posição residual após a fusão com a DirecTV. A sociedade se manteve com a entrada da AT&T no controle da empresa.
A saída da Globo do capital da Claro e da Sky foi viabilizada não apenas por um entendimento em relação aos valores destas participações, obviamente, mas por uma estabilização na estratégia das empresas em relação à oferta de serviços de TV por streaming. A AT&T avançou com a estratégia da DirecTV Go e agora com a HBO Max. A própria Globo passou a distribuir seus canais de TV paga pelo Globoplay. E a Claro lançou o Claro TV Box, para a oferta de conteúdos por streaming. Com isso, deixou de fazer sentido para a Globo manter uma posição de acionista relevante dentro das empresas.
*Com informações TelaViva