Joaquim revela a Bonifácio o que descobriu sobre Thomas em 'Novo Mundo'

Divulgação Globo/Paulo Belote
Nos últimos capítulos da trama, José Bonifácio (Felipe Camargo) foi convidado para ser ministro de Dom Pedro I (Caio Castro) e só aceitou diante da promessa do príncipe de que teria carta branca para convidar pessoas de sua confiança para trabalharem ao seu lado.

Com isso, Joaquim (Chay Suede) passou a ser o funcionário fiel e secreto do ministro, já que Dom Pedro I brigou com o jovem ator no dia em que ele tentou colocar o príncipe contra sua amante Domitila (Agatha Moreira). Mas Joaquim sabia que Dom Pedro estava cego e insistiu em encontrar provas para desmascarar Thomas (Gabriel Braga Nunes) e confirmar a relação dele com Domitila.

Nos próximos capítulos da novela, após descobrir que Thomas foi o responsável pelo atentado contra a vida de Dom Pedro e está aliado a Sebastião (Roberto Cordovani) e Jacinto (Babu Santana), Joaquim decide contar tudo o que descobriu para Bonifácio e juntos articulam uma forma de desmascarar o oficial inglês.

Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com Duba Elia, João Brandão e Renê Belmonte e tem direção artística de Vinícius Coimbra e direção de André Câmara, João Paulo Jabur, Bruno Safadi, Guto de Arruda Botelho e Pedro Brenelli.

ENTREVISTA COM FELIPE CAMARGO

Como tem passado esses dias de isolamento social?
Estou trabalhando muito a espera. Eu gosto de mexer com fotografia e de vez em quando mexo um pouquinho. Também faço as coisas de casa, como lavar louça e cozinhar. E quando cozinho também gosto, não como obrigação porque fica meio chato. Estamos lidando com essa coisa de não poder sair de casa, então tem dias que acordo bem entediado. Mas vejo série. Estou lendo um livro de contos do Rubem Fonseca que eu gosto muito.

O que achou da volta da novela em edição especial?
Dentro de todas as notícia ruins essa foi uma excelente notícia. Primeiro porque é uma novela linda, tanto que vão fazer a continuação em ‘Nos Tempos do Imperador’, que vai vir a seguir. E por conta do personagem que fiz e adorei fazer, que foi o José Bonifácio. Foi uma oportunidade incrível pra mim, entrar no meio da novela, uma novela de sucesso, com todo mundo, foi um clima de gravação superlegal. Eu volto saudoso.

Fale um pouco sobre o personagem.
Eu li a biografia dele. Ele era um cara atípico e totalmente politizado e capaz. Teve uma vida atribulada. Estudou minerais. Tem um metal que tem o nome dele. Ele entrou no exército português e lutou contra Napoleão. Foi pro campo de batalha. Era duelista também. Sabia manejar esgrima e revolver. E quando estava pra terminar a vida dele e achou que já tivesse feito tudo, veio pro Brasil pra descansar e foi convocado pra ser o ministro do Dom Pedro I. Além disso, foi o patriarca da independência junto com a imperatriz Leopoldina e o próprio Dom Pedro. Então ele tem uma importância histórica. Ele pega o papel mais importante da vida dele que é o caminho da independência e foi fundamental pro Brasil. Um cara que como eu agora, já nos 60 anos, quero que aconteça algo na minha vida e dê uma virada completa.

Lembra de alguma cena especial?
Tem uma cena muito especial que coloco como uma das melhores que já fiz até na minha profissão. Foi o sarau que acontece no Palácio da Quinta. Leopoldina toca o piano e canta em alemão e Bonifácio declama uma poesia que foi escrita por ele mesmo e parece que estava sendo escrito para a Leopoldina. Eu declamo essa poesia, que foi uma poesia que a preparadora de elenco Iris me deu e eu mostrei pro diretor artístico Vinícius Coimbra. Ele adorou e deu para os autores Thereza Falcão e Alessandro Marson. Achei que na hora ele ia ler uma carta, mas os autores fizeram uma cena em que Bonifácio declamava essa poesia pra ela. Foi bem bacana. O Vinícius também adorou fazer a cena. Disse que foi uma das melhores que ele fez. Foi uma cena muito especial dentro da novela. Ele se apaixona pela Leopoldina e vive esse conflito, ser amigo do Dom Pedro e se apaixonar por uma mulher casada naquela época. Ficou bem bacana essa situação na história porque saiu do histórico e foi pra um ficcional de uma maneira bem romântica. Eu adorei fazer esse personagem. Foi muito especial pra mim.

Como foi a parceria com a atriz Letícia Colin?
A Letícia eu já conhecia. Fizemos o filme “Ponta Aérea” juntos, com a direção de Júlia Rezende, em que fiz uma participação. Era Letícia com o Caio Blat. Eu era o patrão dela numa agência de publicidade. Tinha adorado trabalhar com ela, então foi um reencontro maravilhoso. Foi incrível a gente trabalhar junto de uma maneira diária, pois ela era do núcleo que eu participava. E foi um prazer também conhecer o Caio Castro. Foi muito legal. Essa novela foi muito especial pra mim. Eu adorei. Temos um grupo no whatsapp até hoje e com a edição especial esse grupo tomou fôlego de novo. Só não podemos nos encontrar porque se pudéssemos certamente já teríamos nos encontrado.

Lembra de alguma cena difícil?
Essa mesma cena do sarau, que citei acima, coloco como uma das mais difíceis. Levantar em uma cena normal e declamar um poema com o que ele estava vivendo na hora e estava sendo dito. Estudei bastante pra fazer. Foi das mais difíceis. Fora os textos que ele tinha, que eram enormes. Ele saia dando discurso. Eram monólogos. Tinha muita coisa pra decorar. Foi bacana.

Tem alguma recordação da época das gravações que guarda com carinho?
Todas as cenas de refeição, jantares ou almoços, que tinha bastante gente à mesa era muito difícil pra prender o riso. Eu me lembro da gente se divertir muito fazendo e isso é muito importante num trabalho. Ter um lado de diversão, de fazer com sorriso interno. A gente fazia uma força danada pra não dar gargalhadas lá.

Como acha que o público recebeu a novela depois de três anos da estreia?
A novela é muito atual, infelizmente. A gente teve uma colonização invasiva. O Brasil não se curou disso até hoje. A questão burocrática, os políticos...tanto que o dia da independência passa pela gente e ninguém liga. Você vê a diferente dos EUA. O dia mais importante deles é o dia da independência. O nosso é o réveillon, o carnaval. É uma questão de mentalidade mesmo. Acho que a novela serve como informação e entretenimento também.

Que característica do personagem levou pra sua vida?
Tem uma questão que me identifico com ele que é a dedicação ao que ele faz. Tenho muita dedicação com o meu trabalho. Dou ao meu trabalho uma importância muito grande. Sou muito obsessivo e às vezes me isolo um pouco quando estou estudando e gravando, mas acho que não dá pra ser diferente. A dedicação ao que eu faço é uma coisa que vejo muito no José Bonifácio e eu já estava assim na minha vida. É quase inevitável. Quando pego um personagem que gosto, enfio a cara nos estudos e me dedico completamente.

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