Ferdinando se culpa por não conseguir salvar Letícia em 'Novo Mundo'

Divulgação Globo/Raquel Cunha
O botânico português Ferdinando (Ricardo Pereira) chega ao Brasil com a “missão austríaca”, junto com Leopoldina (Letícia Colin) e ao lado de sua esposa, a bióloga Letícia (Maria João). O objetivo do casal, apaixonado pela natureza, é estudar a flora do país, mas a primeira expedição dos dois pela mata deixa Letícia debilitada. 
Ferdinando descobre pelos sintomas que a esposa é vítima da febre do pântano e acredita que encontrará a planta que vai curá-la. Mas com o passar dos dias se desespera, pois o estado de sua amada só piora. Ainda assim, mantém pensamentos positivos e afirma a Letícia que ainda viverão momentos felizes, mas ela está cada vez mais cansada e pede que ele desista, afinal, Ferdinando não localiza a árvore que tanto procura com a esperança de melhorar o estado de saúde dela e as chances de encontrarem um médico próximo de onde estão são nulas. 
A mata, então, se torna um risco a mais à saúde da bióloga, que no caminho, já sem forças, desmaia. O botânico tenta reanimá-la, fala dos planos que ainda têm para o futuro, mas Letícia não resiste. Ferdinando se culpa por não ter encontrado uma forma de curar sua esposa e sofre ao se despedir dela.
As cenas estão previstas para irem ao ar a partir de hoje, dia 14. ‘Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com Duba Elia, João Brandão e Renê Belmonte e tem direção artística de Vinícius Coimbra e direção de André Câmara, João Paulo Jabur, Bruno Safadi, Guto de Arruda Botelho e Pedro Brenelli.
Entrevista com Ricardo Pereira

