Divulgação Globo/Fábio Rocha |
Entre os 18 chefs que entraram na competição da segunda temporada de ‘Mestre do Sabor’, apenas quatro estão na final: Ana Zambelli, Dário Costa, Júnior Marinho e Serginho Jucá. Durante o programa, eles se destacaram em momentos diferentes, hora nas provas em grupo, outras vezes nas provas individuais, preparando pratos com ingredientes familiares ou tendo que usar e abusar da criatividade com ingredientes e técnicas nunca antes vistas. Pessoas diferentes, experiências diferentes e estilos diferentes. O que todos têm o comum? O talento, a paixão pela gastronomia e pela arte de cozinhar, entre outras características que os trouxeram até aqui. Em entrevista, os quatro falam sobre as estratégias que usaram, ou não, durante o programa; sobre os desafios da competição; os aprendizados; e sobre as expectativas para a final, que acontece nesta quinta-feira, dia 23, após ‘Fina Estampa’, ao vivo, direto dos Estúdios Globo.
Entrevista com Ana Zambelli
Aos 46 anos, a carioca Ana Zambelli participa do seu segundo reality. No primeiro, o quadro ‘Super Chef’, do ‘Mais Você’, ficou em sexto lugar e agora já comemora estar na final do ‘Mestre do Sabor’. Chef executiva de uma rede de hotéis em São Paulo, Ana se interessou pela culinária ainda criança, vendo sua avó cozinhar para festas e eventos.
Qual é o sentimento de estar na final do ‘Mestre do Sabor’?
Um sonho, uma realização. Ainda não acredito, nem me vendo na TV. Não por falta de capacidade, mas por ter passado por momentos muito difíceis e isso me aparece como um sonho mesmo. Eu me sinto vitoriosa e mais confiante pra vida.
Você considera que adotou alguma estratégia no jogo que o ajudou a chegar na final? O que acha que o trouxe até aqui?
Sim. Confesso que pilhei o time a seguir o Léo nas provas em equipe. Entendi que ganhando a imunidade já era o passo pro próximo programa e nos reuníamos todos os dias à noite, varávamos madrugada conversando para que lá na hora estivéssemos em harmonia e captando as dicas do mestre.
O que considerou mais desafiador na competição?
Minha síndrome do pânico que várias vezes me dava um "oi" no meio das provas. Acho que não consegui controlar a mente em uma das provas e o meu prato ficou bagunçado tanto quanto ela.
Olhando para trás, para os dias de gravação, considera que houve algum aprendizado?
Muitos. Principalmente em equipe onde o ego e a vontade de aparecer tinha que sumir para que o trabalho desse certo. Todo mundo queria mostrar o seu talento, mas ali tínhamos que misturar os talentos e ser um só. Aprendi muito com Leo Paixão e com os candidatos. Nas provas individuais, aprendi a ser mais confiante. Éramos eu e Deus. E aprendi que quanto mais medo a gente tem, mais rápido passa o tempo. E com calma parece que o tempo para.
O programa reuniu chefs experientes, muitos têm suas próprias cozinhas e trabalham com isso há anos. Na sua opinião, o que diferencia um chef do outro?
O Mestre do Sabor conseguiu reunir pessoas incríveis. Ficamos todos muito amigos. Infelizmente, devido à pandemia, congelamos os planos de nos encontrar. Mas ainda vamos todos um cozinhar na região do outro. Ali não tinha ninguém fraco. Todos com ideias brilhantes. Nunca vi um grupo tão forte. O que diferencia um chef do outro é o estilo. Dário, maravilhoso, é um estilo caiçara. Kaywa cheio de técnicas de fermentação. Arthur com a culinária afetiva cheia de histórias. A Gi, uma pernambucana que trabalha no melhor sushi de Pernambuco. Júnior jovem e já tem um restaurante. Enfim, só pessoas especiais.
O que é cozinhar para você?
Cozinhar para mim é passar a energia pra comida e transformá-la. Eu até fico séria normalmente, quando cozinho. Nós servimos pessoas. O que faço entra no corpo da pessoa, ela sente prazer ou não quando come e depois o que eu fiz vira nutriente pra ela viver. Então, cozinhar é o ato mais importante da vida, na minha opinião. Eu nasci vendo minha vó querida que me criou cozinhando. Lambia as caçambas de massa de bolo. Cozinhar é amor, é servir, fazer o outro feliz. O meu maior prazer é ver alguém sentindo prazer ao comer minha comida. Não sei explicar qual sentimento.
