Os CEOs da Claro e SKY Brasil afirmaram hoje, 18, que avaliam a proposta da Oi de venda da unidade de DTH. Mas levantam dúvidas sobre os termos apresentados na semana passada.
Pela proposta da operadora, o comprador deverá pagar R$ 20 milhões pela unidade de DTH. Levará consigo obrigações de uso de satélite que passam de R$ 1 bilhão e acordos de distribuição de programação. Mas deverão garantir acesso à Oi ao conteúdo para distribuição entre clientes de IPTV.
Segundo José Felix, da Claro, a empresa está analisando a proposta ''já que olhar não custa nada''. A seu ver, será possível para a Oi transferir os contratos de uso de capacidade satelital sem problema, uma vez que a dona do satélite, a SES, não deverá abrir mão de uma receita recorrente.
"Toda vez que algo está à venda no mercado, a gente dá uma olhada. Desde que não pague para olhar, não custa nada", respondeu o CEO do Grupo Claro, José Félix, durante painel nesta terça-feira, 18, o primeiro dia do PayTV Forum 2020, evento promovido pelo TELETIME e Tela Viva.
Mas ele antevê problemas com os contratos de distribuição de conteúdo. ''Então esse comprador do DTH da Oi vai seguir fornecendo a programação. Ele vai ser um revendedor de programação? Será que as programadoras vão aceitar esse intermediários? Será que a Discovery vai aceitar que seja redistribuída a sua programação?'', questionou, ao participar do evento Pay TV Forum, realizado pelo site Teletime, hoje, 18.
Já no caso do contrato com a operadora satelital SES, argumenta Félix, há um vínculo apenas com a distribuidora. "A empresa de satélite é um pouco mais fácil, imagino. Porque, preservando a receita dela, provavelmente não terá nenhum óbice." O custo do satélite projetado pela Oi é de R$ 1 bilhão.
SKY
Estanislau Bassols, CEO da Sky, contou que a área de fusões e aquisições da AT&T analisa a compra da divisão de TV por assinatura via satélite (DTH) da Oi. ''A área de M&A da ATT está olhando com absoluta atenção, é algo que cabe a eles'', disse. Ressaltou, porém, que não sabe se a empresa vai participar ou não da “contenda” pelo ativo.
''Vi o rascunho, acho que vão ter que melhorar bastante. Entendo que o comprador que segue com obrigações de satélite, e com custo de programação que imagino que seja alto pela pouca escala que eles têm. Se essas condições não virarem condições de mercado, imagino que seja pouco possível um player entrar pagando esse valor por satélite. São variáveis que podem fazer esse negocio decolar ou não'', disse.
Ele afirmou ainda que a Oi precisa estar disposta a negociar. ''Acho importante ter opção negociada com quem quer que seja, com Claro, Telefônica. É melhor que ter zero. E para os consumidores também é melhor que ter zero alternativa'', afirmou.
"Se essas condições não virarem condições de mercado, imagino que seja pouco possível um player entrar pagando esse valor por satélite, e outras variáveis que podem fazer esse negócio decolar ou não", afirmou. E, no caso de a operação morrer, isso seria negativo para todo o ecossistema. "Acho importante ter em mente que a opção negociada, com quem quer que seja, se for Claro, Telefônica [ou outros], é melhor do que não ter nada."
Caso a venda não tenha sucesso, o executivo diz ter dúvidas sobre o que aconteceria com a unidade de DTH da Oi. ''Onde a Oi vai encaixar essa unidade de negócio, que é negativa? Se o foco vai ser banda larga e fibra, onde vai encaixar sem interessados?'', questionou.