Martha Medeiros fala sobre crônicas e carreira no Trilha de Letras desta terça na TV Brasil

Divulgação TV Brasil
Para celebrar os 25 anos de trajetória literária, a escritora Martha Medeiros participa do programa Trilha de Letras que a TV Brasil exibe nesta terça (16), às 23h30. No bate-papo, ela conversa com a apresentadora Katy Navarro sobre o lançamento de uma coletânea de suas crônicas mais expressivas. 

O livro "O Meu Melhor" é uma edição comemorativa que reúne seus principais textos. Trata-se de uma antologia com cem dos conteúdos mais populares da obra de Martha que foram escolhidos pela própria autora. "Selecionei cem colunas que são um retrospecto da minha carreira", explica a também jornalista e roteirista.

Durante a entrevista, Martha Medeiros reflete sobre temas da rotina que aborda em suas publicações como invisibilidade e exposição nos tempos atuais. Ela explora essas perspectivas seja em produções curtas ou trabalhos mais extensos.

Premiada no país e no exterior, a convidada discute esses assuntos polêmicos em seus textos. "Estamos vivendo justamente a era da exposição, do espetáculo. Acho que o que está invisível é a nossa angustia e solidão", pontua a escritora, considerada uma das principais cronistas do país.

Com mais de 30 títulos publicados, Martha Medeiros já conquistou o Prêmio Jabuti. A obra da autora percorre não só as crônicas, mas também poesias. A pluralidade de seu olhar a instigou também a redigir romance, livro voltado para o público infantil e até guia de viagem.

Repercussão dos livros e crônicas

Caracterizado por uma linguagem simples, que parece uma conversa com o leitor, o texto de Martha conquista cada vez mais fãs. O acervo de Martha reúne publicações conhecidas como os títulos "Divã", "Doidas e Santas" e "Feliz Por Nada" que se tornaram best-sellers.

Os livros da escritora abordam situações da vida e do cotidiano. A partir de temas corriqueiros que instigam a identificação do público, essas obras ganharam adaptações para outras plataformas como cinema, teatro e televisão.

Ela analisa como sua forma de trabalho proporciona essa relação íntima como o leitor. "Quando estou escrevendo busco entender o que sinto sobre aquele assunto que elegi. Depois compartilho através das colunas e descubro que todos nós temos os mesmos dilemas", pondera.

Martha comenta como as crônicas abordam as relações humanas e mexem com os sentimentos das pessoas. "A magia da identificação é incrível. Acho que a crônica permite isso", sugere a renomada autora.

"A crônica é o gênero literário que mais cria vínculo com o leitor porque é reproduzida no jornal geralmente no mesmo espaço com uma frequência definida. A pessoa cria uma expectativa para ler, desenvolvem uma sensação de amizade e nos consideram da família", enfatiza sobre a proximidade percebida pelo público.

Idealização de imagem nas redes sociais

Ao abordar a dialética do isolamento e da exposição, Martha reflete sobre o uso das redes sociais para projetar uma imagem. "A gente mostra um lado meio fake de felicidade, muitos sorrisos, ângulos maravilhosos, viagens e amores. Está todo mundo propagando pelas redes sociais a parte boa da vida", avalia Martha que condena sentimentos como a inveja.

Para a autora convidada do Trilha de Letras, é preciso mostra que a imperfeição faz parte da rotina. "Tem pouca gente falando sobre o que dá errado. Isso cria um desnível porque a vida não é esse 'oba-oba'. Ela também é erros e fracassos. E isso está ficando tão escondido que a gente não sabe lidar com esses reveses e entra em depressão", completa.

A atração literária da emissora pública mostra que no mundo contemporâneo existem aqueles que querem se expor, mas também aqueles que preferem se esconder. Além disso, tem muita gente por aí que não está sendo nem vista na nossa sociedade.

Outras participações.

Para investigar o assunto, o programa também consulta a escritora Eliana Alves Cruz para saber se essa invisibilidade no mundo digital reflete o que acontece na vida real. Para ela, em determinados ambientes virtuais é criada uma realidade muito fictícia.

"Acho que não existe um mundo online sem o real. É um reflexo da nossa sociedade e do nosso tempo. As pessoas que são naturalmente invisibilizadas de um lado também serão do outro ou terão sua imagem muito distorcida com um olhar que não corresponde à verdade.", sugere a autora Eliana Alves Cruz.

No quadro "Leituras", a produtora Maíra de Assis comenta a invisibilidade social. Para discutir o assunto, ela fala sobre o livro "Quarto de despejo", de Carolina Maria de Jesus, e lê um trecho da obra que revela a rotina da favela.

O Trilha de Letras traz, ainda, a participação escritor Milton José Junior no quadro "Dando a Letra", espaço do programa que confere visibilidade aos novos autores. O convidado aborda sua trajetória literária e os trabalhos de incentivo a leitura que já realizou.
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