Foto: Getty Images
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A história da conquista do tetra tem uma voz e uma imagem. Nos últimos 26 anos, é difícil imaginar alguém que não tenha revisto o momento em que Galvão Bueno pula ao lado de Pelé, quase perde os óculos na comemoração e dá origem a um bordão que ultrapassou os limites do esporte: “Acabou! Acabou! É tetra! É tetra!”. Neste domingo, dia 26, a TV Globo exibe a histórica vitória do Brasil sobre a Itália nos pênaltis, com a narração original, claro. Chance de rever, no horário tradicional do futebol, a quarta conquista nacional em Copas do Mundo e comemorar novamente ao estilo Galvão Bueno.
“Saiu na hora. Nunca nenhum bordão meu veio preparado. Aquilo ali foi a comemoração de um gol. Representou um gol para o Brasil quando o Baggio errou aquele pênalti e decidiu o título para o nosso lado. E a Itália também buscava o tetracampeonato naquela final. Passei a usar o "acabou" depois, e o "tetra" virou meme muito antes dessa febre das redes sociais. Acho que foi um dos primeiros memes de que se tem notícia. Tenho muito orgulho disso. O "tetra" virou, na realidade, uma expressão de comemoração. Até hoje as pessoas usam isso”, conta Galvão Bueno.
A dupla Luis Roberto e Roger Flores comanda um pré-jogo especial de 30 minutos, que começa logo depois de ‘Temperatura Máxima’. Como não poderia deixar de ser, Galvão participa foi programa, por vídeo, assim como craques daquela equipe, como Bebeto, Raí, Mauro Silva, Márcio Santos, Aldair e Taffarel, que relembram detalhes da caminhada do tetra.
Depois da emocionante disputa de pênaltis, a festa brasileira no campo ficou marcada por uma faixa que os jogadores estenderam em homenagem ao piloto Ayrton Senna, que havia morrido dois meses e meio antes em um acidente na corrida de Ímola, terceira prova da temporada de Fórmula 1 de 1994. Uma perda muito sentida, que acabou sendo uma companheira do grupo brasileiro na caminhada nos Estados Unidos. Após a transmissão do jogo, essa história será lembrada, assim como a festa pelo título que veio após 24 anos de jejum.
GALVÃO BUENO
Este foi o primeiro título mundial da seleção que você narrou. E veio logo depois da perda do Ayrton Senna. O que se passava na cabeça de Galvão Bueno naquele 17 de julho, antes de começar a transmissão?
Existia mesmo uma relação do Ayrton Senna com aquele jogo. Eu o convidei para um amistoso do Brasil contra o Paris Saint-Germain, um pouco antes do acidente dele na Itália. Ele foi me encontrar, fomos juntos para o estádio e ele foi ao vestiário, conversou com os jogadores. Fizeram praticamente um trato, de trazer dois tetras para o Brasil naquele ano. Depois ele deu o pontapé inicial da partida e foi muito aplaudido pelos franceses. Lembro que estava com um certo receio, por ser a terra do Alain Prost, o maior rival que ele teve na Fórmula 1. Foi muito bonita a atitude dos jogadores de levarem aquela faixa em homenagem a ele, algo muito emocionante. Não que eu estivesse pensando nisso antes do jogo, mas no final me veio um filme de tudo o que havia acontecido em Paris.
Qual a sensação de narrar um título de Copa do Mundo ao lado do Pelé, o maior jogador de todos os tempos?
Fazer qualquer coisa ao lado do Pelé, em se tratando de futebol, é o máximo que pode existir. Estar com ele naquele momento foi especial. Lembro que ele estava torcendo muito. Eram 24 anos sem ganhar uma Copa. Toda vez que algum jogador nosso chutava no gol, ele chutava junto, por baixo da nossa bancada de trabalho. Por várias vezes acertou minha canela esquerda. Aquele abraço com ele e com o Arnaldo (Cezar Coelho) rodou o mundo inteiro. Eu digo sempre para o Arnaldo que pegamos uma carona com o Pelé. Porque a geradora oficial das imagens não estava lá para mostrar o Galvão gritando e nem o Arnaldo derrubando meus óculos. Foi por causa do Pelé comemorando a conquista do tetra. Eu tenho um carinho gigantesco pelo Pelé e por todos esses anos que trabalhamos juntos.
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