Você sentiu mudanças no seu ambiente profissional desde que o programa começou?
Sim. Apesar da pandemia me confinar, pois hoje sou do corporativo. Trabalho de casa remotamente refazendo cardápios e fazendo inovações. Acho que me empoderei mais. Eu dei alegria ao meu time que está confinado em casa sofrendo com a hotelaria parada. Meus cozinheiros estão se inspirando em mim e tentando cozinhar melhor, empratar melhor. Minha equipe está super motivada vendo que tudo é possível fazer. Se eu consegui, eles podem também. Por que essa é a mensagem que sempre passo pra eles. Se eu consigo você também consegue! Eu não sou melhor que ninguém.
E a repercussão com o público, como tem sido para você?
Incrível e maravilhosa. Eu amo responder as pessoas. Ainda me assusto com algumas comentários nas redes sociais, mas aprendi que na internet é assim. Então, me apego à grande parte do público que é carinhosa e com os abraços. Eu nunca imaginei que ia ter fã, como um ator de novela (risos). Eu estou apaixonada pelas pessoas que me procuram com palavras legais e faço questão de respondê-las. Muitas ficam surpresas, mas eu descobri que isso salvou a minha quarentena.
O que tem feito durante a quarentena?
Refiz todo cardápio dos hotéis que toco. Cozinhei e pensei muito na vida e no que eu posso melhorar. Tive crises e sai das crises. Fiz muitos amigos com o programa porque ganhei muitos seguidores. Interajo muito, adoro responder. Já fiquei 13 horas no celular um dia. Mas descobri que adoro retribuir esse carinho e foi muito importante esse programa para minha mente. Acredito que pra muita gente o Mestre do Sabor foi um presente em meio a esse caos. Eu vivi o reality nesta quarentena porque já tinha assistido à primeira temporada mil vezes e agora assisti mais mil, além de todas as reprises da segunda.
Quais suas expectativas para a final?
Eu espero que a minha mente não me boicote. Por que os três finalistas são pessoas com quem eu tenho amizade e gosto demais, e isso abala meu psicológico. Principalmente o Serginho, com quem falo todo dia. Mas estou querendo me divertir com amigos e esquecer que a competição. Penso que será uma degustação entre amigos e um deles vai ganhar um prêmio.
Caso vença a competição, já tem planos sobre como usar o prêmio?
Estou a pé. O carro velho parou na semana que fui pro Rio de Janeiro gravar. E lá está ele, como uma estátua na rua. Tenho que comprar outro. Caso não ganhe, já posso me inscrever pro Lata Velha? (risos) Brincadeiras à parte, comprar um carro porque preciso pra trabalhar. Rodo muito São Paulo. Pagar umas dívidas, ajudar umas pessoas que já ajudava e minha agonia é não poder ajudar mais. Quero telar toda minha casa e guardar a grana pra ver como o país vai ficar com a pandemia.
Entrevista com Dário Costa
Aos 32 anos, Dário, que nasceu em Santos e mora em Guarujá, viu a gastronomia entrar na sua vida ao se mudar para a Nova Zelândia quando adolescente. Começou lavando pratos e foi aos poucos galgando espaço. Viajou pelo México, Chile e Itália, onde entendeu o valor dos alimentos e o verdadeiro significado da gastronomia. Hoje, possui seu próprio restaurante no litoral paulista.
Qual é o sentimento de estar na final do ‘Mestre do Sabor’?
É um sentimento de missão cumprida. Eu acho que eu lutei tanto para conseguir chegar na final, me dediquei pra caramba, estudei igual a um louco, incorporei o jogo, a competição mergulhando de cabeça. Chegar na final é sensação de dever cumprido. Agora é só fazer o que eu sei fazer e contar um pouco com a sorte também. A galera que está na final é sinistra e eu não tenho certeza se vou ganhar, mas a única certeza que eu tenho é que vou fazer o que sei fazer da melhor maneira possível.
