Imagem/Divulgação Canal Brasil |
O entrevistado desta sexta-feira, dia 11/10, no “Cinejornal” do Canal Brasil é Gregório Duvivier. O ator, humorista, roteirista e escritor conversou com Simone Zuccolotto sobre sua participação em “A Vida Invisível”, de Karim Aïnuz. No filme escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar, é de Gregório o principal masculino. Mas trata-se, propositalmente, de um papel secundário. Isso porque a trama conta a história de duas irmãs com personalidades e destinos radicalmente opostos e reserva a elas o protagonismo.
Na trama, que se passa na década de 40, Gregório vive Antenor, marido da introvertida e talentosa musicista Eurídice. O filme bate muito na tecla do machismo, mostrando como ele tornava e torna a vida das mulheres invisível, como as anula.
“Quando a gente vive um personagem dessa época, mais do que julgá-los sob os olhos de hoje, é interessante vivê-los e entende-los como também vítimas da própria história e da própria época. Porque esse homem que relegava a mulher à coadjuvância, ele tinha uma existência muito triste também, e miserável. No caso do Antenor, por exemplo, ele tinha uma expectativa de família, que tinha sido vendida pra ele como ideal, em que a mulher servia a ele. E quando a mulher, por acaso, tem algum desejo de individualidade e de subjetividade, aquilo pra ele é uma fonte de infelicidade e de miséria. O momento hoje é um momento de ‘Antenores’ percebendo que a expectativa da família tradicional brasileira é uma ilusão, e a expectativa de um determinado Brasil que lhe foi vendido é uma ilusão, e que esse conservadorismo, isso que ele quer conservar, talvez nunca tenha existido. E esse é momento que estamos vivendo: em que supostos conservadores tacam fogo na Amazônia, em que supostos conservadores postam vídeo de golden shower. O momento agora é de cair a máscara desse conservadorismo, que é o conservadorismo que castra muito mais do que conserva”, declara Gregório.
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