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O dramaturgo mineiro Amir Haddad bate um papo com atores em formação no episódio da série Atos que a TV Brasil exibe deste domingo (20), às 23h30. Referência no teatro brasileiro, o convidado discute o papel do diretor e os desafios do ator na entrevista exclusiva no palco da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), parceria da emissora pública no projeto.
Idealizador do Teatro Oficina (1958) ao lado de outros nomes consagrados das artes cênicas, Amir Haddad tem muitas histórias para contar. Com mais de décadas de carreira, o experiente artista partilha seu conhecimento sobre a vida nos palcos e bastidores com um grupo de estudantes de dramaturgia, mediados pelo professor e diretor teatral Antonio Gilberto.
Na sabatina, o convidado dá uma verdadeira aula de artes cênicas ao abordar as atribuições do diretor e as competências do ator. "O ator é o inventor do teatro. Ele nunca precisou de um espaço fechado para representar, pelo contrário. As grandes manifestações populares públicas davam ensejo ao ser humano colocar para fora esse seu lado expressivo", avalia.
Haddad comenta ainda como o teatro surge enquanto uma atividade pública. "O teatro é uma atividade pública que nasce nos espaços abertos. Eu costumo chamar o meu teatro de arte pública, mas todo o teatro é arte pública", conceitua.
O teatrólogo destaca essa natureza ao comparar com outras áreas do saber correlatas. "Hoje o teatro não está naturalmente na rua, mas o teatro não nasceu no espaço fechado. O teatro antecede a arquitetura, a dramaturgia e a cenografia", define.
Analogia com futebol e tributo a Sérgio Britto
Durante o descontraído papo, o ator e diretor ainda fala sobre a relação do público com os artistas desde a antiguidade, traça um panorama sobre a "commedia dell'arte" e explica a origem do termo "quarta parede" no teatro.
Seguido pelo olhar ávido por conhecimento dos alunos, com questionamentos sobre a vida e a arte de atuar, o convidado faz uma interessante analogia entre as crônicas futebolistas de João Saldanha e Armando Nogueira e o teatro.
Com a humildade que os anos de estrada lhe concederam, Amir Haddad ainda presta uma calorosa homenagem ao saudoso ator e diretor Sérgio Britto. Para completar, ele ainda propõe e avalia um exercício de improvisação feito pelo grupo.
Lógica do programa
Identificar um sentido mais amplo das artes cênicas a partir dos desafios no processo de formação do ator é a premissa de Atos, produção da TV Brasil em parceria com a Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) que recebe personalidades como a atriz Julia Lemmertz.
Em sua primeira temporada, as entrevistas são conduzidas por um grupo de intérpretes em formação, mediados pelo professor e diretor teatral Antonio Gilberto. Com formato intimista, leve e dinâmico, Atos busca fugir dos padrões convencionais televisivos ao deslocar o estúdio de gravação televisivo para o palco teatral da própria CAL.
A dinâmica de Atos cria um ambiente propicio para uma conversa informal e pequenos jogos teatrais que são apresentados com naturalidade nos quadros do programa. Nomes consagrados da cena artística nacional abrem o coração e revelam histórias e acontecimentos que marcaram suas carreiras.
Em 13 episódios semanais de 26 minutos, o primeiro ano de Atos recebeu figuras ilustres da dramaturgia brasileira. Participam dessa primeira temporada da atração personalidades como as atrizes Heloísa Périssé, Françoise Forton, Cristina Pereira, Jane Di Castro e Carmem Verônica, os atores Otávio Augusto, Tônico Pereira, Antonio Pitanga, Renato Borghi e Johnny Massaro, além dos diretores Amir Haddad e Ary Coslov.
Quadros estimulam a criatividade
Durante o papo de cada edição, os artistas interagem com os alunos e o mediador em quadros diversos. O principal consiste na reprodução de uma cena famosa de alguma peça, filme, série ou novela que o convidado participou ou dirigiu. Após os estudantes recriarem aquela ação dramatúrgica, o artista comenta a experiência.
Em outro quadro, ele ensina algum exercício respiratório, vocal ou de concentração que costuma fazer antes de atuar. O artista sugere uma atividade de preparação teatral, explica o funcionamento da técnica e como essa prática o ajuda a entrar em cena.
A indicação de um livro, peça ou filme que tenha marcado sua trajetória é mais uma das sequências do programa. Um outro quadro traz comentários sobre uma personalidade que inspirou o convidado e tenha influência em sua carreira.
Além de construir um perfil do artista, a proposta desses quadros intercalados na entrevista é despertar o interesse do telespectador por obras e personalidades que ele ainda não conheça.
Um dos momentos que mais criam expectativa em Atos é o jogo de cena. No quadro, o artista conta uma história que o público não sabe se é verídica ou fictícia.
A resposta com a versão completa do relato entra no ar em um vídeo publicado no site do programa na página da TV Brasil após a exibição do episódio. Na internet, o público descobre se a história é real ou inventada.
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