Você considera que adotou alguma estratégia no jogo que o ajudou a chegar na final?
Sim, eu adotei uma estratégia. Poucos sabores, sabores simples e marcantes. Poucos componentes no prato, sem viajar muito na maionese e às vezes que eu não fiz isso, não fui bem avaliado. As vezes que deixei passar um pouco da conta, não fui bem avaliado. Menos é mais. Ser simples e fazer muito bem feito os sabores marcantes.
O que considerou mais desafiador na competição?
A surpresa e o tempo. Você não sabe o que vai ser, fica sabendo na hora e o tempo de preparo é curto. São coisas totalmente atípicas da vida da cozinha profissional.
Olhando para trás, para os dias de gravação, considera que houve algum aprendizado?
Sem dúvidas. O aprendizado foi gigante. Eu tenho certeza que o que eu tiro de mais valor do Mestre do Sabor é o aprendizado junto com os cozinheiros com quem eu convivi o tempo todo. Vendo técnicas, tendo ideias, perspectivas de cozinhas diferentes. Eu mergulho muito profundamente nas coisas que eu não sei. Então, foi muito aprendizado que tirei nesse tempo e isso se deve tanto à galera que participou, quanto ao empenho de querer mandar bem e me obrigar a estudar muito mais que numa rotina normal.
O programa reuniu chefs experientes, muitos têm suas próprias cozinhas e trabalham com isso há anos. Na sua opinião, o que diferencia um chef do outro?
Eu acho que o que diferencia os chefs é a bagagem, a trajetória. A experiência que nos define, a variedade. Você vê que o cara passou por diversas cozinhas diferentes, das mais simples às mais sofisticadas... Acho que isso é algo a mais. O que diferencia um chef do outro.
O que é cozinhar para você?
Para mim é uma profissão tão importante quanto a profissão de um médico. De grande responsabilidade, que envolve devoção. A gente se entrega muito para isso e às vezes a gente não tem o reconhecimento que merece. Acho que cozinhar é uma profissão totalmente fora da curva.
Você sentiu mudanças no seu ambiente profissional desde que o programa começou?
Sem dúvidas, eu senti mudanças. Infelizmente, com a situação da pandemia, só estamos atendendo por delivery. Ainda assim, fez com que os clientes pedissem mais nossa comida, pela exposição que tivemos. Mas grande parte desse retorno, que seria a experiência das pessoas sentarem no restaurante, serem servidos, assistirem ao balé que é a cozinha em ação, ainda não aconteceu. Acho que o melhor ainda está por vir.
E a repercussão com o público, como tem sido para você?
Está sendo incrível. Eu recebo tanta mensagem positiva da galera torcendo. Eu me sinto em um time de futebol lutando pela taça. Sentir esse calor do brasileiro é uma sensação muito doida para quem passou a vida na cozinha trabalhando.
O que tem feito durante a quarentena?
Eu tenho trabalhado bastante, não mudou muito para mim neste sentido. Mas por não ter o salão cheio de clientes, está um pouco mais leve. Então, estou tendo tempo para descansar, esfriar a cabeça, pois acredito que precisamos ter um equilíbrio, compensar momentos de muito empenho com lazer, com família. Estou aproveitando para curtir a família, pescar, surfar, ficar com a cabeça bem leve para chegar na final e arrepiar.
Quais suas expectativas para a final?
É uma final absurdamente acirrada. A galera que está ali é muito, muito sinistra. Eu tenho certeza que independente de eu ter mandado bem durante o programa, teve muita gente que não teve oportunidade de mostrar seu trabalho individual. Depois que as provas em grupo acabaram, muita gente se destacou. Serginho mandou muito bem na semifinal, o Juninho, a Ana, então não tem absolutamente nada definido. O que vem pela frente é completamente incerto. Eu tenho certeza que vai ser uma final muito acirrada e digna de quem está ali. Acho que vai ser lindo.
Quais os planos para o futuro?
Não temos muita escolha. Depois de bastante tempo sem poder trabalhar direito, como a gente gosta de trabalhar, agora as coisas estão se acertando, parece. Essa semana abrimos o salão do restaurante, com uma capacidade muito menor do que a gente pode atender. Espero que isso só progrida. Esses quase quatro meses de quarentena têm que ser compensados agora com muito trabalho. Não tenho outro plano a não ser uma imersão absurda de trabalho.
