Divulgação TV Brasil |
O cineasta Neville d'Almeida é o sexto artista convidado na temporada inédita da série Atos, produção da TV Brasil em parceria com a Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), que vai ao ar neste domingo (23), à meia-noite.
Sabatinado por um grupo de estudantes de interpretação, mediados pelo apresentador Bruno Barros, o diretor mineiro de clássicos do cinema nacional abre o coração no bate-papo sobre a sétima arte e os bastidores da indústria cinematográfica no programa realizado pela emissora pública.
Às vésperas de completar 80 anos, o veterano tem uma trajetória como roteirista, escritor, ator e, até, fotografo. Na direção, Neville d'Almeida foi responsável por produções icônicas como os filmes "A Dama do Lotação" (1978), "Os Sete Gatinhos" (1980), "Rio Babilônia (1982) e "Matou a Família e foi ao Cinema" (1991).
Com sua presença inconfundível, o cineasta revela o que espera de um ator e questiona a falta de mulheres na profissão. Seguido pela curiosidade e questionamentos dos alunos, ele dá uma verdadeira aula de cinema e exalta a importância do dramaturgo Nelson Rodrigues em sua carreira.
Para completar, Neville d'Almeida passa referências para o grupo e presta um tributo ao fotógrafo Edson Santos, além de ser homenageado pelos atores-alunos que reproduzem uma cena do seu longa "A Dama do Lotação".
A segunda temporada de Atos, programa feito pela TV Brasil com a CAL, onde foi gravado, pode ser acompanhado ainda no aplicativo EBC Play, no YouTube e no site da emissora pública. A produção é dirigida pela dupla Manoel Borges e Waldecir de Oliveira.
Entrega intensa em cena
Ao refletir sobre a relação entre cineasta e intérpretes, o entrevistado é categórico. "O que um diretor espera de um ator é que ele se entregue totalmente ao personagem. Quando eu chamo um ator ou atriz para conversar sobre um trabalho, eu pergunto se ele está preparado para viver intensamente o papel".
Ele afirma que seus filmes são muito viscerais e, por isso, exige ao máximo dos artistas em ação. "Eu busco tirar do ator o que ele nunca fez e nunca vai fazer. Tudo isso em favor do personagem, da obra e da cena que estamos fazendo", analisa.
Essa intensidade é latente na obra de Neville d'Almeida. "O cinema é uma coisa que você está aqui e faz. Passou um mês, já não tem mais ninguém aqui. Está tudo diferente e já é outra coisa. O cinema tem que ser vivido intensamente cada cena", defende.
Mulheres na sétima arte
O diretor lamenta o número reduzido de mulheres no mercado. "A indústria cinematográfica foi construída totalmente por homens. Existe hoje uma participação bem maior das mulheres, mas muito pouco ainda. Eu sempre digo que o cinema só vai melhorar no dia que tiver mais mulheres do que homens fazendo".
Neville d'Almeida é crítico e se posiciona sobre o assunto. "O cinema é um império da hipocrisia e do machismo. Acho que está falando mulher no cinema brasileiro hoje e nos últimos 100 anos, desde que o cinema foi inventado. O cinema continua sendo um negócio de homens. O homem inventou, interpreta, dirige, produz, é distribuidor, roteirista e fotografo", lamenta.
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