Com 60 anos de carreira e quase 80 de vida, o ator Antônio Pitanga é um dos principais nomes do cinema, teatro e televisão no país. Foi um dos únicos atores negros durante o período do Cinema Novo e fez história ao dirigir o longa "Na boca do mundo" (1979), considerado um marco no cinema negro brasileiro. Antonio Pitanga é o convidado do programa Atos, que vai ao ar no domingo, dia 30, às 20h30, na TV Brasil.
Com mais de cem filmes, novelas, séries e especiais no currículo, Pitanga falou sobre sua trajetória artística, sempre permeada de consciência política. “Eu nunca pensei em ser referência, mas a idade vai nos dando conhecimento e maturidade para olhar no retrovisor e constatar que fiz uma bela caminhada”, diz o ator, na conversa com um grupo de alunos da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), mediados pelo professor e diretor teatral Antonio Gilberto.
No bate-papo, Pitanga revela quem são suas referências artísticas desde que iniciou a carreira. Ele cita Ruth de Souza, Abdias do Nascimento, Grande Otelo, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Sérgio Britto, Othon Bastos, entre outros. “Eu bebo muito na fonte dos meus colegas, eu aprendo muito vendo espetáculos dos meus colegas. Gosto muito de ir ao teatro e ao cinema”, conta.
Durante o encontro, Pitanga fala do início da sua carreira no cinema ainda em Salvador, reflete sobre a relação entre juventude e maturidade, destaca a importância do teatro na formação dos atores e reverencia o cineasta Glauber Rocha. “Tenho uma maneira muito particular de trabalhar meus personagens independente de ser urbano, rural, de época. Eu vou para as ruas. Vou para a multidão. Lá eu consigo entender que universo é esse. São mil vozes e rostos. Começo a trabalhar no entender do ser humano, das suas manifestações e reações. Isso me agrada e me dá paz”, afirma.
Pai da atriz Camila Pitanga e do ator Rocco Pitanga, o ator conta como se prepara para entrar em cena. Também faz exercícios de corpo e passa referências para o grupo. “Sou muito peralta nesse negócio de exercício, alongamento. Gosto de chegar uma ou duas horas antes [da peça começar]. Ir ao camarim. Gosto de visitar o palco. Fazer minha dança, minha capoeira. Quando eu volto ao camarim já estou um pouco inebriado, olho o texto novamente e entro em cena.”
No final do episódio, Pitanga é homenageado pelos atores-alunos que interpretam uma cena do filme "A Grande Feira " (1961), do diretor Roberto Pires, no qual Pitanga viveu o personagem "Chico Diabo".
Tags
Programação