Caso vença a competição, já tem planos sobre como usar o prêmio?
Se eu vencer a competição, sem dúvidas, vou usar o dinheiro para desafogar as dívidas que a quarentena me deu. Tem um rombo muito grande e infelizmente não tivemos a ajuda necessária para conseguir ter uma sobrevivência e passar por esse tempo de uma maneira tranquila e saudável.
Entrevista com Junior Marinho
Aos 29 anos, Júnior, que mora em Goiânia (GO), mas nasceu em Rio Branco (AC, tem um restaurante com outros três sócios. Aos 18 anos saiu de casa e foi morar em Goiânia. Em 2013, resolveu estudar gastronomia e já no segundo período da faculdade ganhou um concurso universitário.
Qual é o sentimento de estar na final do ‘Mestre do Sabor’?
Sentimento de superação. Eu acho que minha participação no programa até chegar aqui, na final, foi de crescimento e superação. Estar na competição com tantos cozinheiros incríveis, com tantos anos de experiência e tantos países no currículo, e chegar até aqui é surreal. Passei a acreditar mais em mim e no meu trabalho e também evolui emocionalmente.
Você considera que adotou alguma estratégia no jogo que o ajudou a chegar na final?
Não sei se de forma consciente cheguei a adotar uma estratégia. Eu, na verdade, tentei não seguir uma única linha no programa, queria mostrar várias áreas da minha cozinha. Fiz arroz, massa, aligot, ar, esferificação, enfim, mas tudo isso em pratos afetivos que fizeram parte da minha vida em algum momento, e sempre adicionando muito sabor!
O que considerou mais desafiador na competição?
Todas as provas pra mim foram desafiadoras. Em todas eu senti que precisava me superar. Se tiver que destacar um momento que mais me desafiou, foi conseguir entender que o que Rafa falou a respeito do meu prato de cogumelos, na verdade, era uma crítica construtiva e que me fez crescer na competição. Depois daquele dia eu entendi que se eu não me superasse a cada semana eu podia ser o próximo eliminado.
Olhando para trás, para os dias de gravação, considera que houve algum aprendizado?
Muitos. Eu aprendi a confiar mais em mim e na minha cozinha. Antes do programa eu não demonstrava muita emoção em público, eu não me permitia chorar as vezes, lá foi tudo tão intenso que eu chorava na frente do Brasil inteiro, imagina! Sinto que cresci muito profissionalmente também.
O programa reuniu chefs experientes, muitos têm suas próprias cozinhas e trabalham com isso há anos. Na sua opinião, o que diferencia um chef do outro?
Exatamente o fato das experiências de todos serem diferentes. Temos pessoas que trabalharam na França, Espanha, em restaurantes estrelados, pessoas que trabalham com cozinha brasileira raiz, enfim, gente que tem 30 anos ou 8 anos de cozinha profissional que é o meu caso, e isso tudo que fez o programa ser incrível, essa diversidade! E se tiver que apontar uma diferença seria a forma como cada um cozinha e lida com a pressão.
O que é cozinhar para você?
Cozinhar pra mim é quase que uma meditação. Quando eu entro na minha cozinha pra criar e testar novos pratos, eu esqueço de tudo ao meu redor, os problemas, a única coisa que passa na minha cabeça e que eu vejo ao meu redor são os ingredientes que estou usando e o fogão.
Você sentiu mudanças no seu ambiente profissional desde que o programa começou? Quais foram?
Sim! Depois que o programa começou, pessoas do Brasil inteiro falam que assim que tudo isso passar querem vir conhecer nosso restaurante, esse reconhecimento nacional é incrível!
E a repercussão com o público, como tem sido para você?
Eu ando recebendo muitas mensagens de carinho de pessoas que se identificaram com minha história, minha cozinha, pessoas que dizem que sou inspiração pra elas. Cara, saber que minha história inspira pessoas é incrível. Algumas pessoas me reconhecem na rua, as vezes até no carro, elas buzinam e dizem que estão torcendo por mim, eu fico até sem saber como reagir. Eu acho o máximo, receber todo esse carinho e poder dividir um pouco mais da minha cozinha e da minha rotina com as pessoas que me acompanham nas redes sociais.
