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O documentário alemão ''O Fórum'', do diretor Marcus Vetter, já está disponível no Globoplay para assinantes. Nele, Marcus traz imagens, diálogos e discursos impactantes dos bastidores do Fórum Econômico Mundial de Davos. É a primeira vez em 50 anos que um cineasta teve acesso aos bastidores do evento.
Com imagens inéditas captadas ao longo de dois anos, o documentário acompanha os passos e interações de figuras ilustres, como o presidente norte-americano, Donald Trump; a primeira-ministra britânica, Theresa May; o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro; a diretora do Greepeace, Jennifer Morgan; da ambientalista adolescente Greta Thunberg, que ficou conhecida mundialmente por seu ativismo; dentre muitos outros. Além de uma entrevista especial com o Professor Klaus Schwab – fundador do Fórum Europeu de Gestão, em 1971, que teve seu nome mudado para o atual em 1987.
Fascinante do início ao fim, o documentário é uma verdadeira aula multidisciplinar, que passa por Relações Internacionais, História e Política, ressalta projetos que o fórum ajudou a facilitar, como o de uma start up que revolucionou a logística de entrega de sangue em Rwanda com drones, além de muitos outros temas. Sempre baseada em exemplos reais do mundo atual e trazendo à tona informações relevantes para debates urgentes, como a preocupação com o meio ambiente e a importância de resgatar a confiança da população nas instituições que existem para garantir seus direitos.
Breve Entrevista com o diretor Marcus Vetter
Marcus Vetter é um dos mais prestigiados diretores alemães. Recebeu o Prêmio Alemão de Cinema por “O Coração de Jenin”, foi vencedor inúmeras vezes do Prêmio Grimme e também levou o Prêmio da TV Alemã pelo “Der Tunnel”. Em 2015, Vetter se aventurou pela primeira vez em outro estilo de produção, entrando nos mercados financeiros da economia mundial com “The Forecaster”. Em 2020, lança ‘O Fórum’, documentário que mostra pela primeira vez em 50 anos, os bastidores do Fórum Econômico Mundial de Davos. Conheça mais detalhes na breve entrevista abaixo.
Como surgiu esse filme? Como conseguiu esse acesso sem precedentes?
Foi através do produtor cinematográfico Christian Beetz. Há cinco anos ele se encontrou com o Professor Klaus Schwab, fundador do Fórum, e propôs um filme sobre ele e sua instituição. Até então, o Fórum tinha como sede Genebra e nunca havia recebido uma equipe de documentário antes. Schwab concordou com a ideia, com uma condição: de que o filme não fosse sobre ele, mas sobre o Fórum Econômico Mundial como um todo. Muitos anos se passaram. O assunto era tão complexo, que não foi fácil encontrar uma abordagem correta. Em 2017, Christian me procurou para saber se eu conseguia imaginar um filme como esse, pois havia trabalhado em tópicos complexos semelhantes e tinha funcionado. “The Court”, sobre o Tribunal Penal Internacional de Haia, ou “The Forcaster”, um flme sobre a dívida nacional mundial. Concordei com uma reunião de pesquisa e conheci Klaus Schwab, provavelmente o homem mais influente e conectado do mundo – que ninguém conhecia realmente até então. No começo eu era cético sobre o que exatamente o Fórum fazia a portas fechadas e se teríamos resultados concretos ou apenas conversas. Eu estava animado para ouvir a visão que o levou a fundar o Fórum há 50 anos, quando tudo começou. Encontrei em Klaus uma pessoa muito interessante, cheia de paixão e que, para sua idade, parecia jovem e ágil. Em 1971 ele teve uma ideia: o que aconteceria se você reunisse os líderes mais poderosos do mundo para falar sobre ética, a fim de orientar o futuro do planeta em uma melhor direção? Ele adotou um modelo empresarial. Uma empresa deve se comprometer não só com seus acionistas, mas também com seus colaboradores, o meio ambiente e a sociedade civil. Eu pude perceber que ele estava convencido desta ideia ainda hoje, 50 anos depois. E tinha dedicado sua vida a ela.
O documentário é um olhar íntimo por trás dos cenários desta organização de elite. O que foi negociado e o que foi estritamente proibido de ser gravado?
Eu disse ao Prof. Schwab em minha primeira conversa que sou um diretor que faz seus filmes para o cinema. Eu tenho um contrato não escrito com o público para meus filmes, que o filme só é empolgante para eles quando temos cenários que posso ver com a câmera, quando o microfone está ligado ao falar com chefes de estado ou governo, políticos e ministros. Precisamos sentir e entender do que se trata quando falamos com eles. Eu acho que na época ele não entendeu o que eu quis dizer, talvez pensou que éramos uma equipe de cinema que produziria um simples documentário para a TV, com comentários de um repórter. Então, pedi a ele que assistisse a três dos meus filmes: “O Coração de Jenin ”, “My Father the Turk” e meu último filme“ Killing for Love - The Promise ”. Ele deveria visualizar o que queremos dizer quando falamos em “fazer documentários para o cinema”. Pouco tempo depois, nos encontramos novamente e ele já havia assistido aos filmes. Essa foi uma das principais razões que me mostraram depois porque que ele concordou em fazer este filme: Klaus Schwab, uma pessoa tão ocupada como ele, usou seu tempo para entender quem eu sou. Pude ver claramente que ele não era uma pessoa superficial e que ele era uma pessoa que tomava decisões conscientemente. Decidi prosseguir com o projeto do filme, embora ainda não estivesse totalmente convencido.