O que você achou de ‘Novo Mundo’ ser exibida novamente no horário das seis?
Eu adorei essa escolha. Está sendo bacana revê-la antes de ‘Nos Tempos do Imperador’ para relembrar a história anterior. Foi uma novela muito bonita e retrata um momento muito importante na história do Brasil. É importante porque, desta forma, as pessoas relembram um período histórico já se preparando para o próximo.
Qual a importância desse personagem na sua carreira?
Essa personagem me deu muito prazer de fazer. Eu, o diretor artístico Vinícius Coimbra e a equipe tínhamos pensado e planejado como faríamos o Ferdinando e pra onde queríamos que ele fosse. Ele é um botânico, apaixonado pela natureza e que fica apaixonado pelos recursos naturais que o Brasil lhe dá. Também é apaixonado por sua mulher, vive para ela, mas a perde em uma de suas expedições. É um homem que gosta da solidão, de explorar, descobrir e do conhecimento. Esse personagem me fez descobrir muita coisa.
Comente uma cena que te marcou.
Uma das cenas mais importantes foi a da morte da Letícia (Maria João). Imagina, naquela época, um casal que amava a natureza, vai para o meio do mato, completamente isolado, e ela morre. O desespero dele de perder essa pessoa é tão grande!!! Nessa cena ele mostra isso tudo e mostra como ela é metade dele. Quando ela desaparece, metade dele desaparece também. Faríamos essa cena chovendo. Tínhamos carro de bombeiro e tudo mais. E quando fomos gravar, começou a chover do nada! Tem momentos que a dramaturgia se cruza com coisas maiores e faz a cena acontecer.
Quais cenas te desafiaram mais?
Foram várias cenas que exigiram muito. Acho que o Ferdinando, depois da morte da mulher dele, desiste da vida, dos interesses dele e se entrega ao mundo. Fica no meio da floresta, sozinho, se sente perdido. Essa fase da novela foi bem difícil de fazer. Vivemos intensamente esse período, trazendo a realidade dessa solidão, tristeza e amargura. Foi uma fase complicada de retratar, muito delicada e crucial.
Tem muitas lembranças desse trabalho?
Eu tenho muitos momentos maravilhosos dessa novela. Eu vinha de ‘Liberdade, Liberdade’, em que estávamos trabalhando épocas distantes, mas períodos históricos importantes. Fizemos um laboratório intenso. Foi proposto que a gente escutasse o mato. A gente fez umas expedições no mato e até dormi ao ar livre para trazer sensações e sentimentos que eu pudesse introduzir depois na personagem. Acho que esse silêncio, essa percepção da natureza como um bem maior que se movimenta. E também em um tempo lá atrás, onde a natureza era pura e dura, sem intervenções do ser humano. Vivemos três dias intensos no meio do mato, na paz e sentindo de verdade a dimensão do que é estar na natureza. O laboratório da novela foi um momento muito importante para a criação dessa personagem.
Como está o retorno do público?
Tenho recebido muitas mensagens do público, que está feliz com o regresso da novela. Fico na expectativa de que as pessoas curtam muito, revejam e, os que ainda não assistiram, que assistam pela primeira vez. Vejo que receberam a novela superbem, ainda mais porque na sequência irá entrar ‘Nos Tempos do Imperador’. Vai ser muito bacana revisitar essa obra e, logo depois, assistir a outra história que é quase uma sequência. Vai ser muito bom.
O que levou da personagem para a sua vida?
Esse link que o Ferdinando tem com a natureza, eu também tenho. Depois dessa personagem aumentei ainda mais isso em mim. O habitat dele é parecido com o habitat do Ricardo. É claro que a história se passa em outro tempo, mas é um ambiente que sempre aprendi a respeitar, escutar, observar e preservar. Eu trouxe do Ferdinando a grandeza que é essa diversidade biológica, a nossa fauna, a nossa flora. Ela é apaixonante e nos dá energia para viver.
Mantém contato com o elenco da novela?
Sim. Era tanta gente! O Romulo Estrela, Caio Castro, Letícia Colin, Jonas Bloch, Sheron Menezzes, Caco Cioccler, Julia Lemmertz, entre tantos outros. Somos um elenco que se cruzou muito. Ganhamos grandes e fortes amizades.
Entrevista com Maria João
O que você achou de ‘Novo Mundo’ ter sido escolhida para voltar em edição especial?
Fiquei muito feliz quando soube. Foi uma novela muito acarinhada por todos. Nesse momento mais sensível será bom levar até o público uma história que seja leve, divertida e com mensagens bonitas. A novela reúne tudo isso e irá trazer algo positivo para todos.
Qual a importância dessa personagem na sua carreira?
Letícia foi muito especial para mim. Me permitiu mergulhar num universo fascinante, pesquisar e descobrir um novo mundo. Foi incrível estudar a realidade vivida pelos jovens naturalistas naquela época. Ter a possibilidade de conhecer o trabalho de tantos biólogos que no século XIX buscavam o conhecimento da natureza nas suas expedições, desempenhando uma tarefa de grande importância para a humanidade. Muitos arriscaram a própria vida e perderam a vida na busca desse conhecimento. Foi o caso da Letícia. Fiz uma viagem incrível.
De qual cena lembra com carinho?
Estou ansiosa pela cena da morte da personagem. Me exigiu muito, mas acho que ficou linda, pois passa uma mensagem muito bonita de amor e esperança. A Letícia sabia da importância da sua missão e de que sua morte não era em vão.  O que achei mais bonito na despedida foi exatamente essa noção de missão cumprida que ela passou também para o Ferdinando, para que ele continuasse a sua busca, mostrando-lhe que a sua missão era maior do que a vida. Foi uma homenagem a todos os biólogos que perderam as suas vidas na busca pelo conhecimento e pela evolução da humanidade.
Qual foi a cena mais difícil?
A cena mais difícil foi, sem dúvida, a cena da morte da Letícia. Eu e o Ricardo Pereira queríamos fazer uma cena bonita em que o amor deles se sobrepusesse à morte em si. Queríamos que fosse uma cena de amor e paixão, que representasse a vida e não a morte. Além disso foi uma cena muito longa, filmada na chuva, que nos exigiu física e emocionalmente.
Tem boas lembranças dos momentos das gravações?
O nosso elenco era incrível, houve sem dúvida um encontro muito especial entre todos. Estávamos muito felizes por contar aquela história, por levar ao público a história do Brasil. Lembro-me dos primeiros encontros nos workshops de preparação da novela, foi muito divertido e logo no início ficou bem claro que éramos uma equipe coesa e especial.
O que você tem ouvido dos amigos e do público desde que foi anunciada a volta da novela? 
Assim que soubemos começamos a mandar mensagens no nosso grupo e estávamos muito felizes com este regresso. O feedback do público também tem sido ótimo por poderem rever ‘Novo Mundo’, não só porque foi uma novela muito querida por todos, mas também porque, em breve, estreará a “sequência”, ‘Nos Tempos do Imperador’ e é muito interessante para o público seguir a história cronologicamente. Faz todo o sentido. ‘Novo Mundo’ foi uma novela de muito sucesso. É divertida, leve e penso que neste momento a gente precisa disso.

Tem alguma característica ou algo que aprendeu com a personagem que ficou para a sua vida?
O mergulho na realidade dos personagens é sempre muito interessante por tudo o que aprendemos sobre novos universos. Foi fascinante mergulhar no universo da Letícia, conhecer o trabalho realizado por tantos os biólogos, as suas descobertas e seus estudos fundamentais. É impressionante pensar na importância que o seu trabalho teve para o mundo e para a humanidade.
Quem você conheceu na novela e que mantém contato até hoje?
Uma das melhores memórias desta novela é o elenco e todas as relações que se criaram. Tivemos sem dúvida uma relação muito especial, tanto que até hoje mantemos contato constante através no nosso grupo do whatsapp do qual faz parte todo o elenco. Continuamos a partilhar as nossas vidas e a contar uns com os outros. Isso não acontece em todos os projetos. ‘Novo Mundo’ foi mesmo especial!

Anderson Ramos

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