O que tem feito durante a quarentena?
Estudado muito pra final do programa! (risos) Eu estou com meu restaurante funcionando delivery, daí minha rotina é de casa pro restaurante. Nesse caminho eu cuido das minhas plantinhas, assisto algumas séries, faço algumas pesquisas, alguns livros de gastronomia, alguns treinos físicos. Mas a mente tá focada na final do Mestre no Sabor!
Quais suas expectativas para a final?
Estou bem confiante. Dediquei meu tempo nesses últimos meses pra estudar e focar em pratos que eu possa usar para vários tipos de proteínas, aprimorei algumas técnicas minhas, foquei em estudar sobremesas que é meu ponto fraco. Vou chegar confiante pra fazer qualquer tema proposto!
Quais os planos para o futuro?
Que o Juá prospere cada vez mais, pague todas as suas contas pra poder caminhar sozinho. Tenho vontade de ter uma terrinha para plantar vários insumos pro restaurante. Quero abrir um bar também, bem brasileiro. Quero aproveitar as portas que o Mestre do Sabor abriu e vai abrir pra mim e cair de cabeça em tudo que aparecer.
Caso vença a competição, já tem planos sobre como usar o prêmio?
Se eu ganhar eu quero fazer tanta coisa. (risos) Primeiro de tudo pagar tudo que minha mãe me ajudou a investir no restaurante. Devolver todo o dinheiro pra ela, pra ela fazer tudo o que quiser. Minha mãe sempre fez muito por mim e por toda minha família, quero poder retribuir isso. Investir um pouco no restaurante, comprar uma terrinha perto de algum lago aqui em Goiás e fazer uma roça. Investir em uma viagem pra alguns países e aprender mais sobre outros tipos de cozinha. Quero fazer essa viagem pelo Brasil também. Ainda tem dinheiro? (risos) Ajudar alguns educandários e asilos da cidade. Meu Deus, tem mais coisas, mas não vai caber aqui, se eu ganhar esse dinheiro, ele vai ter que render!
Entrevista com Serginho Jucá
Morador de São Miguel dos Milagres (AL), Serginho Jucá nasceu em Maceió. Tem 38 anos e possui dois restaurantes na cidade onde mora. Neto de Dona Yeda Rocha, referência na culinária alagoana, Serginho chegou a se aventurar na faculdade de Direito, mas largou no quarto ano para morar na Espanha. Lá, descobriu a alta gastronomia. Em 2015, foi eleito chef Revelação pelo guia Quatro Rodas. Hoje, desenvolve um projeto social onde ensina pessoas carentes a produzirem petiscos com alimentos baratos, que podem ser vendidos na porta de casa.
Qual é o sentimento de estar na final do ‘Mestre do Sabor’?
É a realização de um sonho. Todo carinho que plantei nesses 15 anos, aniversários, natais, festas de ano novo, todos os dias que deixei de estar com a família para estar cozinhando e entregando meu melhor foram compensados. É um resumo gigante disso. É um sentimento de “que legal que você acreditou, mesmo passando por tantas dificuldades”.
Você considera que adotou alguma estratégia no jogo que o ajudou a chegar na final?
Eu acho que a melhor estratégia foi sempre criar um grupo forte para ganhar as provas de equipe e conseguimos fazer isso. Ninguém sabe, mas a gente fazia reuniões de madrugada. Gravava de 10 às 10h, mas depois disso, chegando no hotel, passávamos parte da madrugada alinhando as coisas. Dependendo da prova que acontecia, a gente já tinha no gatilho várias ideias e conseguia um pouco mais de noção de conjunto. Eu acho que essa foi nossa principal força. Tínhamos conjunto. O Leo também teve papel fundamental. Ele fez a função de chef, juntando ideias. Eu acredito que essas reuniões que fazíamos, o fato de termos nos tornado amigos em tão pouco tempo, foi o ponto positivo que me levou mais pra frente. Aí depois já foi o carinho e os anos de luta.
O que considerou mais desafiador na competição?
