Nicole é vítima de racismo em 'Flor do Caribe'

Divulgação/Globo

Não é de hoje que Dionísio (Sérgio Mamberti) tem atitudes extremamente preconceituosas e, desta vez, seu alvo é Nicole (Cinnara Leal). Em capítulos que vão ao ar a partir desta quinta-feira, Dionísio a agride em pleno café da manhã, com palavras duras e cruéis. Mas Nicole não se intimida e se defende das loucuras do empresário com um discurso sincero, duro e, mesmo com toda a indignação que toma conta de si, ainda consegue fazer tudo isso sem perder a cabeça. A funcionária de Guiomar (Claudia Netto) decide ir embora da mansão dos Albuquerque.
 
Em Vila dos Ventos, Nicole encontra William (Renzo Aprouch), que lhe convida para morar em sua casa. Quirino (Ailton Graça) é pego de surpresa, mas concorda com o convite do filho, principalmente quando descobre o porquê de Nicole ter deixado a mansão. Embora feliz, Nicole se preocupa com o que as pessoas podem falar, já que Doralice (Rita Guedes) e Quirino continuam casados, mesmo que ela tenha sumido da cidade já há um tempo. Mas Quirino não se importa, e ela então aceita o convite.
 
ENTREVISTA COM CINNARA LEAL
 
Qual a importância da personagem na sua carreira?Como se preparou?
A Nicole é a realização de um sonho de criança, de vida, que era ser bailarina. Quando tinha 5 anos pedi para minha mãe para ser bailarina, ela me levou até a escola de dança do Teatro Municipal, fiz o teste e ouvi que estava eliminada porque não tinha biotipo, eu não sabia nem o que era biotipo e nem queria saber o que era. A criança de apenas 5 anos só queria ser o que o coração dela sentia, o que fazia uma criança de um Conjunto Habitacional da Penha no subúrbio do Rio se encantar, se emocionar ao ver uma bailarina.

O que significou ‘Flor do Caribe’ na sua trajetória?  
Um trabalho que selou e marcou minha jornada na qual tenho muito orgulho. A primeira vez que entrei nos Estúdios Globo não foi como atriz, foi fazendo teste para o Balé do Faustão. Aliás, fiz três e não passei. Depois me apaixonei pelo teatro e para pagar minha faculdade de teatro, trabalhei distribuindo panfletos em eventos. Uma vez fui trabalhar com um buffet. Voltei aos Estúdios para servir café em um evento de aniversário da emissora. Só depois voltei para fazer cadastro como atriz. Estar ali em Flor do Caribe ao lado de atores que admiro, que sou fã, dando vida a uma personagem bailarina, era a vida dando voltas e mostrando o poder de não desistir de um sonho que alimenta outros e ali tornava realidade.

Tem alguma característica ou algo que você aprendeu com a personagem que ficou pra sua vida?
Sim, a espontaneidade seja aonde eu estiver. Nicole era assim muito intensa, uma artista do mundo, pensava grande e com ela ganhei autoestima. Acreditei que podia rodar o mundo e continuar sendo eu, ela me despertou para mim mesma me fazendo olhar para trás e me orgulhar da minha luta.

Qual cena gostaria de rever? 
A cena em que Nicole sofre racismo do Dionísio é um momento em que ela diz uma frase da Nina Simone, absolutamente necessária, que precisamos deixar viva dentro de nós: “Você tem que aprender a levantar-se da mesa quando o amor não estiver mais sendo servido”.

Qual a cena mais difícil?
Essa em que Nicole sofre racismo foi uma cena muito difícil e delicada. Sofremos na pele as consequências do racismo estrutural até hoje. Eu e o diretor Leo Nogueira conversamos e ensaiamos muito porque sabíamos da importância da cena. Na sequência eu molho o Sergio com o copo de água e um erro ali era um trabalho gigante de troca de roupa dele e, com isso, poderia perder a emoção construída.

Que momento das gravações você lembra com mais carinho?
As cena com o Ailton. Já era fã dele e ter ele como parceiro foi mais um presente desse lindo trabalho.

Como foi a parceria com Ailton Graça?
Um presente, aprendizado diário, contracenar com um ator generoso, que troca sempre e que você admira te dá uma dimensão e uma potência muito grande que te alimenta para continuar a jornada.
 
'Flor do Caribe’ é escrita por Walther Negrão e tem a direção artística de Jayme Monjardim, direção geral de Leonardo Nogueira e direção de Teresa Lampreia e Thiago Teitelroit.

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