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Dona de um posicionamento atemporal, Hebe Camargo tinha voz ativa e não se calou até o final de sua vida. A palavra “tabu” era algo que não fazia parte de seu vocabulário ou imaginário. Hebe lutava pelo direito de se posicionar sobre tudo aquilo que acreditava ser importante discutir: aborto, gênero, mães solteiras, dentre outros assuntos, na época, considerados inapropriados. Liberdade de expressão era lei. Também por isso, a escolha de se mostrar aos telespectadores sem censura, recusando-se a fazer programas gravados. Na série 'Hebe', criada e escrita por Carolina Kotscho, com direção artística de Maurício Farias e direção de Maria Clara Abreu, o público poderá conferir, a partir do dia 30, a trajetória dessa mulher que nunca se rendeu àqueles que tentaram calá-la.
Críticas? Recebeu muitas. Vontade de desistir? Zero. Ser autêntica e sem papas na língua correspondia a não aceitar ser menos do que tanto lutou para ser. Em suas próprias palavras: “Eu sou o que eu sou, eu não faço nada para chocar ninguém”. Força e coragem eram lema de uma mulher que tinha tais características impregnadas em suas ideias e ações. Não que não tivesse medo, mas foi a escolha de abraçar tal sentimento e transformá-lo em aliado na determinação de seguir em frente que a fez ser diferente, quase única.
Muitas passagens na trama trazem à tona este lado da artista, como a necessidade de se impor para ser respeitada dentro dos ambientes profissionais, além dos embates constantes que precisava ter mesmo dentro de casa, com os maridos, na tentativa de passar por cima de ciúmes excessivos e de posturas machistas e agressivas.
Na série, se revezam na interpretação da apresentadora as atrizes Valentina Herzage, no período de 1943 a 1954, e Andréa Beltrão, entre 1965 a 2012. Na entrevista a seguir, elas contam como foi dar vida à mulher que conquistou o coração dos brasileiros.
ENTREVISTA COM ANDREA BELTRÃO
Como você se preparou para viver Hebe?
Vi milhares de horas de vídeos, quilômetros de fotos, ouvi centenas de vezes as mesmas músicas. Fiz muita aula de prosódia com a professora Íris Gomes da Costa, muita aula de canto com a cantora e arranjadora Cris Delanno, e muita aula preparação corporal com a bailarina e coreógrafa Marina Salomon. Estudei sem parar.
Durante o trabalho, que características da Hebe te chamaram mais atenção?
As contradições, as ambiguidades. Hebe foi uma mulher muito exuberante, solar, e ao mesmo tempo insegura demais. Avançada e também conservadora.
O que foi mais divertido nesse trabalho?
Um trabalho não é apenas divertido, mas muito cansativo, desgastante, e precisamos nos deparar com limites o tempo todo. E o que faz o trabalho ser divertido é ter um ambiente de amizade, caloroso, compreensivo e também desafiador, são as pessoas. As pessoas, sempre. E, nesse caso, num set de filmagem, os atores dão o tom. Gostaria de destacar todos os atores da série e do filme. Foi um desfile de talentos.
Com a estreia na TV, a série finalmente chega à casa de todos os brasileiros. Como está sua expectativa?
Eu sou antiga. Adoro assistir aos programas que faço, ou aos programas que gosto, no horário convencional. Na hora exata em que está passando. Eu adoro ouvir a vinheta dos intervalos nos apartamentos vizinhos, ver aquela luz azulada que pisca na mesma hora para alguns. É uma coisa bem idiota, mas eu gosto, confesso. Então a minha expectativa é ver se meus vizinhos do prédio em frente vão assistir. Se no dia seguinte alguém da natação no mar vai comentar alguma coisa. Se o meu porteiro vai curtir ou vai achar chato.
ENTREVISTA COM VALENTINA HERSZAGE
Quais foram os momentos mais marcantes da sua parceria e troca com Andrea Beltrão nos bastidores de gravações da série?
Nosso início, de cara, já foi muito marcante. Eu assisti a quase todas as filmagens da Andrea para o longa e depois, quando comecei a minha preparação, ela embarcou comigo para que pudéssemos construir, de forma dinâmica, essas duas Hebes, com a ajuda das nossas preparadoras maravilhosas: Marina Salomon, Íris Gomes e Cris Delanno. Juntas, pensamos em ações, danças, referências, os sons das falas, a musicalidade da Hebe, a gargalhada, foi demais. Nos divertimos muito. Andrea sempre foi a minha atriz-inspiração e cresci muito podendo assistir ela trabalhar de perto.
O que você levou de Hebe para sua vida, após interpretar a personagem? E o que de Valentina você emprestou à sua interpretação da apresentadora?
Sei que nós, atores, gostamos de dizer o quanto somos diferentes dos nossos personagens. Mas dessa vez é hiper para valer. Eu sou extremamente diferente da Hebe. Acho que o que emprestei de mim para ela foi uma certa espontaneidade, uma curiosidade jovem, por ter mais ou menos a idade entre todas as idades que fiz ela. Tinha 20 anos e fiz ela dos 14 aos 28. Também a paixão pela música, pelo cantar. O que levei comigo e que tento praticar mais é saber me colocar. Não me anular e ter coragem, sempre.
Se você pudesse escolher uma lição que todo mundo deveria aprender com Hebe, qual seria?
Acho que uma lição importante de aprendermos com a Hebe é de não abaixar a cabeça e não pedir licença para existir. Se divertir, acima de tudo. Ocupar o espaço que você deseja, ir atrás, tratar os outros com gentileza, com generosidade. Ai, são tantas coisas!
Por que a série ‘Hebe’ deve se tornar o compromisso oficial das noites de quinta-feira, a partir 30 de julho?
Hebe deve se tornar o compromisso número 1 das noites de quinta-feira porque a série é divertida, emocionante e traz curiosidades maravilhosas sobre a vida dessa mulher gigante que foi Hebe. Carolina Kotscho arquitetou cada capítulo para que os olhos brilhem do início ao fim.
‘Hebe’ estreia na TV Globo no dia 30 de julho e vai ao ar às quintas-feiras, após ‘Fina Estampa’. Original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo, a série é criada e escrita por Carolina Kotscho, tem direção artística de Maurício Farias e direção de Maria Clara Abreu.
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