Eu acho que acreditar em mim mesmo a cada prova. Ser mais versátil. Um programa de cozinha como esse não é o melhor cozinheiro que ganha, mas sim o mais versátil. Não saber o que esperar das provas e ter um tempo limitado para fazer foi o mais desafiador.
Olhando para trás, para os dias de gravação, considera que houve algum aprendizado? Qual?
Vários. Você está ao lado de chefs incríveis, mais os mestres, o Claude e o Batista... Sentimento de cozinha aflora. Estava com muita saudade desse sentimento, de viver isso. Eu adoro falar sobre cozinha, passar esses dias com todo mundo falando só de técnicas, de receitas, foi muito show.
O programa reuniu chefs experientes, muitos têm suas próprias cozinhas e trabalham com isso há anos. Na sua opinião, o que diferencia um chef do outro?
Eu acho que o que diferencia cada chef são suas referências. Onde ele trabalhou, onde estagiou, se tinha referência familiar de comida, se cresceu nesse meio ou não. Isso acaba levando você a uma personalidade. Cada um viveu em um lugar, tem lembranças infantis diferentes, e isso tudo é refletido no prato.
O que é cozinhar para você?
Vício. Hoje em dia talvez eu seja viciado em cozinhar, em servir. Cozinhar é esse amor. Eu fico muito feliz quando você pega alguém que está irritado ou triste, aí você fez aquele prato com todo amor do mundo e quando ele come, dá um sorriso... Isso é bom demais.
Você sentiu mudanças no seu ambiente profissional desde que o programa começou? Quais foram?
A pandemia atrapalhou um pouco isso porque eu não estou trabalhando. Mas existe esse sentimento de orgulho alagoano que enalteceu bastante neste período. A partir do momento que a gente coloca milhões de pessoas vendo e escutando falar da cozinha alagoana, todos ganham. É uma coisa super positiva.
E a repercussão com o público, como tem sido para você?
Tem sido incrível receber esse carinho. Está sendo impressionante. Eu sempre fui uma pessoa gente boa e sinto que o universo está me devolvendo tudo isso. Esse sentimento é muito bom, eu sempre me orgulhei muito de ser alagoano e poder trazer pessoas para esse universo tem sido fantástico.
O que tem feito durante a quarentena?
O restaurante está fechado, eu estou em Maceió para estar perto da minha filha. Criei um programa de receita no Instagram e de segunda a sexta, às 20h, crio uma receita super fácil, diferente, gostosa, com personalidade. Foi um jeito que achei de me manter cozinhando. Passei o primeiro mês da quarentena sem fazer nada, estava me sentindo mal já, não aguentava mais. Pedindo delivery e comendo na casa de família, estava com saudade de comer minha comida. Agora, essa sexta, completam dois meses e 50 receitas. Deu para brincar um pouco.
E estou muito com minha família. Nunca passei quatro meses livre para ver minha filha diariamente, meus pais toda semana, minha avó... Então, acho que essa pandemia tem uma parte negativa gigantesca, mas enxerguei nela um positivo muito grande também.
Quais suas expectativas para a final?
Manter a calma, seguir mostrando meu trabalho. Se Deus quiser, algum ingrediente regional vai estar na prova, para que eu tenha mais referências. E fazer um bom trabalho. Ganhar não é o propósito, mas fazer um trabalho bonito. Então, só tem craque, todo mundo merece ganhar, mas ganhar é um detalhe. Um lindo detalhe (risos). Mas não é o propósito.
Caso vença a competição, já tem planos sobre como usar o prêmio?
Não. Logico que, profissionalmente falando, quero melhorar o restaurante, trazer mais equipamentos. Mas não gosto de planejar uma coisa que não aconteceu ainda. Já sofri muito na vida e hoje sou uma pessoa mais realista. Vou deixar para pensar no prêmio depois que eu ganhar. Agora, só tenho que pensar em pratos maravilhosos.
'Mestre do Sabor’ é um formato original Globo, com direção artística de LP Simonetti e direção geral de Aida Silva. A etapa final da segunda temporada do reality gastronômico será nesta quinta-feira, dia 23, após ‘Fina Estampa’. O programa também será exibido no GNT, na sexta-feira, às 22h.
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