Elizângela Castelo Branco ficou conhecida em todo país quando apareceu ao lado de Jair Bolsonaro durante a campanha e atraiu os holofotes durante o pronunciamento da vitória. Chegou a ser alvo de brincadeiras na internet por causa das expressões faciais usadas na interpretação de libras do discurso. Ela diz que não ficou chateada e que o episódio foi proveitoso. Elizângela é a entrevistada do Conversa com Roseann Kennedy que vai ao ar nesta segunda (3), às 21h15, na TV Brasil.
"A gente está podendo falar, está podendo desmistificar, podendo educar e ensinar as pessoas. Pela primeira vez na história, os surdos puderam participar de todos os momentos dessa eleição. Os surdos puderam ver e acompanhar as propostas desses presidentes, nos debates, nas emissoras. E a cereja do bolo foi no pronunciamento. Após ser eleito, o presidente ter uma intérprete ao lado", diz Elizângela orgulhosa.
Com grande engajamento na causa das pessoas com deficiência, bandeira defendida também pela primeira dama Michele Bolsonaro, Elizângela começou a carreira de forma despretensiosa, em cultos religiosos. Hoje é coordenadora do ministério Incluir da Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro. Na entrevista, ela fala da necessidade de inclusão da comunidade surda no país.
Carioca e pedagoga, hoje é professora de libras da UFRJ e intérprete há mais de 20 anos. No Facebook, curte a página "BolsoSurdos" que apoia o presidente eleito Bolsonaro e vê com bons olhos a participação e a inclusão política desta comunidade. "Eu vejo que isso é empoderamento da comunidade surda. Assim como a direita fez, a esquerda também. E fizeram ao mesmo tempo", analisa.
Ao falar de seu trabalho, ela relembra experiências pitorescas de sua carreira. "Já interpretei parto, foi muito emocionante! Nesse caso, o pai e a mãe eram surdos. E os próprios médicos estavam inseguros." Mesmo com uma área de atuação promissora que inclui a interpretação de libras em congressos, na área educacional, jurídica e da saúde, Elizângela ressalta a importância desse trabalho através de um alerta:
"Muitos surdos são medicados equivocadamente, porque às vezes, eles vão sozinhos para o médico e o médico pensa que entendeu". Para ela essas pessoas precisam ser ouvidas e entendidas. "No caso médico isso é muito sério. Surdos morrem, surdos são presos porque às vezes foram pegos em algum lugar suspeito e eles não podem se defender."
Por fim, a intérprete diz que a situação dos surdos no país precisa ser revista e repensada. "Os surdos são brasileiros, mas vivem como estrangeiros dentro do seu próprio país. Porque a maioria das pessoas não conhecem a língua de sinais."
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